Entre altas e baixas, Ibovespa fecha no vermelho

Segundo análise de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, a alta do Ibovespa para a faixa dos 131 mil pontos está sendo impulsionada hoje, principalmente por uma recuperação nos setores de mineração e frigoríficos, além do impacto positivo de um possível estímulo fiscal da China.

Externamente, o mercado reage aos dados dos EUA, especialmente o relatório JOLTs, que sinaliza uma desaceleração no mercado de trabalho, aumentando as apostas em estímulos do Federal Reserve. O avanço nas ações da Embraer segue em parte pela confirmação do contrato com a República Tcheca para a compra de duas aeronaves C390, que, embora já fosse esperada pelo mercado, reforça a confiança no portfólio de defesa da companhia.

Esse modelo tem mostrado uma taxa de sucesso de missão excepcional, o que desperta interesse de outros países. Embraer vem construindo uma presença sólida na defesa, e essa expansão para novos mercados reforça a posição da empresa como fornecedora de aeronaves multifuncionais. Esse potencial de novos contratos ajuda a manter o otimismo para os próximos trimestres.

Outra alta é de Marfrig, que surfa no ciclo positivo da BRF, sua controlada, que está em um momento muito favorável na avicultura. Os ganhos com a BRF vêm sustentando o valor da Marfrig, que, no atual ciclo, se beneficia da margem de frango no Brasil e das expectativas de recuperação na América do Sul. No entanto, vale lembrar que a situação de alavancagem da Marfrig segue como um ponto de atenção – um pouco de alívio vem da venda de ativos para a Minerva, mas o desafio das margens apertadas nas operações dos EUA ainda persiste.

As ações da Minerva avançam também com o impulso positivo do setor de frigoríficos, já que o segmento bovino na América Latina está em alta. A empresa conseguiu fortalecer sua presença regional e capitalizar em cima da venda de ativos estratégicos da Marfrig, consolidando-se como um player relevante na região. A expectativa é que a força do ciclo positivo de carne bovina na América do Sul mantenha os resultados sólidos para Minerva, ao menos a curto prazo.

Entre as quedas, temos a Azul. Após uma valorização recente, a Azul corrigiu, o que faz sentido se considerarmos o ajuste de expectativas dos investidores. A companhia conseguiu um alívio com o recente acordo de financiamento prioritário, levantando até US$ 500 milhões e evitando riscos de reestruturação mais profunda. Mas a alta volatilidade do setor e a necessidade constante de gestão de passivos mantêm os investidores cautelosos. O mercado está de olho na execução desses novos aportes e na forma como a Azul usará o auxílio do FNAC para sustentar sua posição de caixa.

Outra queda é de Locaweb, que tem sofrido com o cenário macroeconômico e a alta nos juros, que afetam negativamente o setor de tecnologia. A ação voltou ao seu nível de IPO, o que traz dúvidas sobre sua capacidade de se recuperar no curto prazo. A empresa está numa fase de reconstrução, especialmente após a reestruturação da Squid, e enfrenta o desafio de recuperar um crescimento consistente. Mas, para quem tem visão de longo prazo, o crescimento em geração de caixa e margens de EBITDA em ascensão são um bom indicativo.

Fleury também viu suas ações caírem em meio a um cenário de custo elevado e menor alavancagem operacional, especialmente com as comparações anuais que pressionam o crescimento da receita. A sinergia da aquisição da Pardini é positiva, mas o setor de saúde continua exposto aos impactos da alta dos juros, o que afeta o fluxo de caixa das operações. Mesmo assim, a expectativa é de crescimento moderado e melhorias nas margens no médio prazo, o que pode trazer alguma estabilidade.

O dólar disparou para R$ 5,75, na minha visão, devido ao cenário de incertezas políticas e econômicas nos EUA, especialmente pela proximidade das eleições. O Banco Central no Brasil reforça preocupações com a inflação de serviços, o que pressiona a curva de juros futuros e sugere possíveis ajustes para controlar a inflação e estabilizar expectativas.

Confira aqui os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:

  • Ibovespa: 130.729,93 (-0,37%)
  • S&P 500: 5.833,11 (+0,16%)
  • Nasdaq: 18.712,75 (+0,78%)
  • Dow Jones: 42.234,36 (-0,36%)
  • Dólar: R$ 5,76 (+0,92%)
  • Euro: R$ 6,23 (+0,09%)

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