Polêmica sobre Danone parar de comprar soja do Brasil; entenda

A Danone do Brasil veio a público nesta terça-feira (29) negar que tenha interrompido a compra de soja nacional, em resposta a uma declaração à imprensa de Juergen Esser, diretor financeiro da empresa, feita na semana passada. A fala de Esser, na última sexta-feira (25), gerou repercussão negativa ao afirmar que a multinacional francesa parou de importar soja do Brasil e passou a adquirir o insumo da Ásia, citando sustentabilidade como justificativa.

Em comunicado, a Danone Brasil afirmou que “segue comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais”. A empresa ressaltou que a soja é essencial para sua cadeia de fornecimento e garantiu que sua origem é rastreada para evitar produtos provenientes de áreas desmatadas.

Reação do governo brasileiro

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) criticou a postura da Danone e outras empresas europeias, classificando as declarações como “intempestivas e descabidas”. A pasta ressaltou que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e políticas públicas para combater o desmatamento em regiões como a Amazônia e o Cerrado. O governo brasileiro também considerou a lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR) arbitrária e punitiva, afirmando que as exigências podem afetar pequenos produtores e elevar custos de exportação.

A EUDR, que impõe restrições à compra de produtos de áreas desmatadas, deve entrar em vigor em janeiro de 2025, mas a União Europeia avalia a possibilidade de postergar sua implementação por mais um ano.

Impactos no mercado

Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, analisou o impacto das declarações e as possíveis consequências para o Brasil: “A Danone na Europa afirmou que parou de comprar soja brasileira como forma de antecipação à EUDR e que vai adquirir o insumo na Ásia. No entanto, a filial brasileira desmentiu, e eles continuam comprando produtos agropecuários aqui, pois importar sairia muito caro.”

Delara destacou que, embora a fala de Esser tenha gerado revolta no setor, o impacto prático pode ser limitado: “A Ásia não é um grande importador de soja para a Europa, então pode ocorrer uma triangulação. No mercado de commodities, chamamos isso de ‘back to back’. A China, por exemplo, pode aumentar as compras no Brasil e revender a soja para a Europa. No final, para nós, o impacto direto seria pequeno, é mais uma questão de discurso que gerou desconforto.”

Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios (Foto: Reprodução)

A divergência entre as declarações da Danone na Europa e no Brasil levanta questionamentos sobre a estratégia da empresa e os impactos das novas regulamentações europeias. Para o setor agro brasileiro, a polêmica evidencia um cenário de discursos desalinhados, mas com baixo impacto prático imediato nas exportações de soja. Com a proximidade da implementação do EUDR, a expectativa é que as negociações entre o Brasil e a União Europeia avancem para garantir que as exigências regulatórias não prejudiquem pequenos produtores e mantenham o acesso do agronegócio brasileiro ao mercado europeu.

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