O que esperar do novo mandato de Donald Trump?

(Por Gustavo Cruz)

O candidato republicano Donald Trump, 78 anos, será novamente o presidente dos Estados Unidos, assumindo o cargo em 20 de janeiro de 2025. A vitória de Trump marca o retorno do republicano ao poder após quatro anos, quando perdeu para o democrata Joe Biden em 2020. É a segunda vez que um presidente volta ao cargo na história, depois de Grover Cleveland (1893-1897 e 1885-1889). Ele terá nos dois primeiros anos de governo a Câmara e o Senado de maioria republicanas.

Os Estados Unidos são a maior economia do mundo, impactando diretamente e indiretamente nos principais temas econômicos e geopolíticos. Neste e-mail, você encontrará destaques dessas frentes e uma conexão com investimentos. Seguem alguns destaques antes:

  • Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos;
  • O Senado já está com maioria republicana, enquanto a Câmara caminha para republicanos superarem os 210, mínimos de maioria/
  • A política econômica é lida como altamente deficitária e inflacionária;
  • O primeiro discurso enfatizou em redução de impostos, o fortalecimento das fronteiras e a ampliação da força militar
  • Trump defende um apoio geopolítico à Israel, discordo do apoio financeiro para Ucrânia e Taiwan;
  • Ações de defesa, montadoras, petroleiras, fábricas americanas, cryptomoedas e bancos devem ser favorecidos;
  • Fed sugere ciclo encerrando com juros 3,5%. Investidores projetam o fim do ciclo em 4%.
  • plano econômico de Trump sugere um fortalecimento do dólar; Trump e seus conselheiros econômicos, defendem intervenções por dólar mais fraco;

Segue o relatório completo, você pode ir direto para o tema que mais te interesse clicando no topo deste e-mail

Resultado

Donald Trump foi eleito como o 47 presidente dos Estados Unidos. Trump confirmou o favoritismo das pesquisas, ganhando nos Swing States. O gráfico abaixo ainda é parcial, mas a mídia americana já declarou a vitória de Trump. O Senado já está com maioria republicana, enquanto a Câmara caminha para republicanos superarem os 210, mínimos de maioria.
Esse controle sugere que aprovar medidas no Congresso será mais fácil. De qualquer maneira, reforçamos que o histórico dos presidentes americanos é de entregar 48% das promessas de campanha. No primeiro mandato, Trump conseguiu entregar 23%.

Fonte: AP

Primeiro Discurso após vitória (2024 x 2016)

Os discursos de vitória de Trump em 2016 e 2024 compartilham temas-chave, mas refletem diferentes contextos e tons. Em ambos os discursos, ele reiterou compromissos com a redução de impostos, o fortalecimento das fronteiras e a ampliação da força militar, o que mostra a consistência de sua visão política para os Estados Unidos. No entanto, em 2016, ele apresentou essas promessas com a perspectiva de um outsider, enfatizando o desejo de romper com o establishment político e fazer uma grande mudança no cenário americano. Também criticava mais a infraestrutura americana.

Em 2024, Trump manteve esses compromissos, mas abordou-os com o tom de um líder experiente, buscando consolidar suas conquistas e ampliar a coalizão que o apoiava. Em vez de se posicionar como alguém que pretendia “drenar o pântano,” como em 2016, ele destacou o Partido Republicano como o “partido do bom senso,” simbolizando uma nova fase para o partido e um esforço para atrair um público mais amplo e diverso.

mensagem de unidade e reconciliação estava presente nos dois discursos, mas com diferenças importantes. Em 2016, Trump pediu para “curar as feridas” do país após uma eleição polarizada, tentando acalmar as tensões após a disputa com Hillary Clinton. Em 2024, ele reforçou a necessidade de deixar o passado para trás, mas com um foco mais pragmático em reunir os americanos em torno de objetivos comuns, em vez de tentar apaziguar o conflito partidário diretamente.

Por fim, o discurso de 2024 refletiu a experiência acumulada de Trump como um líder republicano consolidado, enquanto o de 2016 expressava um entusiasmo disruptivo de alguém que se propunha a reformar Washington. A mudança de tom destaca a evolução de Trump de um outsider para um líder mais pragmático, com uma base de apoio ampliada e uma mensagem de continuidade em vez de ruptura.


Qual o plano econômico?

