‘Pra que isso?’, perguntou antes de morrer o comerciante baleado durante briga de trânsito na Barra da Tijuca


Marcelo dos Anjos, de 49 anos, levou três tiros, sendo dois deles pelas costas, após reclamar que o carro do policial civil Raphael Pinto Gedeão estava impedindo sua entrada na garagem do prédio, na Barra da Tijuca. A Justiça decretou a prisão do autor dos disparos, que segue foragido. Marcelo dos Anjos Abitan da Silva e Raphael Pinto Ferreira Gedeão
Reprodução/TV Globo
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão temporária do policial civil Raphael Pinto Ferreira Gedeão nesta segunda-feira (20). Ele é apontado como o autor dos disparos que mataram o comerciante Marcelo dos Anjos Abitan da Silva, de 49 anos, na entrada de um prédio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Segundo testemunhas que deram seus depoimentos na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o crime foi consequência de uma briga “banal” de trânsito. De acordo com as pessoas que viram a cena, Marcelo levou três tiros, sendo dois deles pelas costas.
Ao ser baleado, o comerciante sangrando no chão teria dito: ‘Pra que isso?’
O porteiro do condomínio vizinho, disse ainda que, depois de levar o primeiro tiro, Marcelo levantou os braços e disse: “Não, não, tá bom, tá bom”.
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Na decisão que pedia a prisão de Raphael, o juiz afirmou que a agressão contra a vítima foi motivada por uma discussão banal e com extrema desproporcionalidade, o que indicia que o assassino é extremamente violento.
Discussão de trânsito
Tudo teve início na madrugada de domingo (19), quando Marcelo chegou ao Hotel Wyndham, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. No local, Marcelo direcionou seu carro para a garagem do prédio. Contudo, ele não conseguiu entrar porque a entrada estava bloqueada por uma picape.
O carro que impedia a entrada de Marcelo pertencia ao policial civil Raphael. As testemunhas contaram à polícia que a discussão foi rápida.
Todos os depoimentos dizem que Marcelo desceu do carro e foi caminhando em direção a Raphael, mas ninguém relatou nenhuma agressão antes dos tiros.
Um dos porteiros disse que a vítima resolveu sair do carro e foi em direção a Raphael e que o policial, então, puxou uma arma e atirou contra Marcelo.
A manobrista do estacionamento disse que Marcelo, mesmo olhando a arma de fogo que estava na mão do homem fez gesto de sacar o que poderia ser uma arma de fogo. Porém, a manobrista também disse que, mesmo depois de correr, Marcelo levou mais dois tiros.
Segundo a perícia, Marcelo levou três tiros: o primeiro na região do abdômen. E, quando ele se virou para tentar fugir, foram mais dois disparos pelas costas.
Raphael fugiu do local de carro logo depois de atirar e até arrebentou uma das cancelas do estacionamento.
Policial foragido
O policial civil acusado de matar o comerciante segue foragido da Justiça. Raphael é investigador e trabalha na Delegacia de Repressão a Entorpecentes.
O juiz considerou que o fato do assassino ser policial civil torna a situação ainda mais grave já que, como policial, Raphael é treinado em armas de fogo e deveria saber administrar situações de conflito.
O advogado de Raphael disse que ele vai se apresentar à polícia, mas só depois que a defesa tiver acesso aos autos, provavelmente na terça-feira (21). Raphael disse ao advogado que agiu em legítima defesa.
Na tarde desta segunda-feira, o corpo de Marcelo foi enterrado no Cemitério de Sulacap, na Zona Oeste. Entre a família e os amigos, a pergunta ainda ecoava: Pra que isso?
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