Globo assume controle da Eletromidia em aquisição bilionária

Em uma jogada estratégica para expandir sua presença na mídia “out of home”, a Globo adquiriu a participação de 47,1% da HIG Capital na Eletromidia, líder nacional do setor. O negócio, que avalia a Eletromidia em cerca de R$ 4 bilhões, reforça a posição da Globo nesse segmento e a coloca em vantagem competitiva frente aos desafios da transformação digital e da fragmentação de audiência.

A transação foi concluída a R$ 27 por ação, representando um prêmio de 47% em relação ao valor de fechamento da última segunda-feira. Com esse movimento, a Globo terá que desembolsar aproximadamente R$ 1,7 bilhão pela fatia da HIG e mais R$ 1 bilhão caso outros acionistas optem por aderir à oferta.

Considerando a dívida líquida da Eletromidia de R$ 500 milhões e um EBITDA estimado em R$ 400 milhões para 2024, o valor pago implica em um múltiplo de 11x EV/EBITDA. Este múltiplo pode se alterar ainda mais após o fechamento da concessão do mobiliário urbano no Rio de Janeiro, prevista para o final do ano, o que deverá dobrar a dívida da empresa.

Opinião do especialista

Alex Andre, economista da MSX Invest, destaca que a aquisição não foi uma surpresa, já que a Globo vinha gradualmente aumentando sua participação na Eletromidia, com um preço médio em torno de R$ 17 por ação. “O que surpreende é o prêmio pago, alcançando R$ 27, além dos R$ 2 adicionais caso haja desistência da OPA. Isso eleva o múltiplo a 11 vezes o EBITDA, evidenciando a qualidade da empresa e o forte apelo do mercado out of home para o grupo Globo”, comenta.

Para Alex André, o movimento da Globo reflete as dificuldades enfrentadas pela TV aberta e a necessidade de diversificação do portfólio de mídia diante da concorrência com o streaming e outras iniciativas digitais. “Publicidade na TV está cada vez mais desafiadora. A mídia ‘out of home’ representa uma alternativa que amplia a visibilidade e complementa as receitas. Além disso, a disputa pelo segmento out of home está aquecida, com concorrente, também investindo na área com aquisições relevantes”, explica o economista.

Apesar do entusiasmo com a transação, Alex André lamenta o cenário atual, que privilegia aquisições e o fechamento de capital em detrimento de IPOs. “A alta da Selic desincentiva investimentos e novas ofertas públicas, o que torna as empresas listadas mais baratas e atrativas para grupos com capital. Isso leva a um mercado onde vemos cada vez mais empresas sendo retiradas da bolsa”, afirma.

Com o fechamento de capital da Eletromidia, os investidores ganham uma boa oportunidade de saída, mas a bolsa perde uma empresa importante e bem gerida, que poderia continuar contribuindo para a diversificação e fortalecimento do mercado de capitais brasileiro.

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