Polícia e MP pedem à Justiça prisões de 6 palmeirenses da Mancha Alviverde por emboscada a cruzeirenses da Máfia Azul


Investigação concluiu que três suspeitos têm postos de liderança dentro da Mancha Alviverde. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) segue empenhada no esclarecimento dos fatos. Briga entre torcedores do Palmeiras e Cruzeiro deixa 1 morto e 20 feridos em SP
A Polícia Civil e o Ministério Público (MP) pediram à Justiça as prisões de seis palmeirenses da torcida organizada Mancha Alvierde investigados por suspeita de participarem do ataque aos ônibus dos torcedores cruzeirenses da Máfia Azul, no domingo (27), na Grande São Paulo. Até a última atualização desta reportagem não havia uma decisão judicial a respeito.
Um torcedor da organizada do Cruzeiro morreu e outros 17 cruzeirenses ficaram feridos após uma emboscada organizada por parte da torcida do Palmeiras na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã. Dois ônibus que levavam torcedores da Máfia Azul para Minas Gerais foram vandalizados: um acabou incendiado e outro foi depredado.
Até a última atualização desta reportagem, dois cruzeirenses continuavam internados em hospitais de Mairiporã e Franco da Rocha, na região metropolitana.
A Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) identificou oito pessoas ligadas à Mancha Alviverde que participaram da emboscada contra torcedores do Cruzeiro.
Seis dos palmeirenses tiveram as prisões temporárias pedidas pela delegacia. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, que acompanha a investigação policial, concordou com os pedidos. A Promotoria apura o envolvimento de torcidas que agem como “facções criminosas”.
Segundo a Drade e o Gaeco, três dos suspeitos investigados têm postos de liderança dentro da Mancha Alviverde.
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Investigação
Ônibus foram destruídos durante briga entre torcedores de Palmeiras e Cruzeiro na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na Grande SP
Montagem/g1
As autoridades ainda analisam vídeos que circulam na internet e filmagens de câmeras de segurança para tentar identificar os autores do ataque a ônibus dos torcedores da Máfia Azul, como é chamada a torcida organizada do Cruzeiro.
A emboscada ocorreu na madrugada do domingo (27) na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, Grande São Paulo. Dois ônibus que levavam a torcida organizada para Minas Gerais foram depredados: um veículo acabou incendiado e outro teve os vidros quebrados.
O caso foi registrado na Delegacia de Mairiporã como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e tumulto com violência — este no âmbito da Lei Geral do Esporte.
O que dizem torcidas e clubes
Em suas páginas oficiais na internet, a direção da Mancha Alviverde negou que tenha organizado, participado ou incentivado qualquer ação relacionada a emboscada contra os cruzeirenses. E que não se responsabiliza por ações isoladas de palmeirenses envolvidos no ataque. A torcida informou ainda que lamenta profundamente o que ocorreu e que repudia com “veemência” a violência.
Procurada pela equipe de reportagem para comentar o assunto, a direção da torcida Máfia Azul não quis se manifestar.
O Palmeiras informou por meio de nota enviada à TV Globo que repudia as cenas de violência do final de semana envolvendo torcedores do clube contra a torcida do Cruzeiro. E defendeu uma punição rigorosa para os criminosos.
O Cruzeiro também se manifestou informando por sua rede social que “lamenta profundamente” mais um episódio de violência. E que é preciso dar um basta a atos criminosos.
‘Facções criminosas’, diz MP
José Victor morreu após emboscada da torcida do Palmeiras contra a do Cruzeiro
Reprodução/facebook
O Ministério Público (MP) acompanha as investigações da polícia. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da Promotoria vai apurar o envolvimento de torcidas que agem como “facções criminosas”.
Filmagens feitas pelos próprios palmeirenses viralizaram nas redes sociais. Eles mostram como eles atacaram cruzeirenses.
O cruzeirense morto é José Victor Miranda, torcedor da Máfia Azul,. Ele tinha 30 anos e, segundo seus parentes informaram à reportagem, a vítima estava dentro de um ônibus que foi incendiado e acabou sofrendo queimaduras fatais. Um laudo pericial da polícia irá apontar oficialmente a causa da morte. O exame ainda não ficou pronto.
Catorze dos cruzeirenses feridos foram socorridos por ambulâncias e levados para o Hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã.
Outros três torcedores do Cruzeiro seguiram para um hospital em Franco da Rocha, município vizinho. Nesta segunda-feira (28), uma das vítimas continuava internada; outras duas tiveram alta médica.
Briga de 2022 pode ter motivado emboscada
Organizadas de Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam na rodovia Fernão Dias, em MG
A polícia também investiga qual foi a motivação para o ataque do torcedores do Palmeiras contra os do Cruzeiro. Foram apreendidas 12 barras de ferro, dois pedaços de madeira, cinco rojões e duas bolas de sinuca. Os palmeirenses também usaram “miguelitos”, que são pregos retorcidos, para furar os pneus dos ônibus dos cruzeirenses e obrigá-los a parar na estrada.
Uma das hipóteses investigadas é se os palmeirenses quiseram se vingar dos cruzeirenses por causa de uma briga ocorrida em 29 de setembro de 2022. À época, integrantes da Máfia Azul atacaram membros da Mancha Alviverde. O confronto deixou quatro pessoas baleadas e outras dez feridas num pedágio numa rodovia em Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste de Minas Gerais.
À época, um vídeo compartilhado na internet mostrou um palmeirense caído no asfalto enquanto era agredido. Era possível ouvir os agressores dizendo: “A Mancha perdeu, não bate mais não, não bate mais não” (veja acima).
Rivalidade de 30 anos, diz jornalista
Rivalidade entre as torcidas de Palmeiras e Cruzeiro é antiga; neste domingo, uma pessoa morreu e 17 ficaram feridas num confronto entre organizadas dos dois times
Segundo o jornalista Adriano Wilkson, autor do podcast Sobre Meninos e Porcos, a rivalidade entre a Mancha Alviverde e a Máfia Azul tem mais de 30 anos. Ele deu entrevista nesta segunda-feira ao SP1 (veja vídeo acima).
De acordo com o pesquisador, ela surgiu em 1988, quando um diretor da Mancha foi assassinado em frente ao estádio do Palmeiras. Nenhum suspeito pelo crime foi preso pela polícia. A torcida então quis homenagear a vítima levando cartazes para um jogo. A Máfia estava no estádio em São Paulo e zombou, gerando uma briga generalizada nas arquibancadas.
“A Mancha nunca perdoou a Máfia Azul por ter cantado esses cânticos ofensivos”, disse Adriano à TV Globo. “A partir daí, nasce uma das rivalidades mais violentas entre as torcidas organizadas”.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o confronto mais recente entre Mancha Alviverde e Máfia Azul ocorrido neste último domingo aconteceu por volta das 5h20, no km 65 da via, sentido Belo Horizonte.
Segundo a PRF, os palmeirenses tinham acompanhado o empate por 2 a 2 entre o Palmeiras e o Fortaleza, no sábado (26) na capital paulista. Os cruzeirenses, de acordo com os policiais, retornavam de Curitiba, no Paraná, onde o Cruzeiro perdeu por 3 a 0 para o Atlético Paranaense. Todas as equipes disputam o Campeonato Brasileiro de futebol masculino.
José Victor Miranda, torcedor do Cruzeiro morto em São Paulo
Facebook/ Reprodução

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