Espanha se recusa a participar da posse de Sheinbaum no México devido à exclusão do rei

A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, acompanhada de seu marido, Jesús María Tarriba, na cerimônia do “Grito de Independência”, em 15 de setembro de 2024, no Zócalo da Cidade do MéxicoCARL DE SOUZA

Carl de Souza

A Espanha, um dos principais parceiros comerciais do México, anunciou que não participará da cerimônia de posse de Claudia Sheinbaum como presidente do México em 1º de outubro, por considerar “inaceitável” que o rei Felipe VI não tenha sido convidado.

“O Governo da Espanha considera inaceitável a exclusão de Sua Majestade o Rei do convite para a posse”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado na noite de terça-feira. “Por isso (…) decidiu não participar em nenhum nível da referida posse”, acrescentou.

As autoridades mexicanas publicaram há uma semana a lista de personalidades que comparecerão à cerimônia de posse da primeira mulher presidente da história do país.

Sheinbaum sucede a outro esquerdista, Andrés Manuel López Obrador, que já teve divergências com Madri por causa da conquista espanhola do México.

O monarca espanhol não aparece na lista, que inclui importantes líderes da esquerda latino-americana, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e outras figuras como Jill Biden, esposa do presidente dos Estados Unidos.

“O chefe de Estado, o rei da Espanha, sempre comparece a todas as posses e por isso não podemos aceitar que neste caso seja excluído”, disse nesta quarta-feira a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, em declarações à imprensa no Congresso dos Deputados.

“Portanto”, continuou Robles, “se o chefe de Estado for excluído, a Espanha não estará representada, o que lamentamos muito porque o povo mexicano é um povo irmão”.

Como herdeiro do trono e posteriormente rei, Felipe VI participou em cerca de 80 cerimônias de posse na América Latina, segundo o jornal espanhol El País, que acrescenta que a ausência do rei “em um dos países mais importantes da comunidade ibero-americana não passaria despercebida”.

Espanha e México estão unidos por poderosos laços históricos, humanos e econômicos, que esfriaram durante o mandato de López Obrador. O presidente em fim de mandato declarou duas vezes uma “pausa” nas relações com sua ex-potência colonial.

Quando chegou ao poder, López Obrador, do mesmo partido de Sheinbaum, exigiu um “pedido de desculpas” do rei da Espanha e do papa pela conquista e colonização (1521-1821) do México. Madri evitou responder.

A Espanha é o segundo país com maiores investimentos no México, atrás apenas dos Estados Unidos, e milhares de empresas espanholas operam em território mexicano, entre elas BBVA e Santander, os principais bancos do mercado mexicano.

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