Apenas 3,5% dos moradores de áreas de risco de Curitiba estão cadastrados para receber alertas da Defesa Civil, indica pesquisa

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Sistema envia alertas por SMS sobre temporais e outras situações de risco. Em regiões vulneráveis, onde endereços não tem CEP, moradores não tem acesso ou não sabem que serviço existe. Pesquisa mostra que alertas de temporal não chegam a todos
Apenas 3,5% dos moradores de áreas em vulnerabilidade de Curitiba estão cadastrados para receber os alertas da Defesa Civil sobre os riscos de tempestades ou enchentes na região, segundo um levantamento da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
A pesquisa indica que na capital paranaense são 146.616 celulares cadastros para receber os avisos, o que representa 8% da população na cidade.
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O sistema de alerta dispara mensagens via SMS para os celulares das pessoas cadastradas. As mensagens informam sobre risco de mau tempo, como deslizamentos, inundações, alagamentos, enxurradas, granizo e vendaval.
Para se cadastrar no serviço, o morador deve enviar um SMS para o número 40199 indicando o CEP do endereço para qual deseja receber o alerta. Porém, em regiões de vulnerabilidade, há casos onde não existe CEP para as ruas, ou seja, os moradores não tem acesso a ferramenta.
Ezequiel das Neves Claudino, catador de recicláveis, conta que quando há fortes chuvas, o rio que passa próximo a casa dele alaga a rua.
Ezequiel conta que quando há fortes chuvas, o rio que passa próximo a casa dele alaga a rua
Reprodução/EPC
“Aqui a gente nem passa, fica tudo alagado nessa parte de baixo aqui. Nós temos que ficar tudo dentro de casa”, afirma.
Pela mesma situação passa o reciclador, Noeli de Araujo. Sem acesso ao sistema, a solução é olhar para o tempo.
“Tem que olhar para o tempo e ter essa sensibilidade de se precaver um pouco. A gente não tem outra opção”, afirma.
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Funcionamento depende de conhecimento
Os pesquisadores da PUC envolvidos na pesquisa defendem que, para que o sistema funcione de maneira adequada, é preciso que a população tenha conhecimento sobre a existência dele.
Segundo a professora Luciene Pimentel, o levantamento também aponta falhas no sistema, isto porque a ferramenta não indica o que a pessoa deve fazer em casos de risco.
“É insuficiente, ele não está chegando nos que mais precisam. É importante que para além dessa comunicação que as pessoas saibam o que fazer. Não adianta dizer só: ‘Olha vai ter uma inundação’. Mas o que fazer? Vai ter uma inundação, e o que eu faço agora?”, defende.
Enquanto a informação não chega a todos, os moradores das regiões de risco se organizam com os próprios meios.
A líder comunitária Luzia de Araújo orienta os moradores da comunidade onde vive sempre que há riscos de alagamento. Mesmo com esse trabalho, Luzia não sabia da existência do sistema de alertas da Defesa Civil.
“Eu não tenho essas informações de alerta, de quando vai chover, se vai ter alagamento, o que devemos fazer, o que podemos estar orientando as famílias… Só sei que eu tenho que pegar os meus documentos e sair de casa, mas pra onde ir eu não sei”, afirma.
Novo sistema de mensagens está em teste
Mensagens de aviso da Defesa Civil
Reprodução/RPC
A Defesa Civil do Paraná afirmou que está em teste um novo sistema de alertas. A ferramenta deve ter a capacidade de enviar mensagens para todos os celulares, independentemente de a pessoas estar, ou não, cadastrada.
A previsão do órgão é que o novo sistema seja colocado em prática até o fim de 2023, em alertas de situações extremas.
Como se cadastrar
Para receber os alertas, basta enviar SMS com o CEP da região para o número 40199. O serviço é totalmente gratuito.
A Defesa Civil responde com mensagem de confirmação do cadastro e, a partir deste momento, o usuário passa a receber alertas periódicos sobre a situação de maior gravidade na região em que vive.
O público pode cadastrar quantos CEPs quiser monitorar, mas a ferramenta só aceita um registro por vez. Portanto, se você quiser monitorar dois CEPs, por exemplo, precisará fazer primeiro um registro e depois o outro.
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