‘Arma na cara’: motoboy é ameaçado por cliente que não pagou pelo pedido em SP

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Um grupo de 50 motoboys protestou na tarde de sábado (13), no Marapé, em Santos. A mobilização ocorreu porque um entregador foi ameaçado com uma arma de fogo na noite de sexta-feira (12), ao cobrar por um pedido feito pelo iFood, cujo pagamento realizado por meio do aplicativo havia sido cancelado. Vendo que o cliente estava armado com uma pistola, ele gravou a ação.

Nas imagens, é possível ver os dois já discutindo em frente ao prédio e o homem com uma pistola na mão. Quando ele percebe que está sendo gravado, guarda a arma e pega o celular.

O motoboy Wilton Fergusun dos Santos Silva, 22 anos, contou que trabalha como entregador há cinco meses para uma lanchonete na Vila Mathias e que, na quinta-feira, foi entregar o pedido feito por meio do aplicativo .

No histórico do iFood, é possível ver que o pedido foi feito às 23h39 e despachado às 23h54. Mas o aplicativo registrou a conclusão somente às 4h29. E às 4h40 o pedido foi cancelado e o pagamento devolvido. O motivo: “pedido não foi entregue”. “Eu entreguei para ele à 0h03”, afirma Wilton.

No dia seguinte, Wilton voltou à casa do cliente cobrando o valor da compra (R$ 45,00, por um lanche e um açaí), quando as ameaças aconteceram.

“Ele falou que não tinha cancelado nada, que não ia descer, aí eu falei ‘então tá bom, vou chamar a polícia’. Aí desliguei o interfone e liguei para meu patrão. Enquanto estava falando com meu patrão, eu olho para trás e ele já estava na portaria, sacou a arma e começou a me ameaçar”, conta.

Foi nesse momento que o motoboy começou a gravar. “Antes disso, começou a falar ‘tu acha (sic) que eu tô brincando aqui, que eu vou me sujar por causa de R$ 50,00? Olha o que eu tenho aqui’ e apontou a arma na minha cara”, afirma o motoboy. Nas imagens é possível o cliente com a arma para baixo. Depois dessa discussão, Wilton chamou a polícia. Quando chegou ao local, o homem já tinha voltado para o apartamento.

Por telefone, a Polícia Militar (PM) informou para A Tribuna que, quando chegou ao local, falou com o homem acusado de ameaça. Para a PM, ele disse que teria o registro da arma, mas quando subiu ao apartamento para buscar os documentos, não voltou mais.

A Tribuna entrou em contato com o cliente, que informou que o motoboy ameaçou invadir seu apartamento, alegando que ele não tinha feito o pagamento do pedido. No entanto, ele afirma que pagou e que não solicitou o cancelamento, mas isso ocorreu por erro da plataforma. Questionado sobre a arma, ele disse que todas as informações já foram entregues à Polícia Civil.

Em nota, o iFood afirmou que repudia de forma veemente quaisquer atos de agressão física, ofensas ou manifestações de preconceito, assédio, bullying e incitação à violência a entregadores e entregadoras.

“Por isso, após as evidências apresentadas, o cliente em questão foi banido definitivamente da plataforma. Esclarecemos que o entregador não é cadastrado na plataforma do iFood e atua diretamente com o restaurante que utiliza uma rede própria de entregadores para realizar o delivery”.

O iFood afirma que realizou contato com o estabelecimento, se colocando à disposição para realizar o acolhimento ao entregador, se necessário, além de prestar orientações sobre o registro de um boletim de ocorrência.

“Ressaltamos que todos os clientes que tiverem esse tipo de atitude com entregadores serão automaticamente excluídos da plataforma, mesmo que ela ocorra fora do ambiente do iFood. A empresa não tolera esse tipo de comportamento”

A empresa citou ainda que o pedido foi cancelado pelo cliente, que alegou atraso na entrega.

Manifestação – O vídeo compartilhado nas redes sociais causou revolta aos trabalhadores da categoria, que fizeram uma manifestação na tarde de ontem, em frente ao prédio do cliente, no Marapé. Cerca de 50 motoboys foram ao local e fizeram um buzinaço com cartazes que pediam justiça. A ação, que durou uma hora, foi pacífica e acompanhada pela Polícia Militar.

Em nota, o presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas e Ciclistas (Sindimoto Baixada Santista), Alessandro Monteiro, disse perceber que, após um período de valorização do serviço prestado no período mais crítico da pandemia, “a categoria voltou a ser humilhada e desprezada”.

“Tudo isso, somado à condição geral do País que não é boa desde outros governos, leva ao grito de explosão da categoria, que achou essa maneira de manifestar toda sua indignação com esse descaso de todos os lados”, conclui Monteiro.

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