Fitch diz que alta do dólar e juros elevados ameaçam negócios de empresas no Brasil

A piora das condições econômicas no Brasil por causa dos juros em alta e da constante desvalorização do real ameaça negócios das empresas, diz a agência de classificação de risco Fitch Ratings, em relatório avaliando as perspectivas para as companhias na América Latina em 2025.

A Fitch alerta para eventuais impactos da recente piora das condições do mercado no Brasil, com o dólar em disparada e os juros subindo e devendo continuar nessa tendência. A agência de rating prevê uma desaceleração do PIB brasileiro este ano. De crescimento esperado de 3,1% em 2024 deve se reduzir para 2% em 2025.

“A recente desvalorização do real poderia exacerbar as pressões inflacionárias, com o Banco Central continuando a aumentar as taxas de juros”, afirma a Fitch.

No geral, a agência avalia que as companhias da América Latina fizeram um bom gerenciamento das finanças e passivos nos últimos anos. Por isso, estão melhor preparadas para eventuais medidas de Donald Trump, como a adoção de tarifas mais altas a países que exportam para os Estados Unidos. Assim, fica limitado o risco de piora nas companhias por conta da expectativa de menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da região e da economia mundial.

Na gestão das finanças, as empresas conseguiram prorrogar prazos de vencimento de dívidas e administrar passivos. Em títulos de dívidas emitidos no exterior (bonds), as empresas do Brasil têm apenas US$ 2 bilhões a vencer em 2025. Além disso, a Fitch observa que a liquidez das companhias está adequada e os programas de investimento (capex) devem se estabilizar.

Fusões e aquisições

Os analistas da Fitch não descartam que o nível de endividamento de empresas possa acabar estimulando fusões e aquisições na América Latina, em setores como o aéreo, imobiliário, petróleo e gás e materiais. Entre as possibilidades, o texto cita a já pública negociação dentre Azul e Gol.

Ainda nos pontos a se observar em 2025, a Fitch cita a promessa de Trump de elevar tarifas no comércio exterior. O impacto maior na região deve ser em empresas do México, ressalta o relatório.

A agência de rating já reduziu a previsão de expansão do PIB mexicano nos próximos dois anos, para 1,1% em 2025 e 1,7% em 2026.

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