Maternidade e empreendedorismo: conheça a história de mães que se reinventaram no mercado de trabalho em São Luís

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Maria de Lourdes Fonseca, de 46 anos, e Amanda Lícia, de 30 anos, são exemplos de resiliência. Maria de Lourdes Fonseca (à esquerda) e Amanda Lícia (à direita) se reinventaram no mercado de trabalho
Montagem/g1
Conciliar maternidade e carreira não é uma tarefa fácil. Se dedicar ao mesmo tempo a criação dos filhos, aos cuidados com a casa e ao trabalho é um desafio cheio de obstáculos. Por isso, muitas mães acabam desistindo de seus empregos.
Dados de uma pesquisa realizada pela Catho, empresa especializada em recrutamento de profissionais, revelam essa realidade: 30% das mulheres deixam o mercado de trabalho para cuidar dos filhos.
Apesar das várias dificuldades pelo caminho, mães como a Maria de Lourdes Fonseca, de 46 anos, e Amanda Lícia, de 30 anos, não desistiram. Pelo contrário, a maternidade se tornou um impulso para se elas reinventarem no mercado de trabalho em São Luís.
“Desistir nunca foi uma opção”
Maria de Lurdes é proprietária de um ateliê de alta-costura
Arquivo pessoal
Mãe do Mychaeel Fonseca dos Santos, de 28 anos, e do Daniel Vinicius Fonseca Sousa, de 12 anos, Maria de Lurdes é estilista e proprietária de um ateliê de alta-costura na capital maranhense. No entanto, a trajetória até a conquista do próprio negócio foi repleta de adversidades.
Antes de começar a trabalhar com moda, a empreendedora não tinha emprego e morava com os filhos em uma casa pequena, sem piso e com apenas dois compartimentos. Buscando dar a eles melhores condições de vida, Maria de Lurdes decidiu, em 2012, “acordar” o sonho antigo de se tornar estilista.
“O que me fez persistir nesse sonho e nunca desistir é porque era com ele que eu poderia dar uma vida melhor para os meus filhos, dar a volta por cima do que eu estava passando, e conseguir o meus objetivos que eu sempre sonhei para a minha vida, que foi terminar de construir a minha casa, dar uma escola boa para os meus filhos e viver de maneira confortável”, disse em entrevista ao g1.
Maria de Lurdes e seu primogênito, Mychaeel Fonseca
Arquivo pessoal
De início, ela realizava somente conserto de peças, utilizando uma máquina de costura emprestada. Mas a empreendedora almejava mais – queria trabalhar com moda sofisticada.
“Eu comecei com conserto e aí eu vi que aquilo não era o que eu sonhava pra mim”, contou.
Persistindo no sonho, Maria de Lurdes começou a estudar e se a especializar na alta-costura. Quando ia para cursos, ela sempre levava os filhos consigo, já que não tinha com quem deixá-los. Apesar das dificuldades, a estilista não desistiu. Com empenho e dedicação, ela passou a produzir suas próprias peças e, mais tarde, criou o ateliê “Lu Fonseca”.
“A trajetória foi muito difícil, mas desistir nunca foi uma opção. Eu precisava criar meus filhos de maneira honesta e lutar muito. Cheguei ao patamar de ser estilista e de criar as minhas próprias peças, participei de eventos, encontrei pela estrada pessoas que me estenderam a mão e me ajudaram a levantar”, disse.
Maria de Lurdes no início de sua carreira como estilista
Arquivo pessoal
A conquista do próprio negócio, segundo Maria de Lurdes, só foi possível pelos seus filhos, que sempre a impulsionaram a continuar mesmo nos momentos mais difíceis.
“Eu costumo dizer que os filhos são presenteados por Deus a uma mãe como um manto de vitória e de batalha, e não de desistência. Sem os meus filhos, eu vejo hoje que tinha 90% de chance de não ter chegado onde cheguei, porque meus filhos sempre me impulsionaram. Eles sempre foram a minha rocha, o meu forte”, afirmou.
“Precisamos nos fortalecer”
Amanda Lícia é criadora de conteúdo e idealizadora da feira “Entre Mães”
Reprodução/Redes Sociais
Já a criadora de conteúdo, Amanda Lícia, fortalece e incentiva mães empreendedoras como a Maria de Lurdes. Em parceria com sua sócia, Patrícia Carvalho, ela criou a “Entre Mães”, maior feira de negócios liderada por mães e mulheres no Maranhão. Proporcionando network, conteúdo e vendas, a “Entre Mães” nasceu em 2021, e hoje já conta com 84 expositoras.
Amanda Lícia é mãe dos pequenos Benício, de cinco anos, e Bento, de dois anos. Assim que engravidou do primeiro filho, ela conta que se sentiu perdida no “mundo” da maternidade. Buscando ajudar outras mães que também se sentiam da mesma forma, ela começou a compartilhar em suas redes sociais cada novo aprendizado sobre esse “universo” tão desafiador.
“Eu caí de paraquedas na maternidade, a minha gravidez não foi planejada e eu não tinha rede de apoio. Tinha muitas dúvidas e muito medo de tudo. Então tudo que eu ia aprendendo eu ia passando para outras mães, que também se sentiam perdidas”, disse.
Amanda é mãe dos pequenos Benício e Bento
Reprodução/Redes Sociais
Além disso, Amanda criou três grupos de apoio voltados para gestantes, puérperas e mães empreendedoras. Este último, segundo ela, foi motivado pelo fato de que muitas mães são demitidas após a licença-maternidade ou deixam seus empregos para cuidar dos filhos.
“Eu tive a ideia, em 2017, de criar o primeiro grupo ‘Diário de Gravidez’, que é um grupo de rede de apoio em que a gestante se conecta com outras, tira dúvidas e tem encontros. Depois que ela tem o bebê, migra para outro grupo, o das puérperas. Lá a gente fala sobre pós-parto, relacionamento pós-parto, cuidados com a criança e educação. Depois de dois anos mais ou menos, ela vai passar pra outro grupo, que é o de mães empreendedoras”, explicou.
A partir do grupo de apoio para mães empreendedoras, a criadora de conteúdo teve a ideia de fazer uma feira de negócios com esse público. A primeira edição da “Entre Mães”, realizada em 2022, contou com a participação de 32 expositoras. Já a segunda, realizada neste ano, teve 84 expositoras, sendo que cerca de 80% dos empreendimentos apresentados são liderados por mães e mulheres.
Amanda Lícia e Patrícia Carvalho na feira “Entre Mães” deste ano
Reprodução/Redes Sociais
“A princípio, era uma coisa bem pequena, mas sempre agregando muito valor para aquelas que participavam. A gente fez a primeira edição com 32 expositoras, nada muito grandioso. Hoje a Entre Mães, com menos de uma ano de empresa, tomou essa proporção toda”, contou.
Amanda Lícia conta que o objetivo da feira é promover o fortalecimento e a união entre mães, como o próprio nome já sugere, uma vez que conciliar maternidade e carreira não é uma tarefa fácil.
“Sabemos que não é fácil conciliar maternidade e carreira. Se a gente se unir, comprar uma da outra, e se divulgar, conseguimos nos fortalecer. A gente fala que a Entre Mães é que nem coração de mãe, sempre cabe mais um”, disse.
*Sob supervisão de Márcia Carlile, g1 MA

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