EUA devem sair do Acordo de Paris, e impacto na economia pode ser de trilhões, dizem especialistas

A Casa Branca emitiu, na tarde desta segunda-feira (20), um comunicado com as prioridades do começo de mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse nesta segunda-feira (20).

Em uma delas, a presidência promete que “libertará” o setor de energia dos Estados Unidos ao “acabar com as políticas de extremismo climático de Biden”, e cita a saída dos EUA do Acordo de Paris como uma medida neste sentido.

Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos. Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações climáticas.

Para Simon Stiell, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da ONU, a retirada de investimentos em energias renováveis pode ter um impacto trilionário na economia americana. “O boom global de energia limpa – no valor de US$ 2 trilhões somente no ano passado e em rápido crescimento – é o negócio de crescimento econômico da década”.

“Adotá-lo significará lucros enormes, milhões de empregos na indústria e ar limpo. Ignorá-lo apenas envia toda essa vasta riqueza para as economias concorrentes, enquanto os desastres climáticos como secas, incêndios florestais e supertempestades continuam a piorar, destruindo propriedades e empresas, atingindo a produção de alimentos em todo o país e gerando inflação de preços em toda a economia”.

Gina McCarthy, ex-conselheira climática nacional da Casa Branca e ex-diretora da EPA (agência ambiental americana), diz que “ao abandonar o Acordo de Paris, este governo abdica de sua responsabilidade de proteger o povo americano e nossa segurança nacional”.

“A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris é lamentável, mas a ação climática multilateral demonstrou sua resiliência e é mais forte do que as políticas de um único país”, declarou Laurence Tubiana, diretora-geral da Fundação Europeia para o Clima e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris.

O que diz a Casa Branca?

“O presidente Trump declarará uma emergência energética e utilizará todos os recursos necessários para construir infraestruturas críticas”, diz a publicação. A Casa Branca diz ainda que a nova administração buscará racionalizar a concessão de licenças e rever, para efeitos de rescisão, todos os regulamentos que impõem encargos indevidos à produção e utilização de energia, incluindo a mineração e o processamento de minerais não combustíveis.

“As políticas energéticas do presidente Trump acabarão com o arrendamento de enormes parques eólicos que degradam as nossas paisagens naturais e não servem os consumidores de energia americanos”, diz o documento. A publicação diz que Trump anunciará a Política Comercial “America First”. Segundo o documento, os EUA não estarão “mais em dívida com organizações estrangeiras pela nossa política fiscal nacional, que pune as empresas americanas”.

Nações Unidas

Em documento divulgado pela Casa Branca, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar confiante de que cidades, Estados e empresas dos EUA vão continuar mostrando visão e liderança, mesmo após uma possível saída do Acordo de Paris.

Segundo Guterres, é crucial que os EUA continuem líderes em questões ambientais.

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