Campanha é campanha, mandato é mandato. Vamos apresentar um quadro abaixo, com algumas das principais propostas dos candidatos. No entanto, quem já acompanhou corridas eleitorais sabe que muitos temas não são colocados em prática, nos anos seguintes. Isso independente de cargo e país.
Optamos por mostrar as propostas de ambos, os candidatos, porque as medidas em comum sugerem maior facilidade para serem aprovadas. Em destaque, apoio para recém nascidos e fim do imposto em gorjetas.

Fonte: Programas econômicos dos candidatos e entrevistas, Elaboração RB Investimentos

Um estudo do Banco Central do Brasil apontou o impacto deficitário de uma política econômica dos candidatos. Antigamente, o partido republicano era conhecido por ser mais responsável fiscalmente, algo que não é mais verdade. Até porque é difícil relacionar as pessoas que governam com Trump com quadros históricos do partido.
No entanto, acreditamos que a situação fiscal é incômoda o suficiente para mobilizar o Congresso e o Executivo a falar em redução de impostos, somado ao controle maior de gastos.
Pensando na história dos presidentes americanos, observamos momentos em que a redução excessiva de gastos, por republicanos, lhes custou as eleições seguintes. Assim como o descontrole inflacionário, com democratas, também prejudicou eleições seguintes. A economia segue extremamente relevante para os políticos.

Fonte: Banco Central do Brasil

estudo, do Banco Central do Brasil, mostra um risco extra na parte de inflação. Ao aplicar tarifas em países que vendem produtos mais baratos, em seu país, você puxa os preços dos itens para cima, o que acelera a inflação doméstica. Ao deportar imigrantes, você encarece o custo da mão de obra local, o que acaba sendo repassado ao consumidor dos bens e serviços nos Estados Unidos, mais uma vez inflacionário.

Sim, nós compreendemos que nem todo produto que entra para ser vendido, nos Estados Unidos, respeita a Organização Mundial de Comércio. Existem países praticando o famoso dumping.

Inclusive, recomendamos fortemente a matéria do Wall Street Journal, que pode ser lida ou escutada, da indústria de cabides nos Estados Unidos. Seguem os dois links:

The Family Business in Alabama That Fights China for Survival – WSJ

China, an Alabama Business and a 20-Year Battle – The Journal. – WSJ Podcasts

Provando o próprio veneno?

No final dos anos 90 e começo dos 2000, a União Europeia reclamava de dumping americano na indústria de aço. A própria China questionava em sua abertura comercial a entrada de produtos industriais americanos. O México e o Brasil já reclamaram de dumping americano em produtos agropecuários, com o Brasil vencendo uma disputa na Organização Mundial do Comércio, em 2009.
Por fim, alguém se lembra da Toys“R”Us? A Amazon se lembra, afinal foi em uma prática de dumping interna, posteriormente admitida e condenada em US$51 milhões, que a gigante de A a Z retirou todas as lojas de brinquedos do território americano…

Fonte: Banco Central do Brasil

E o Fed?

Embora o Federal Reserve opere de forma independente, a administração Trump pode pressionar por políticas monetárias mais flexíveis para estimular o crescimento econômico, o que pode influenciar as taxas de juros e a inflação. Jerome Powell será o presidente até maio de 2026. Além da reunião de amanhã, o Fed se encontra em 18 de dezembro. A expectativa do mercado é de dois cortes de 0,25%, o que levaria a taxa básica de juros para 4,5%. Em 2025, o material de projeções do Fed sugere mais 1,0% em cortes, o que levaria a taxa para 3,5%. Investidores estão com uma postura mais cautelosa, projetando o fim do ciclo em 4%.
A leitura do mercado é de uma revisão do Fed, que seria motivada pela política econômica de Trump, que julgam inflacionária e deficitária. O que exigiria juros mais elevados, por mais tempo.

Fonte: FOMC, CME Group

A posição geopolítica

A postura de Trump geopolítica é um dos maiores temores de analistas, que temem grandes rupturas, dando espaço para o autoritarismo ocupar vácuos de poder.
As perspectivas sobre Taiwan, China, Rússia, Ucrânia, Israel e o Oriente Médio são moldadas por sua doutrina “America First”, enfatizando os interesses dos EUA e uma abordagem transacional para a política externa.
Inicialmente, Trump demonstrou forte apoio a Taiwan, especialmente ao aceitar uma ligação de congratulação da presidente Tsai Ing-wen em 2016, uma ruptura significativa com o protocolo tradicional dos EUA. No entanto, sua postura evoluiu ao longo do tempo. Em uma entrevista de 2024, Trump sugeriu que Taiwan deveria “nos pagar pela defesa,” comparando a proteção dos EUA a uma apólice de seguro. Ele também criticou Taiwan por “tirar a indústria de chips de computador dos Estados Unidos,” indicando uma mudança para uma relação mais transacional, onde o apoio dos EUA poderia depender das contribuições financeiras e políticas econômicas de Taiwan.

