Justiça realiza 1ª audiência da denúncia que apura a compra do kit robótica para alunos de Sorocaba


Caso foi denunciado pelo MP em 2022. Segundo o inquérito, a prefeitura emitiu uma nota de aproximadamente R$ 26 milhões pela compra de 30 mil kits de robótica; Após o inquérito, a Justiça bloqueou os bens do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, do secretário de Educação, Marcio Carrara, e da empresa Carthago. Crianças precisaram montar o kit de robótica sem ter aulas em Sorocaba
Reprodução/ TV TEM
A Justiça realiza, nesta segunda-feira (23), às 9h30, a primeira audiência do caso que investiga a compra dos kits de robótica pela Prefeitura de Sorocaba (SP). A sessão será por videoconferência.
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O caso veio à tona após denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), em abril de 2022. Segundo o inquérito, a prefeitura emitiu uma nota de aproximadamente R$ 26 milhões pela compra de 30 mil kits de robótica, que foram distribuídos em 17 de janeiro, para as crianças que têm entre seis e 11 anos de idade.
Em maio de 2023, a Justiça chegou a bloquear em R$26.289.966,70 os bens do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), do secretário de Educação, Marcio Carrara, e da empresa Carthago.
O g1 teve acesso ao relatório e aos respectivos dados emitidos pelo TCE. A conclusão da fiscalização anotou 10 apontamentos ou falhas na compra da Sedu. Os principais problemas, segundo a fiscalização do Tribunal de Contas, são os seguintes:
Potencial sobrepreço do material adquirido;
Descaracterização do material adquirido como “kits de robótica”;
Falhas nos aspectos pedagógicos do projeto;
Precário planejamento prévio para implantação do programa;
Elevado número de avarias nos kits adquiridos, segundo entrevistas realizadas;
Treinamento insuficiente, segundo entrevistas realizadas;
Impossibilidade, em elevado número de salas de aula, de montagem dos kits
Baixa utilização do material de apoio pedagógico
MP apura compra de materiais de robótica para alunos em Sorocaba
Reprodução/TV TEM
Também foi anexado ao processo um parecer elaborado pelo Alexandre da Silva Simões, doutor e professor livre docente do Departamento de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), do campus Sorocaba.
Neste parecer, o especialista lista mais de dez pontos sobre possíveis problemas com os equipamentos. Os principais são:
Não há placas microcontroladas nem nenhum outro elemento computadorizado, nem software no conjunto. Os kits, portanto, não são programáveis. Sequer caberia, portanto, sua designação como robôs, sendo a designação como brinquedo mais adequada;
Diferentemente da concepção com os kits de robótica estruturados, a proposta pedagógica de Sorocaba não foi concebida segundo a perspectiva do estímulo ao desenvolvimento dos processos cognitivos do aluno. Ao contrário, a montagem segue uma receita pré-definida cujo objetivo é ter, ao final, o brinquedo montado;
Não há de se falar em utilização do kit para exploração do mundo (“máquina para pensar com”). A montagem resulta em um brinquedo, com uma capacidade de exploração lúdica extremamente reduzida;
Cada kit permite a montagem de um único elemento (carro, avião, menino), com um design adultocêntrico, não permitindo que a criança desenvolva sua criatividade ou explore o seu imaginário;
A complexidade das montagens é pré-definida e não permite adequações para a zona de desenvolvimento proximal de cada aluno ou grupo;
A abordagem não é voltada para o sócio interacionismo, não permitindo explorar a realidade ou as experiências particulares de cada aluno;
O kit não é programável, fato que coloca essa abordagem inequivocamente como tecnologicamente defasada;
Os kits não permitem a estruturação do pensamento computacional;
O processo de mediação e orientação do professor fica substituído pela tarefa de ensinar ao aluno como replicar o manual de montagem;
A abordagem não é voltada para a formação do pensamento crítico fundamental para o sujeito contemporâneo;
Os kits são de madeira, o que implica em uma capacidade de reaproveitamento muito baixa;
MP apura compra de materiais de robótica para alunos em Sorocaba
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