Investigados por fraudes bilionárias com fintechs forjaram documentos para dar golpe de R$ 300 milhões no BNDES, diz PF


Operação nesta quarta-feira prendeu três pessoas suspeitas da tentativa de fraude contra a instituição federal. Ação é um dos desdobramento da Operação Concierge, que apura desvios de R$ 7,5 bilhões por meio de bancos digitais. Polícia Federal de Campinas realiza duas operações nesta quarta-feira (30)
Os três presos nesta quarta-feira (30), em uma operação da Polícia Federal de Campinas (SP) contra uma tentativa de fraude no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), fraudaram documentos para aplicar um golpe de R$ 300 milhões na instituição federal, de acordo com a investigação.
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A Operação Wolfie, deflagrada nesta quarta, é um desdobramento da Operação Concierge, que investiga fraudes de R$ 7,5 bilhões por meio de fintechs, bancos digitais que não eram autorizados pelo Banco Central (Bacen) para operar no sistema financeiro internacional.
Dois dos presos, inclusive, já haviam sido detidos à época que a Operação Concierge foi deflagrada, em 28 de agosto. [veja abaixo quem foi preso]
Segundo a PF, a investigação constatou que uma das fintechs protocolou um pedido de financiamento no BNDES para a aquisição de um banco autorizado pelo Bacen.
PF de Campinas deflagrou operação contra fraudes no BNDES nesta quarta
Divulgação/Polícia Federal
O pedido de financiamento ao BNDES foi feito, segundo a Polícia Federal, com documentos falsos produzidos pelo dono da fintech junto com um contador e um lobista que seria o responsável por tentar a aprovação junto à instituição federal. A solicitação foi negada dias depois da Operação Concierge ser deflagrada.

No total, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva em Campinas e dois de busca e apreensão – sendo um na metrópole e um em Hortolândia (SP). O material apreendido e os presos foram encaminhados à Delegacia da Polícia Federal de Campinas.
Quem foi preso nesta quarta?
O g1 apurou a identidade dos presos. Veja quem são:
Aedi Cordeiro
Reprodução/youtube
Aedi Cordeiro dos Santos: contador apontado pela investigação como o responsável por arquitetar o esquema criminoso e utilizar as duas fintechs para movimentar milhões de reais. Ele já estava preso por envolvimento em outras duas operações da PF: Black Flag e Skotos e teve um mandado cumprido na cadeia.
Patrick Bezerra Burnett: presidente e fundador do Inovepay, fintech investigada por gestão fraudulenta na Operação Concierge. Ele tinha sido preso no dia da operação, em 28 de agosto, e solto posteriormente.
Um lobista que atuou no esquema para tentar fraudar o financiamento do BNDES.
Patrick Burret, CEO do Inovebanco
Reprodução/Linkedin
A defesa de Patrick Burnett, exercida pelo escritório Fernando José da Costa – Advogados, afirmou ao g1, em nota enviada nesta quarta-feira, que a decisão do magistrado da 9ª Vara Federal de Campinas, ao decretar novamente a prisão preventiva dele,” com base em supostos indícios de um pedido de empréstimo junto ao BNDES não concedido”, foi “absolutamente precipitada e desproporcional”.
“Patrick, mais uma vez, declara sua inocência e regularidade das operações realizadas por sua empresa InovePay”, diz o texto da nota. A reportagem também aguarda um posicionamento do advogado de Aedi sobre o novo mandado de prisão preventiva.
Os investigados vão responder por falsidade ideológica, uso de documento falso, associação criminosa, obtenção de financiamento mediante fraude e advocacia administrativa. As penas somam 25 anos de prisão.
O nome da nova operação, “Wolfie”, é uma referência à forma que um dos investigados se referia ao lobista.
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Operação Concierge
A investigação apontou que as fintechs, com sede em Campinas , fizeram transações suspeitas sem que os bancos notificassem os órgãos de controle. Além disso, diz que, ao não controlarem as transações de pessoas físicas, os bancos descumpriram regras do setor bancário e facilitaram o cometimento de crimes.
🔎 Fintech – combinação das palavras “financial” (finanças) e “technology” (tecnologia), em inglês – é o termo utilizado para descrever instituições que usam tecnologia para oferecer serviços e produtos digitais no mercado financeiro.
A organização criminosa investigada pela Polícia Federal (PF) na Operação Concierge é suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas e esconder valores para a UPBus, empresa de ônibus suspeita de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A operação
A Operação Concierge foi deflagrada na manhã do dia 28 de agosto. Foram feitas 14 prisões nas casas dos investigados em Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP). Entre os presos, estavam os CEOs da fintechs Inovepay e T10 Bank. Eles foram soltos pela Justiça posteriormente.
As apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos. A Justiça ainda autorizou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa.
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Sob escolta, carros de luxo apreendidos foram levados ao longo do dia para o pátio da PF em Campinas e para um estacionamento alugado pela corporação. São utilitários esportivos e carros esportivos de marcas, como Porsche, Land Rover, BMW, Volvo e Mercedes-Benz.
Ainda de acordo com a PF, os agentes também apreenderam joias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito, além de documentos, celulares e computadores.
Defesas
À época da operação, a defesa de Patrick Burret, CEO da Inovepay afirmou que vai demonstrar, ao longo do processo, que as operações da instituição são lícitas.
O advogado de Aedi também reiterou a inocência dele. “Todavia, desde já, informa que diante dos elementos parciais de informação que acompanharam o pedido de prisão preventiva, afirma veementemente sua inocência. Era tão-somente cliente de um dos bancos de pagamento objeto da Operação Concierge”, diz a nota.
O advogado do sócio do T10 bank, José Rodrigues, preso no dia da operação e solto depois, afirmou que a atividade da empresa estava regular e nunca houve, por parte dos gestores, qualquer irregularidade.
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