Famílias de Campinas esperam há anos imóveis vendidos por associação e que jamais saíram do papel

Há clientes que fecharam contrato em 2015, investiram R$ 20 mil e denunciam golpe dos vendedores. Associação além embargo em um dos casos, necessidade de retificação de área e cobranças à CDHU. Moradores de Campinas (SP) que investiram suas economias para realizar o sonho da casa própria denunciam que teriam sofrido golpe de uma associação que negociou a venda de imóveis em três bairros da metrópole. Há contratos firmados desde 2015, de clientes que investiram mais de R$ 20 mil, mas os empreendimentos jamais saíram do papel.
Os empreendimentos seriam construídos nos bairros Jardim do Lago 2, Jardim San Diego e Vila Padre Anchieta. Panfletos sobre os imóveis negociados na planta atraíram muitos clientes, como foi o caso de Adriano Prudêncio, analista de TI.
“Achei bacana o valor, chamativo. Entramos em contato e marcaram uma reunião conosco. Já deram prazos, planos”, recorda Prudêncio, que chegou a investir R$ 20 mil no negócio.
Ana Paula também fechou com a negociação para um sobrado no Jardim do Lago 2. No terreno onde seria a construção, há apenas mato alto.
“Dei 14 cheques de R$ 1,5 mil, mas depois comecei a investigar e vi que tinha muitas pessoas ali na espera, pessoas antes de mim, há uns dez anos”, conta.
Ana Paula parou de pagar após um ano e acionou a Justiça. Ela afirma que ganhou a causa, mas mesmo após acordo, a Associação não cumpriu o prazo de pagamento por alegar falta de recursos.
“Eu quero justiça, porque eu vejo que ele continua aplicando esse mesmo golpe. Eu gostaria muito que ele não enganasse mais ninguém. O meu dinheiro acho que tá perdido, infelizmente. Lógico que todo mundo queria o dinheiro de volta. Mas a questão hoje nem é mais essa. Fazer com que ele pague e pare de fazer isso com outras pessoas. Ele continua enganando muitas pessoas por ai”, diz.
Terreno no Jardim do Lago 2, em Campinas (SP), onde seria construído empreendimento imobiliário
Reprodução/EPTV
O que fazer?
Especialista em direito do consumidor, a advogada Andreia Gomes de Oliveira orienta que na hora de fechar negócio, a primeira coisa que a pessoa deve apurar são as condições do empreedimento.
“Se tem aprovação na prefeitura, se a empresa é idônea. Também verificar se todos os dados da venda estão no contrato. Tudo o que foi prometido, valores, data de entrega, tem que estar no contrato”, orienta.
Em caso de atraso e falta de informações sobre o cumprimento do contrato, a especialista orienta que o consumidor deva procurar por um advogado e entrar na Justiça com uma ação rescisória.
“Daí você vai fazer o pagamento das parcelas em juízo. Não deixe de pagar as parcelas. A partir do momento que deixar de pagar, vai se tornar devedor do contrato. Mas quando entra com a ação e paga em juízo, o juiz vai analisar a situação e em uma eventual sentença, fazer devolver o que já pagou e as parcelas que depositou em juízo voltam para você”, explica.
O que diz a associação?
Em nota, a Associação Residencial Jardim São Pedro, responsável pelos imóveis não entregues, informa que as obras do projeto no Jardim San Diego foram embargadas pelo Ministério Público Federal em razão de irregularidades, e que busca uma saída para esse impasse. O texto ressalta que a associação, na medida do possível, está devolvendo o dinheiro aos clientes que pediram distrato ou entraram com ações na Justiça.
Em relação ao empreendimento na Vila Padre Anchieta, a Associação disse que está tentando a retificação da área para retonar o projeto, enquanto no Jardim do Lago 2, defendeu que iniciou a construção de 200 unidades habitacionais no ano passado e que a responsabilidade é da CDHU, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado, com a qual disse ter convênio.
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