“Minha filha veio para confirmar a cura”, diz advogada após câncer

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O Dia das Mães tem sabor de muitas vitórias para a advogada Vanisa Glaucya, de 45 anos. Ela comemora a data ao lado das filhas Sophia, 9 anos, e Manuella, 2 anos e 4 meses, e do marido, Lucas Pereira, 50. Cinco anos depois de ser diagnostica com um câncer de mama, segurar a filha pequena nos braços e estar entre família é motivo de muita alegria para a brasilense.

“Tenho convicção de que sou um milagre. A Manuella veio para confirmar a minha cura. Ela é a materialização disso”, afirma. Vanisa se descobriu grávida depois de passar por um tratamento e ter indicação médica para a retirada dos ovários e trompas.

O diagnóstico de câncer de mama ocorreu 40 anos, depois de uma arrumação em casa. “Estava fazendo uma limpeza no maleiro do armário e me desequilibrei, cai em cima da cama com a mão esquerda sobre o seio direito para me proteger. Nesse momento, senti algo rígido na mama. Aquilo me assustou muito”, recorda.

Exames feitos no dia seguinte mostraram a presença de dois nódulos no local. Uma biópsia confirmou o diagnóstico de câncer de mama. Uma investigação mais aprofundada mostrou que a advogada apresenta a mutação no gene BRCA1, que aumenta o risco de desenvolvimento de tumores nas mamas e nos ovários.

“Saí da consulta sem chão. A minha filha mais velha tinha acabado de fazer 4 aninhos e eu só pensava nela. Em questão de segundos imaginei como seria daquele dia em diante. Pensei que iria fazer tudo o que fosse preciso por ela. Tomaria o remédio amargo que tivesse que tomar”, conta emocionada.

Vanisa encarou o tratamento como uma prova de corrida, em que encontrar a linha de chegada representava vencer a doença. “Só não imaginava que participaria desse tipo de maratona na metade da vida”, afirma.

O tratamento começou com quimioterapia em maio de 2018. Ela lembra das dificuldades para atravessar as sessões vermelhas – com reações mais fortes, incluindo enjoo, vômitos, dor de cabeça – tentando blindar a filha. “Eu me esforçava para levar a vida como se tudo estivesse normal. Levava a Sophia para a escola antes das sessões de quimio com meu marido. Não tocava no assunto nem chorava na frente dela. A Sophia entendia que a mamãe estava dodói e iria ficar boa”, lembra.

Vanisa descobriu que estava grávida de Manuella no ano seguinte ao fim do tratamento de câncer de mama

Em novembro daquele mesmo ano, Vanisa passou por uma mastectomia dupla (bilateral) para a retirada das duas mamas, é um procedimento indicado para reduzir o risco de o tumor voltar futuramente no outro seio devido à mutação genética. A cirurgia foi seguida por mais três meses de radioterapia, realizada entre janeiro e março de 2019. No ano seguinte, ela tinha programado retirar os ovários e as trompas – também preventivamente, mas veio a pandemia de Covid-19 e o procedimento foi adiado.

Em julho de 2020, com 42 anos e já estabelecida novamente no mercado de trabalho, a advogada foi surpreendida pelo médico, durante um exame preventivo, com a notícia de que deveria procurar outro especialista. “Na hora, levei um susto. Perguntei se o médico tinha visto alguma coisa ruim. Ele respondeu que não, mas o que tinha visto já estava grande”, relata.

A frase do médico – “Vou te encaminhar para o obstetra porque você está grávida” – foi recebida com incredulidade. Vanisa já estava esperando Manuella há 14 semanas.

Gestação após o câncer de mama

A gestação de pacientes que tiveram câncer de mama não é contraindicada, mas as mulheres em idade reprodutiva devem levar em consideração o perfil da doença, como o subtipo do tumor – hormonal ou não hormonal – e conhecer os riscos para a fertilidade antes de iniciar o tratamento para se planejar adequadamente.

“A quimioterapia não só destrói as células do câncer, mas também pode destruir os óvulos”, explica a oncologista e oncogeneticista Andreza Souto, da Oncoclínicas DF. De acordo com a médica, existe um alto índice de insuficiência ovariana, de que o ovário não volte a funcionar após o tratamento.

Por isso, as pacientes jovens são indicadas a passar por uma consulta com uma equipe de reprodução humana para a captação de óvulos. “Caso o aparelho reprodutivo das pacientes não volte a funcionar adequadamente após a quimioterapia, teremos óvulos guardados para utilizar em uma fertilização in vitro”, pontua.

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Vanisa não fez o congelamento dos óvulos e, no caso dela, havia ainda o fator idade. “Quanto maior é a idade, maiores são as chances de insuficiência ovariana após o tratamento”, explica a médica. O tempo de espera para realizar a cirurgia eletiva é que deu a oportunidade certa para a chegada de Manuella.

“Quando decidi esperar um pouco para retirar os ovários, tinha um certo pressentimento. A Sophia (filha mais velha) tinha feito uma carta para o Papai Noel pedindo uma irmã, uma casa e um cachorro. Fiquei sensibilizada, mas pensava que não teria como cumprir aquilo”, rememora,

A notícia sobre a gestação foi recebida com grande alegria pela família e Vanisa passou por uma gravidez tranquila, seguindo todos os cuidados médicos e em isolamento em casa durante a pandemia da Covid-19. Ela aproveitou o parto cesárea para fazer a retirada dos ovários e das trompas. Hoje Manuella tem 2 anos e quatro meses, é uma criança alegre e muito companheira da irmã mais velha.

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