Venezuela convoca embaixador do país no Brasil no episódio mais recente da crise diplomática entre os dois governos


A crise diplomática entre os dois países vem se agravando desde a eleição presidencial venezuelana em julho de 2024. A tensão aumentou depois que o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics. A Venezuela convocou o embaixador do país no Brasil no episódio mais recente da crise diplomática entre os dois governos.
Era de manhã bem cedo quando o regime de Nicolás Maduro decidiu convocar imediatamente para consultas o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell. À tarde, o encarregado de negócios brasileiro em Caracas, Breno Hermann, compareceu à chancelaria venezuelana para dar explicações.
De recepção com honras no Brasil a convocação de embaixador: a cronologia da crise Lula x Maduro
A crise diplomática entre Brasil e Venezuela vem se agravando desde a eleição presidencial em julho de 2024. O Conselho Eleitoral, controlado pelo governo, declarou a reeleição de Nicolás Maduro. A oposição contestou, apontou fraudes e apresentou atas eleitorais que mostram a vitória de Edmundo González. O Brasil, ao lado de diversos governos, até hoje não reconheceu o resultado e cobra de Maduro a publicação de todas as atas eleitorais.
A tensão entre os dois países aumentou quando o Brasil se posicionou contra a entrada da Venezuela no Brics, o bloco dos países emergentes. E, na terça-feira (29), durante uma audiência pública na Câmara, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, disse que a Venezuela não havia respeitado o princípio da transparência nas eleições.
“Houve uma quebra de confiança dentro do processo eleitoral, porque nós apostamos muito em determinada coisa, algo nos foi dito e não foi cumprido”, disse Celso Amorim.
Celso Amorim disse que a Venezuela não havia respeitado o princípio da transparência nas eleições
Jornal Nacional/ Reprodução
Na nota em que convocou o embaixador, o governo da Venezuela comentou a declaração de Celso Amorim e afirmou que o assessor de Lula se comporta “como mais um mensageiro do imperialismo norte-americano, dedicou-se de forma impertinente a emitir julgamentos de valor sobre processos que cabem apenas aos venezuelanos”.
Na linguagem diplomática, quando um governo convoca para consultas seu embaixador, é sinal de reprimenda contra o país em que ele está credenciado. Do lado brasileiro, o governo optou pelo silêncio e por manter a embaixada em Caracas funcionando normalmente.
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