BNDES e Finep vão investir R$ 5 bilhões em projetos de minerais estratégicos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançaram nesta semana um edital de chamada pública para fomentar planos de negócios que visem a transformação de minerais estratégicos. O objetivo é desenvolver a cadeia de materiais estratégicos sustentáveis no país.

Com o orçamento de R$ 5 bilhões, linhas de crédito, participação acionária em empresas e recursos não reembolsáveis, as duas instituições vão investir em capacidade produtiva e em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), visando a transformação de minerais para a transição energética e para a descabonização.

Entre os objetivos, estão o desenvolvimento de cadeias de lítio, terras raras, níquel, grafite e silício, entre outros, assim como a mobilização de investimentos para a fabricação de componentes como células de baterias, células fotovoltaicas e imãs permanentes.

O apoio vai abranger plantas em escala industrial e, também, plantas-piloto ou de demonstração, pesquisas e estudos necessários para a viabilização de novas capacidades industriais, a depender do estágio dos projetos e tecnologias envolvidas. Com isso, a chamada poderá alavancar nos próximos anos investimentos em um volume de cinco a dez vezes o orçamento disponibilizado.

Projetos de produção de minerais estratégicos do Brasil estão entre melhores do mundo

O Brasil possui projetos de produção de minerais estratégicos entre os melhores do mundo, considerados de classe mundial, além de energia limpa e de baixo custo, que colocam o país em posição privilegiada para a construção de capacidade produtiva de materiais sustentáveis de baixo carbono.

No território brasileiro, está:

  • A maior reserva e maior produção mundial de nióbio;
  • Segunda maior reserva de grafite natural;
  • Terceira maior reserva de níquel;
  • Terceira maior reserva de terras raras;
  • Quinta maior produção de lítio e terceira maior produção de silício.

O país caminha para se consolidar como um dos maiores fornecedores de materiais críticos para as cadeias produtivas inseridas na agenda transição energética e descarbonização, além de serem aplicados em outras tecnologias. 

Com a validação do potencial das reservas brasileiras para a produção em grande volume de lítio e terras raras, a partir da operacionalização recente de grandes minas, houve uma multiplicação dos investimentos e novas descobertas em projetos de classe mundial que sustentarão um crescimento acelerado da produção brasileira desses minerais.

Chamada pública deve mobilizar cadeia produtiva, diz BNDES

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, avalia que a chamada pública deve mobilizar atores de diferentes elos das cadeias produtivas dependentes desses minerais. “Mineradores e detentores de tecnologias e experiência em materiais transformados e componentes manufaturados dentro e fora do país poderão constituir parcerias e contar com as melhores opções de financiamento às indústrias no Brasil”, explica. 

“A chamada representa importante avanço no âmbito do setor mineral para a consecução dos objetivos do governo brasileiro de expandir a capacidade produtiva da indústria no contexto de desenvolvimento sustentável e tecnológico da nova política industrial e do plano de transformação ecológica,” disse o presidente do BNDES.

“O Brasil, com sua ciência e suas vastas reservas de minerais estratégicos, está posicionado de forma única para liderar a transição energética global. Não queremos ser apenas fornecedor de recursos naturais, mas protagonista na criação de um futuro mais sustentável, em que as tecnologias resultem em uma economia mais verde e de baixo carbono, e que contribuam para uma melhor qualidade de vida das pessoas, agora e nas futuras gerações”, afirmou o presidente da Finep, Celso Pansera. 

Demanda brasileira

O Brasil possui grandes capacidades de geração eólica e solar, além de um mercado automotivo consolidado de grande volume que caminha para a eletrificação, o que consumirá cada vez mais células de baterias e outros componentes de alto valor.

Assim, os investimentos no território brasileiro poderão contar também com a capacidade de consumo doméstico, além de atender aos crescentes mercados internacionais.

Essas e outras vantagens comparativas posicionam o Brasil como um forte candidato para investimentos em novas capacidades de refino ou metalurgia e oferta de materiais transformados, assim como componentes de alto valor. São eles: óxidos separados e imãs permanentes de terras raras aplicados em turbinas eólicas e motores de veículos elétricos, químicos de lítio, de níquel, materiais purificados de grafite e óxidos de nióbio para baterias, células e vidros para geração de energia solar, entre outros.

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