Unidades de saúde do Rio registram aumento de agressões a pessoas LGBTQIAP+

De janeiro a outubro deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde registrou 451 atendimentos médicos a vítimas de algum tipo de violência motivada pela identidade de gênero ou orientação sexual. Unidades de saúde do Rio registram aumento de agressões a pessoas LGBTQIAP+
Cresceu o número de atendimentos médicos na rede municipal de saúde do Rio a pessoas vítimas de LGBTQIAP+. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), são, na maioria das vezes, pessoas que foram agredidas.
De janeiro a outubro deste ano, as unidades de saúde registraram 451 atendimentos médicos a vítimas de algum tipo de violência motivada pela identidade de gênero ou orientação sexual. No mesmo período ano passado foram 435 casos. Foi um crescimento de 3,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mais de 140 notificações foram de vítimas de violência motivada por transfobia, que é a discriminação, rejeição e ódio contra pessoas trans. As mulheres trans foram as que mais precisaram de atendimento médico nas unidades municipais de saúde.
Foi o caso a cabeleireira Ágatha Taringa. Em 2021, ela foi brutalmente agredida dentro da Estação Deodoro. Durante as agressões, ela desmaiou, teve a arcada dentária quebrada e precisou ser socorrida para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo.
“Eu seguia para o trabalho e pegaria o trem em direção da Central do Brasil. Quando eu cheguei na estação tinha acabado um baile na redondeza de Deodoro, e eles [os agressores] vieram pelos trilhos. Quando me viram, começaram a me agredir com palavras transfóbicas, palavras horríveis e eu retruquei. Eu disse para eles algo e do nada começaram os socos, chutes e voadoras”, lembrou Ágatha.
Temendo retaliações futuras, ela não registrou boletim de ocorrência.
Agressões são contabilizadas
Desde 2014, esses números são registrados no Sistema de Informações de Agravo de Notificações Compulsórias (Sinan). O projeto Grupo Pela Vida, no Centro do Rio, trabalha com o acolhimento dessas vítimas, dando apoio psicológico, social e jurídico.
“Os dados do Sinan servem para fazer um mapeamento e cruzamento de dados [locais] com os dados do Ministério dos Direitos Humanos, para que no final possa fazer um relatório com a compilação de dados de violência, para gerar políticas públicas de enfrentamento a violência LGBTQIAP+”, afirma Maria Eduarda Aguiar da Silva, advogada e coordenadora jurídica do programa.
Hoje, Ágatha Taringa trabalha como assessora do programa. Ela tem a função de acompanhar e direcionar pessoas que assim como ela, conhecem bem as dores do preconceito.
“A gente faz acolhimento de meninas que, assim como eu, foram agredidas. Lá atrás eu cheguei aqui e fui acolhida. Hoje, em dia eu estou aqui para acolher e receber outras pessoas”.
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