Brasil tem mais de 1 milhão de escravos contemporâneos, estima ONG Walk Free

Trabalho forçado está presente nas indústrias de roupas, carne, cana-de-açúcar, madeira e café no Brasil, aponta entidade internacional. Local onde trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados em maio de 2023, em Goiás
Divulgação/MPT-PI
O Brasil tem 1.053.000 pessoas em situação de escravidão contemporânea, de acordo com a Fundação Walk Free. Isso significa que cinco em cada mil habitantes do país (0,5%) são submetidos ao trabalho ou ao casamento forçado, estima a ONG.
Apesar do número elevado, a proporção de escravos em relação à população brasileira (212 milhões de pessoas) é considerada de baixa a média. O estudo abrange 160 países.
Proporcionalmente, a Coreia do Norte tem o maior índice de escravos contemporâneos, 10,4% da população, seguida por Eritreia (9%), Mauritânia (3,2%), Arábia Saudita (2,1%) e Turquia (1,5%).
Ao todo, no mundo, a Walk Free estima que existam 50 milhões de pessoas nessas condições – dez milhões a mais do que cinco anos antes. Dessas, 28 milhões estariam em trabalhos forçados e 22 milhões, em casamentos forçados.
Os dados são do Índice de Escravidão Global 2023, divulgado na última quarta-feira (24) pela Walk Free com base em dados levantados em 2021.
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O estudo aponta a responsabilidade dos países do G20, os 20 mais industrializados do mundo, pela compra de US$ 468 bilhões anuais em produtos com risco de origem no trabalho escravo.
O Brasil importa US$ 5,6 bilhões desse total, mas também é exportador de roupas, carne, cana-de-açúcar, madeira e café com possível trabalho escravo na cadeia de produção.
Segundo a entidade, o governo brasileiro dá alguma resposta aos crimes de escravidão em 51% dos casos. O documento cita iniciativas como a Lista Suja do Trabalho Escravo, mas registra que muitas empresas têm conseguido evitar punições.
“A escravidão contemporânea permeia todos os aspectos da nossa sociedade, passando pela produção de nossas roupas, eletrônicos e alimentos. É uma manifestação da extrema desigualdade”, afirma a co-fundadora da Walk Free Grace Forrest.
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