Would Anyone "Win" a Taiwan Conflict? • Stimson Center

Trump expressou o desejo de encerrar rapidamente o conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele criticou o nível de apoio dos EUA à Ucrânia e sugeriu que, se fosse reeleito, “resolveria essa situação” rapidamente. Isso implica uma possível redução na ajuda dos EUA à Ucrânia e um empurrão para negociações, possivelmente em termos favoráveis à Rússia. Críticos argumentam que essa abordagem poderia minar a soberania da Ucrânia e encorajar a agressão russa. Economistas europeus temem que isso leve a Europa a uma recessão. Alguns analistas especulam que a Rússia estaria aguardando a troca de presidentes para ampliar a ofensiva em outras nações europeias.

Durante sua presidência, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e facilitou os Acordos de Abraão, que levaram a acordos de normalização entre Israel e vários países árabes. Ele enfatizou fortes relações entre os EUA e Israel e procurou isolar o Irã por meio de sanções e pressão diplomática. A abordagem de Trump no Oriente Médio focou em fortalecer alianças com Israel e em conter a influência iraniana, alinhando-se com sua estratégia mais ampla de priorizar os interesses dos EUA e de seus aliados próximos.

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Map shows U.S. military presence across the Middle East as war escalates between Israel, Lebanon, and Iran, including bases, aircraft carrier groups, and other deployments.

Um outro ponto das eleições envolve o acordo USMCA, que foi aprovado em 2018, substituindo o Nafta. O acordo possui em 2026 uma data para revisão, algo que ocorrerá.
Nos últimos anos, estamos escutando cada vez sobre o nearshoring e como o México se beneficiou. Alguns empresários americanos não concordam. A leitura é que chineses mandam produtos desmontados, como matéria prima, ao México. O produto é montado, se torna outro item e é exportado aos Estados Unidos como Made in Mexico. Exemplo: China manda 3 pedaços de madeira e depois manda para os Estados Unidos como mesa. Recomendamos a leitura ou o vídeo da CNBC ‘Made in Mexico’ trade controversy stoking another kind of border war

Ou How China Uses Mexico To Avoid U.S. Tariffs

Seguem 3 gráficos interessantes da matéria. Em resumo, Estados Unidos colocou tarifas na China, eles aumentaram o volume de navios de carga para o México, investiram em filiais de empresas chinesas no país e a quantidade de caminhões atravessando a fronteira disparou.

Os seus investimentos

Certo, Trump será o novo presidente, a economia caminha para um patamar fiscal preocupante, a parte geopolítica será espinhosa….e o meu dinheiro?

Investidores não reagem a essa eleição como no Brasil. Por lá, nada de um candidato venceu e vamos ao melhor cenário, outro venceu e vamos ao pior.
Em um país com o lobby regularizado, natural que as reações sejam mais intensas nos setores.

Primeiro comentando sobre quem se beneficia. Ações de defesa, montadoras, petroleiras, fábricas americanas, cryptomoedas e bancos devem ser favorecidos por uma eleição de Donald Trump. Um extra seriam as empresas do empresário Elon Musk.

Defesa-> Vamos aos números. Orçamento de Defesa em 2017 US$606 bilhões, em 2018 US$700 bilhões (18% de crescimento). US$716 em 2019, US$738 bilhões em 2020, US$740 bilhões em 2021. 25% de crescimento ante o último Orçamento aprovado por Obama;

Exemplo: Lockheed Martin (LMT), Northrop Grumman (NOC)
Empresas como Lockheed Martin e Northrop Grumman, que fornecem aeronaves, sistemas de defesa e tecnologias para o governo dos EUA, viram suas ações valorizarem. No período de 2017 a 2020, a ação da Lockheed Martin valorizou-se em cerca de 50%, beneficiada pelo aumento nos contratos de defesa. O foco contínuo de Trump em defesa sugere que esses ativos podem novamente performar bem com o retorno do republicano ao poder.

