Enem 2024: postagens nas redes sociais mostram uso de “cola” na redação

De acordo com o edital do Enem, a prática pode levar a eliminação do candidato José Cruz/Agência Brasil

Algumas postagem nas redes sociais mostraram que candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 teriam utilizado modelos de redação pré-prontos durante a prova realizada no último domingo (4). 

As publicações, que incluíam fotos e comentários sobre o uso da técnica, indicam que alguns estudantes imprimiram e esconderam esses modelos para copiá-los no exame. “Dica de ouro, meninas!”, comentou uma das candidatas nas redes, sugerindo que não foi detectada pelos fiscais.

De acordo com o edital do Enem, “utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento em benefício próprio ou de terceiros em qualquer etapa do Exame” leva à eliminação. Para reforçar o rigor das regras, cartazes nas escolas alertavam: “fraudar a prova é um crime federal”.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que participantes que publicaram evidências de trapaça ainda podem ser eliminados. 

“O edital do Enem prevê que os participantes do exame podem ser eliminados ‘a qualquer momento’ caso utilizem meios fraudulentos em benefício próprio”, afirmou o órgão ao g1.

O texto também menciona que esses modelos de redação são comercializados online por até R$ 50 e podem ser adaptados para qualquer tema. Alguns são distribuídos gratuitamente em plataformas digitais, com conteúdo genérico que permite ao candidato preencher lacunas conforme o tema da prova. 

Esses modelos “coringas” contém a introdução e os argumentos genéricos para se encaixarem tanto em uma dissertação sobre os possíveis temas que caem na redação. A técnica, porém, coloca em questionamento o Enem, que prioriza mais a forma do que o conteúdo dos textos .

Por que modelos prontos são um problema

Alguns especialistas apontam que esses modelos prontos representam um problema pedagógico. Segundo eles, estudantes que adotam esse método não desenvolvem habilidades de argumentação e articulam ideias com dificuldade. 

Isso, acaba prejudicando o desempenho em outros vestibulares e nas etapas iniciais da vida universitária. Além disso, muitos desses modelos tornam-se incoerentes quando o tema da redação não se ajusta perfeitamente ao esquema predefinido.

Ao g1, o Inep esclareceu que “criatividade” não é critério avaliado na redação do Enem, que se baseia em características formais preestabelecidas. Essa ausência de um critério específico para a originalidade, na visão de alguns professores, incentiva a busca por “fórmulas prontas”.

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