Biden assina lei que autoriza aumento do limite da dívida nos EUA

Sem um acordo, país corria risco de entrar em default, deixando de pagar suas obrigações. Biden discursa em 1º de junho de 2023
Andrew Harnik/AP
O presidente americano Joe Biden assinou a lei que autoriza o aumento do limite da dívida dos Estados Unidos neste sábado (3).
Segundo informações da France Presse, na sexta, em um pronunciamento no Salão Oval, ela já havia anunciado que faria isso para eliminar a ameaça “catastrófica” de um default da maior economia do mundo.
Em horário nobre na televisão e atrás de sua mesa histórica, Biden garantiu, ao vivo e em rede nacional, que o acordo bipartidário foi um compromisso no qual “ninguém conseguiu o que queria”.
“Encontrar um consenso além das diferenças partidárias é difícil. A unidade é difícil, mas nunca devemos deixar de tentar”, afirmou o democrata de 80 anos em seu breve pronunciamento.
Sem um acordo, os Estados Unidos corriam o risco de entrar em default, deixando de pagar suas obrigações a partir de segunda-feira, 5 de junho, a data-limite estabelecida pelo Tesouro.
Isso provavelmente desencadearia pânico nos mercados, enormes perdas de emprego e uma recessão, com implicações mundiais. “Nada teria sido mais irresponsável e catastrófico”, disse o presidente.
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Reputação arranhada
Nos Estados Unidos, os presidentes sempre reservaram os discursos no Salão Oval para momentos de grave perigo ou de importância nacional.
Contudo, mesmo que a Câmara dos Representantes e o Senado tivessem deixado de lado suas diferenças e chegado a um acordo de última hora, a reputação da economia de Estados Unidos acabou arranhada.
A agência de classificação de risco Fitch mantém a perspectiva negativa para a nota de crédito “AAA” dos Estados Unidos. Essa classificação só deve ser revista no terceiro trimestre de 2023.
A agência assinalou em comunicado que avalia “todas as implicações do mais recente episódio de políticas arriscadas e as perspectivas a médio prazo para as trajetórias fiscais e de dívida”.
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Negociações difíceis
Nesta semana, o Congresso dos Estados Unidos aprovou o projeto de lei que suspende o teto da dívida federal do país até janeiro de 2025, o suficiente para passar pela disputa presidencial de 2024 sem que haja uma nova queda de braço.
Além disso, estabelece certos limites para os gastos federais e prevê um corte de 10 bilhões de dólares (R$ 49,5 bilhões) nos recursos destinados ao fisco para modernização e intensificação de controles.
Biden, que tentará a reeleição em 2024, vê a dramática resolução desta crise política como uma vitória, ao demonstrar sua capacidade de negociação.
O presidente aproveitou a ocasião para projetar um tom de confiança e calma. Em um discurso temperado com risadas e sorrisos, Biden louvou seus adversários por negociarem de boa-fé e confessou aos americanos que jamais havia se sentido tão otimista.
O Congresso, prosseguiu o mandatário, agora preserva “a fé completa e o crédito dos Estados Unidos”.
A decisão é o resultado de semanas de negociações árduas entre Biden e o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy. Os democratas acusavam seus adversários de fazer a economia americana de “refém” ao insistir nos cortes de gastos para acompanhar o aumento do teto da dívida.
Em seu discurso, Biden elogiou McCarthy, um político leal por muito tempo ao ex-presidente Donald Trump, a quem Biden derrotou em 2020 e que deseja retornar à Presidência em 2024.
“Quero elogiar o ‘Speaker’ [presidente da Câmara] McCarthy. Vocês sabem, ele e eu, nós e nossas equipes, conseguimos nos dar bem, fazer as coisas”, disse Biden, ao mesmo tempo em que classificou os negociadores republicanos de “completamente honestos e respeitosos uns com outros”.

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