Montadoras-> Se Biden já colocou 100% de tarifas em veículos chineses, Trump fala em 200%. Em especial, montadoras que usam a frente mexicana para escapar das tarifas;

Exemplo: Ford (F), General Motors (GM)
Trump impôs tarifas sobre importações de veículos e componentes automotivos, beneficiando as montadoras americanas em relação às concorrentes estrangeiras. Isso ajudou a reduzir a concorrência externa, especialmente de fabricantes asiáticos, aumentando a competitividade da Ford e da General Motors. A General Motors, por exemplo, teve um bom desempenho até o início da pandemia, impulsionada por essa política protecionista. O atual plano de Trump de elevar as tarifas sobre veículos importados poderia novamente beneficiar essas empresas, com destaque para aquelas que possuem uma forte cadeia de produção nos EUA.

Petroleiras-> No último ano de Obama, as petroleiras puderam acessar novas 577 mil acres de terra. No último ano de Trump, 1 milhão e 900 mil. Soma-se a isso, a retirada de regulações contra petroleiras, como a exigência da redução da emissão de gases. 20 novas autorizações de exportação de LNG, gás liquefeito;

Exemplo: ExxonMobil (XOM), Chevron (CVX)
No primeiro mandato, a produção de petróleo nos EUA atingiu recordes, o que favoreceu tanto as ações quanto a receita das petrolíferas. O preço das ações da ExxonMobil, por exemplo, teve um desempenho positivo antes da crise pandêmica em 2020, refletindo uma recuperação sólida e o otimismo do setor com a redução de restrições. Com a reeleição de Trump, essas empresas podem ver outro período de valorização devido a uma postura favorável à expansão do setor.

Fábricas americanas -> A concorrência externa ainda tende a vencer essa tendência. Mas vale deixar registrado que as fábricas tendem a ser mais ouvidas em disputas comerciais;

Setor de Materiais Básicos e Siderurgia

Exemplo: U.S. Steel (X), Nucor (NUE), 3M Company (MMM), Caterpillar INC(CAT), Deere & Company (DE)

A imposição de tarifas sobre aço e alumínio em 2018 beneficiou empresas americanas de siderurgia, protegendo-as da concorrência estrangeira. A U.S. Steel e a Nucor foram algumas das empresas que registraram crescimento em suas receitas e aumento no valor de mercado, mesmo com a desaceleração global em 2019. Com o plano de Trump para novas tarifas, essas empresas de materiais básicos podem ver uma demanda maior e melhor desempenho.
A Carterpillar teve o aumento de demanda por equipamentos de construção e mineração, impulsionada por incentivos fiscais e estímulos para infraestrutura doméstica. A empresa teve crescimento no valor das ações durante o período, refletindo o aumento nos investimentos.
A fabricante de equipamentos agrícolas Deere viu aumento de demanda e crescimento das ações devido a políticas que incentivaram a produção agrícola interna e investimentos em infraestrutura rural. Com uma vasta gama de produtos industriais e de consumo, a 3M foi favorecida por políticas de incentivo à produção doméstica, resultando em valorização da ação com o estímulo à inovação e fabricação local.

Cryptomoedas -> Inicialmente contra o assunto, o ex-presidente mudou completamente. Se colocando contra a ideia de uma moeda digital do banco central americano;

Bancos -> Em seu outro mandato, Trump enfraqueceu a legislação Dodd-Frank, que foi uma reação à Crise de 2008. Também facilitou que bancos com menos de US$10 bilhões não entrassem na Regra de Volcker.

Exemplo: JPMorgan Chase (JPM), Bank of America (BAC)
A flexibilização da Lei Dodd-Frank e a redução da supervisão para bancos de médio porte beneficiaram o setor financeiro. Ações de grandes bancos como JPMorgan Chase e Bank of America subiram com as medidas de desregulação e o corte de impostos. Entre 2017 e 2019, as ações de JPMorgan subiram aproximadamente 50%.

Quem sai prejudicado ?

Empresas de energia renovável e saúde devem ter um desempenho pior com a sua eleição.

Trump já tentou desfazer boa parte das medidas de saúde de Obama. O que enfraquece as empresas do setor.
Na parte energética, não busca dar incentivos para empresas do setor. Vai na direção contrária, reduzindo exigências de reduções de emissões. Trump alega que a prioridade é ter independência energética, não importando a fonte. Devemos ver o presidente incentivando a exploração de petróleo e gás em áreas federais, como o Ártico e o Golfo do México.

