Suspeitos de financiar Hezbollah lavando dinheiro com tabacaria em BH viram réus na Justiça


O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) recebeu a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que denuncia três homens por contrabando, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa com possíveis ligações internacionais. Policiais federais no Mercado Central, em BH
Reprodução/Polícia Federal
A Justiça Federal em Belo Horizonte aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus três homens suspeitos de lavar dinheiro com tabacarias para financiar o grupo extremista Hezbollah, do Líbano.
O trio, formado por um brasileiro, um libanês naturalizado brasileiro e um libanês residente do Brasil, foi alvo da segunda fase da Operação Trapiche, da Polícia Federal, em agosto deste ano (saiba mais abaixo).
Um deles, Mohamad Khir Abdulmajid, libanês naturalizado brasileiro, conhecido como “Habibi”, já havia sido alvo da primeira fase, em novembro do ano passado. Ele é procurado internacionalmente, não foi localizado no Brasil, e registros dão conta de que ele fugiu em direção ao Líbano.
A decisão de acatar a denúncia, da 2ª Vara Federal Criminal, foi emitida na semana passada. Dois dias depois, a Justiça pediu que Habibi apresentasse a defesa até o início deste mês. As audiências para depoimentos das testemunhas e interrogatório dos réus foram agendadas para o final de novembro.
Dos três réus, apenas um deles, o brasileiro, está detido em um presídio de Guarulhos, na Grande São Paulo. A defesa dele entrou com um pedido de liberdade provisória, que está sendo analisado pelo judiciário.
O g1 tenta contato com a defesa dos réus.
Mohamad Khir Abdulmajid
Reprodução
O cabeça do esquema
Os três réus estão sendo investigados pela Operação Trapiche, conduzida pela Polícia Federal, que apura esquema de contrabando e financiamento ao terrorismo. A segunda fase foi cumprida em agosto deste ano em BH, Contagem, Nova Lima, Uberlândia, São Paulo e Brasília e embasou a denúncia apresentada pelo MPF.
Mohamad Khir Abdulmajid, conhecido como “Habibi”, é suspeito de comandar o esquema.
Segundo a denúncia, ele realizava contrabando de produtos proibidos, especialmente cigarros eletrônicos e acessórios cuja importação é proibida no Brasil. Ele era dono de duas tabacarias, localizadas no Centro de Belo Horizonte e na Savassi, na Região Centro-Sul.
Justiça manda fechar tabacaria no Mercado Central
Reprodução/Polícia Federal
Mohamad também é acusado de criar o esquema de lavagem de dinheiro, usando várias empresas de fachada e outras pessoas para esconder a origem do dinheiro obtido ilegalmente.
Habibi também foi alvo da primeira fase da operação em novembro de 2023, quando a PF descobriu que brasileiros estavam sendo recrutados por organização terrorista e que eles viajaram para o Líbano, onde foram entrevistados, e alguns, selecionados para atos terroristas no Brasil.
O financiamento advinha de dinheiro do comércio ilegal de cigarros eletrônicos contrabandeados e vendidos em tabacarias.
Ele e outro brasileiro, Lucas Passos Lima, se tornaram réus em fevereiro deste ano por causa dos crimes descobertos na primeira fase da operação.
Polícia Federal fecha tabacaria no Mercado Central, em Belo Horizonte
Os demais réus
Outro dos réus é um cidadão libanês que vive no Brasil, chamado Hussein Abdallah Kourani. Ele é suspeito de colaborar com Habibi nas operações financeiras para disfarçar a origem ilícita dos recursos e foi enquadrado na lei de combate ao terrorismo e em atos de organização criminosa.
Além dele, o brasileiro Dante Felipini fazia parte do esquema, segundo a denúncia. Ele era responsável por ocultar a origem dos recursos e é réu por lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e organização criminosa.
A denúncia diz que as acusações são embasadas em “evidências documentais” coletadas pela operação da Polícia Federal.
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