Projeto da Unicamp usa óculos de realidade virtual de baixo custo para aprendizagem de poemas


Idealizado por pesquisadora na área de linguística aplicada, ‘Imersão Poética’ propõe a alunos do ensino fundamental um novo modo de entender a poesia através da realidade virtual em sala de aula. Óculos de realidade virtual de baixo custo permite nova possibilidade de ensino e aprendizagem de poemas nas salas de aulas
Arquivo pessoal
Já imaginou estar imerso em um poema para aprendê-lo? Essa é a ideia do projeto “Imersão Poética”, de Rita de Fátima Rodrigues Guimarães, da Unicamp, que criou um método de aprendizagem que une realidade virtual e poesia. Nesta quinta (31) é celebrado o Dia Nacional da Poesia.
Utilizando óculos de realidade virtual (RV) feito de papelão e um celular com um aplicativo licenciado para pesquisa, os estudantes entram em um ambiente imersivo por meio da visão e da audição.
A pesquisadora na área de linguística aplicada no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) utilizou o método com alunos do ensino fundamental II de uma escola particular com a ideia de criar interesse pelos temas poéticos, além de complementar a experiência do ensino de poemas em salas de aula.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
O instrumento de realidade virtual criado por Rita permite que os alunos explorem poemas transitando pela imaginação e pela realidade, o que, segundo ela, “estimula o interesse das crianças e jovens no entendimento do significado e da linguagem do poema apresentado”.
Como funciona?
A pesquisadora explica que o estudante coloca o óculos de papelão, que é equipado com um celular contendo o aplicativo desenvolvido unicamente para a pesquisa, e enxerga o cenário do poema.
Assim, o usuário pode explorar o local por meio da visão e da audição, já que a imersão possui sonoridade, “levando o aluno a uma imersão na realidade virtual apresentada”, diz Rita.
Visão que o aluno tem ao iniciar a atividade de imersão poética
Arquivo pessoal
A pesquisadora explica que o poema que a levou a idealizar o projeto foi ‘Canção do Exílio’, de Gonçalves Dias.
“Quando trabalhava esse poema com os alunos durante meu mestrado percebi que eles se interessavam por compreender ‘Canção do Exílio’, então eu pensei: por quê não aprender esse poema, que fala da terra exaltada, por meio de um ambiente de realidade virtual? Foi aí que comecei a criar o projeto”, conta.
Durante as aulas com a realidade virtual, que foram produzidas de forma intercalada com atividades de escrita, leitura e oralidade, Rita lembra que trabalhou as diversas figuras de linguagens e significados do poema com os estudantes e viu cada um explorar individualmente as maneiras de entendimento de Canção do Exílio.
“Uma grande vantagem da mídia imersiva com realidade virtual é que o aluno explora e traça seu caminho de modo individual até o aprendizado, fazendo com que ele interprete de forma autônoma o conteúdo mostrado”, afirma a pesquisadora.
De acordo com Rita, ainda existem outras vantagens em trabalhar a poesia através da realidade virtual em sala de aula. Ela afirma que os estudantes alcançam maior motivação, foco e produtividade com as atividades de mídia imersiva.
Rita de Fátima Rodrigues Guimarães é engenheira da computação e é formada em licenciatura em Letras
Arquivo pessoal
Possibilidades para os professores
Segundo a pesquisadora, a mídia imersiva revela novas possibilidades aos professores de linguagens que abordam temas poéticos em suas aulas.
“O professor tem a possibilidade de disponibilizar a customização dos conteúdos, aplicando de outras maneiras de acordo com o que ele necessita para a aula. De repente criar outros cenários para a mídia imersiva”, explica.
Além disso, Rita reforça que seu projeto alia a tecnologia utilizada de modo e por tempo adequados a educação e a poesia.
Ela acredita que “a tecnologia usada de forma correta nos ambientes escolares pode ser muito benéfica, como foi no caso do projeto da Imersão Poética”.
A pesquisa foi desenvolvida no doutorado de Rita Guimarães, que faz parte de um projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com a supervisão e orientação de Inês Signorini e particpação da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
*Sob supervisão de Fernando Evans
VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.