Moradores questionam abordagem da PM durante operação em morro de Florianópolis; VÍDEO

Pelo menos dois deles registraram boletins de ocorrência. PM nega agressão a moradores. Ação da Polícia Militar termina com relatos de agressão no Morro do Mocotó
Moradores do Morro do Mocotó, na região central de Florianópolis, questionam a abordagem feita por policiais militares durante uma operação na quarta-feira (18). Dois deles registraram boletins de ocorrência. A PM disse que não houve agressão a moradores (confira a nota na íntegra abaixo).
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina informou que vai buscar diálogo com o governo estadual sobre o caso para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos.
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A operação foi um trabalho em conjunto da Policia Civil e Policia Militar de Santa Catarina contra o tráfico de drogas na Grande Florianópolis. Trinta mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
As autoridades policiais apreenderam drogas, munição, máquinas de contar dinheiro, balanças de precisão e radiocomunicadores. Também foram registradas ao menos duas prisões.
Por volta das 9h de quarta, agentes envolvidos nessa operação entraram em uma das casas da comunidade. O objetivo, segundo os agentes, era prender um homem. Dentro da casa, havia crianças. Isso motivou a vinda de outros moradores para ver a ação e tentar tirar as crianças do local.
As agressões teriam começado quando outros policiais chegam e dão ordem para a comunidade se afastar. Um homem que estava no caminho mesmo após ordem para sair, é empurrado por um deles. O morador chega a colocar as mãos para cima e ainda assim é empurrado novamente pelo policial. Ele tenta falar algo, quando é agredido pelo agente. Um outro policial interrompe e orienta o homem a sair do local.
Momento em que policial militar usa spray de pimenta próximo a rosto de mulher em Florianópolis
Reprodução/NSC TV
“Eu estou vendo eles virem, eu estou de braços cruzados saindo. Nós estávamos ali esperando para poder ser liberado para podermos tirar as crianças. Só isso”, disse o homem, que teve a identidade preservada pela reportagem.
O vídeo segue e, na sequência, quem aparece é uma mulher que também é afastada por um policial e grava a abordagem. Os agentes pedem que ela saia por diversas vezes. Ela não obedece e é colocada contra a parede.
Nas imagens é possível ver quando um dos policiais pega o spray de pimenta e leva até outro. Após nova discussão, o policial dispara o spray próximo ao rosto da mulher.
“Encostou na minha boca e jogou. Eu só senti que eu ia apagar porque eu caí no chão e ali no momento ele não deixou ninguém me socorrer”, relatou a mulher.
Os dois moradores fizeram boletim de ocorrência e exame de corpo delito. Eles pedem por uma mudança na conduta da PM na localidade.
“Quem é trabalhador tem que ser respeitado. Não pode ser humilhado, não pode ser espancado”, disse o homem que fez boletim de ocorrência.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina teve acesso as imagens.
“A gente viu ali uma invasão indevida, ao meu ver, pelas imagens, a princípio, uma invasão indevida da Polícia Militar e uma utilização também indevida da força. Não vimos nas imagens o uso progressivo da força, foi um uso indevido da força policial, inclusive com mulheres, com pessoas de mais idade. Não é essa postura que nós esperamos da Polícia Militar”, declarou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SC, Rodrigo Sartoti.
O que diz a PM
Confira abaixo a íntegra da nota da Polícia Militar sobre o caso.
No dia 18/10/2023, por volta das 06h00, na Servidão Santa Vitória, bairro agronômica, cidade de Florianópolis, ocorreu uma apreensão de drogas. Durante ação conjunta entra PC e PMSC “Operação Lado B”, culminou no cumprimento de 30 Mandados de Busca e Apreensão na região da Grande Florianópolis. Durante as buscas foram apreendidos os seguintes ilícitos: 310,975 Kg de maconha, 3,489 Kg de haxixe, 3,475 Kg de ecstasy (10 Mil Comprimidos), 10 Pés de maconha, 0,116 Kg de MDMA, 0,420 Kg de SKUNK, 39 Munições calibre 762, 04 Munições calibre 556, 521 Munições calibre 9mm, 282 Munições cabel.Munição calibre .45, 03 Munições calibre .380, 15 Balanças de Precisão, 12 Rádios Comunicadores, 01 Colete Balístico com Placa, 02 Máquinas de Contar Dinheiro, 01 Caderno Contendo Contabilidade do Tráfico de Drogas, 05 Porta Carregadores/Coldres, 01 Capa de Colete Balístico, 01 Kit Roni, 09 Carregadores de Pistola, 01 Medidor de Umidade, 01 Case de Pistola Taurus e 61 Piteiras para Cigarro Eletrônico com Óleo de CBD.
Diante dos fatos, cabe ressaltar, em virtude de questionamentos desta emissora que:
– Desta forma, a Polícia Militar de Santa Catarina afirma que nenhuma residência foi invadida, pois todos os lugares em que foram realizadas as buscas, haviam mandados de busca e apreensão pré-estabelecidos, conforme ação relatada acima”.
– Não houve qualquer tipo de agressão a moradores como foi questionado por esta emissora. Os policiais agiram de forma necessária para afastar as pessoas que tentavam dificultar a ação da PMSC no local. Uma mulher foi presa no Morro do Mocotó por desacato, desobediência e resistência e conduzida a delegacia da Polícia Civil, com a apreensão de 1 arma de fogo.
– Durante a ação, cabe ressaltar que alguns homens trocaram tiros com os policiais, o que exigiu um cuidado ainda maior com a comunidade que estava sendo envolvida na Operação
– Foram levados para o atendimento hospitalar apenas suspeitos que trocaram tiros com os policiais na comunidade do Morro do Mocotó, em Florianópolis. Não há registro de que nenhum morador tenha sido ferido, além desses suspeitos envolvidos na ocorrência. Nenhuma vítima no Morro do Horário.
– Assim sendo, salientamos que foi uma operação policial, em área de risco que tem a ação de facções criminais, na qual foram cumpridos os devidos mandados e que resultou em grande apreensão de drogas.
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