‘Pobres Criaturas’: filme com espécie de versão feminina de Frankenstein estreia no Brasil

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A produção já ganhou dois Globos de Ouro, um Leão de Ouro e recebeu 11 indicações ao Oscar. Willem Dafoe, Emma Stone e Mark Ruffalo são alguns dos atores que compõem o elenco. ‘Pobres Criaturas estreia no Brasil
TV Globo/ Reprodução
Uma moça com atitude de criança, quase sempre selvagem e com um apetite voraz para conhecer o mundo sem julgamento moral. Assim é a personagem principal do filme “Pobres Criaturas”, uma espécie de versão feminina do clássico Frankenstein e que já chegou ao Brasil aclamada pela crítica.
Bella, nome da personagem principal, não é como as outras criaturas do filme. “Pobres Criaturas” é uma produção fora do normal, com uma estética estranha: ângulos diferentes e uma trilha desafinada.
Essa linguagem própria pode ser observada ainda mais de perto pelo público através das lentes “olho de peixe”, usadas na produção da obra. A sensação é de desorientação em uma história sobre orientações em excesso.
Bella ganha vida após ser eletrizada. Ao acordar, todos os dias ela busca por único propósito na vida: se descobrir.
A personagem, interpretada por Emma Stone, não tem nenhum traço de inibição. Em entrevista ao Fantástico, a atriz vencedora de mais de 30 prêmios e um Oscar contou que com ela é diferente, já que o crítico interior está vivo.
“Atuar para mim é um pouco como uma terapia de choque contra essa voz que te bota pra baixo. Eu tive crises de pânico quando era criança e interpretar me ajudou, porque você é obrigada a estar presente – não dá para ficar pensando em outras coisas em cena (…) A minha personagem é tão sem julgamentos e sem vergonha que eu meio que fui forçada a entrar nesse estado mental”, disse a atriz.
Nenhuma norma social resiste a tanta espontaneidade. Bella não é recatada e nem do lar: fugiu com quem deu pela primeira vez o que chama de “saltos furiosos”. Mas nunca aceitou a posição de inferioridade.
Ao experimentar o Mundo, ela fala em voz alta aquilo que alguém pensa, mas ninguém diz.
O constrangimento atravessa as cenas. Na plateia, é possível ver que as pessoas não desciam o olhar e espiam tudo boquiabertos até abrir o sorriso com a personagem que sapateia nos tabus.
Bella não fecha as pernas, o corpo dela também fala o que tem vontade. Até o personagem mulherengo vaidoso, que queria uma boneca dócil, se submete. O ator Mark Ruffalo explicou que as cenas são resultado de uma preparação incomum como o filme.
“A gente passou três semanas de ensaio sem se preocupar com o roteiro. Foram jogos teatrais em que a gente cantava, se abraçava e tinha que segurar o outro pra pessoa não cair”, contou o ator que interpreta o personagem Dunca Wedder.
“Foi muito solto e isso criou um companheirismo (…) essa intimidade que os atores construíram aparece de alguma forma na história. No fim das contas, o filme é sobre a liberação. Sobre a possibilidade de repensar o que a gente dá como certo e encontrar o seu próprio jeito”, completou Willem Dafoe.
Ainda no filme, Bella encontra um caminho que passa por lugares de cores vivas. O figurino e a cenografia costuram o passado com o presente no século 19 do futuro.
O caleidoscópio quebra a monotonia de Hollywood. Ninguém estranha o sucesso do filme esquisito.
“Pobres Criaturas” já ganhou dois Globos de Ouro, um Leão de Ouro e recebeu 11 indicações ao Oscar. É um filme para todos mergulharem. Só que o espectador mais atento embarca em discussões filosóficas – tem a chance de desaprender com o aprendizado da Bella.
A história é sobre um monstro que se humaniza ou sobre a luta contra uma sociedade que desumaniza. O experimento é na verdade a beleza da experimentação – a vida pode ser formidável.
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