Uma indefinição é na parte do dólar, como podemos notar no gráfico abaixo, o plano econômico de Trump sugere um fortalecimento do dólar. A leitura é que as tarifas em outros países enfraqueceriam as economias como um todo. No entanto, quando escutamos Trump e seus conselheiros econômicos, o discurso é de dólar mais fraco favorecendo a exportação. O desafio é atingir esse objetivo, considerando que envolve a cooperação de outros países. Para quem quiser ler mais um pouco, seguem 2 colunas assinadas por conselheiros:

Donald Trump’s former trade chief makes the case for more tariffs

A Trump adviser on how the international economic system should change

A ideia da equipe econômica de Trump é repetir a Reunião Plaza, de 1985, segue um breve resumo:

Reunião Plaza foi um acordo econômico histórico realizado em 22 de setembro de 1985 no Plaza Hotel, em Nova York, entre os Estados Unidos e quatro das maiores economias do mundo na época: Japão, Alemanha Ocidental, França e Reino Unido. O objetivo do acordo foi enfraquecer o dólar americano, que estava excessivamente valorizado, prejudicando as exportações americanas e causando déficits comerciais crescentes. Os principais pontos e impactos do acordo foram:

Contexto da Reunião Plaza

No início dos anos 1980, a política monetária dos Estados Unidos, sob o comando do então presidente do Federal Reserve, Paul Volcker, elevou significativamente as taxas de juros para combater a inflação. Isso atraiu capitais para os EUA, valorizando o dólar e tornando produtos americanos mais caros no exterior. A alta do dólar tornou as exportações americanas menos competitivas, contribuindo para um grande déficit comercial, enquanto outros países, como Japão e Alemanha, apresentavam grandes superávits comerciais.

Objetivo do Acordo Plaza

Para resolver esse problema, os EUA buscaram uma cooperação internacional para desvalorizar o dólar, facilitando assim o reequilíbrio das balanças comerciais. Os países envolvidos concordaram em intervir no mercado de câmbio para reduzir o valor do dólar em relação às principais moedas estrangeiras, como o iene japonês e o marco alemão.

Principais Medidas

  • Intervenções coordenadas: Os cinco países participantes (EUA, Japão, Alemanha Ocidental, França e Reino Unido) concordaram em vender dólares no mercado de câmbio e comprar suas próprias moedas para enfraquecer o dólar e fortalecer suas moedas nacionais.
  • Compromisso com políticas monetárias e fiscais: Além das intervenções cambiais, os países se comprometeram a implementar políticas fiscais e monetárias para apoiar o reequilíbrio do câmbio.

Impactos e Consequências

  1. Desvalorização do Dólar: O acordo teve um efeito rápido e significativo, desvalorizando o dólar em cerca de 30% nos dois anos seguintes. Isso ajudou a melhorar a competitividade das exportações americanas e reduzir o déficit comercial.
  2. Impacto nas Economias dos Parceiros: A valorização de moedas como o iene e o marco trouxe desafios para países exportadores como o Japão, que começou a enfrentar pressões deflacionárias e excesso de poupança, o que mais tarde contribuiu para a formação de bolhas financeiras e imobiliárias no Japão.
  3. Mudança nas Relações Comerciais Globais: O acordo estabeleceu um novo modelo de cooperação internacional em que os principais países industriais coordenaram políticas cambiais para enfrentar desequilíbrios comerciais.

No caso de ativos brasileiros, bom lembrar que temos diversas companhias que atuam nos Estados Unidos e que exportam para os Estados Unidos.
As que atuam por lá, se beneficiariam de uma redução de impostos de Trump, mas podem se prejudicar com mais tarifas de importação. Os frigoríficos JBS, Marfrig estão entre os que podem se beneficiar. Embraer, Ambev, WEG e Gerdau estariam no meio do caminho, pois possuem estruturas em solo americano, mas são exportadores. O que sugere vulnerabilidade a tarifas. CSN, Braskem e Usiminas seriam mais diretamente impactadas por tarifas. São 9.533 empresas brasileiras exportando para os Estados Unidos, segundo o governo brasileiro.

Para finalizar nossas recomendações, um filme interessante para entender o momento global de disputas eleitorais com candidatos “diferentes”
Get Me Roger Stone (2017) – IMDb

Coluna escrita por Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos

As opiniões transmitidas pelo colunista são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da BM&C News

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