Arquiteto morto por garoto de programa passou o dia com a família e cantou em coral antes de ser assassinado, diz amiga

Segundo a Polícia Civil, João Henrique usou o corpo de Roberto Paiva para fazer reconhecimento facial em um aplicativo de banco. Autor também tirou selfies na casa do arquiteto após o assassinato. Arquiteto e urbanista Roberto Paiva, foi assassinado em Goiânia; Garoto de programa João Henrique Aguiar Soares confessou à polícia a autoria do crime
Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil
O arquiteto e urbanista Roberto Paiva, de 64 anos, passou o dia com a família antes de ser assassinado em Goiânia, segundo Márcia Righetto, amiga dele há mais de 40 anos. O garoto de programa João Henrique Aguiar Soares, de 22 anos, foi preso e confessou à polícia a autoria do crime.
“Ele era muito ligado à família. A irmã dele tinha uma filha e a filha tinha duas filhinhas que eram sobrinhas dele, que ele amava. Tanto é que ele passou o domingo com elas e à noite foi cantar no coral”, contou Márcia.
O g1 não localizou a defesa de José Henrique porque o caso corre em segredo de justiça. A Defensoria Pública do Estado de Goiás informou que representou o jovem durante a audiência de custódia. Mas, até o momento, ainda não foi intimada para novas atuações.
O crime aconteceu na madrugada de segunda-feira (25), no apartamento de Roberto, no Setor Oeste. Segundo a Polícia Civil, o rapaz usou o corpo da vítima para fazer reconhecimento facial em um aplicativo de banco, além de também ter feito selfies na casa do arquiteto após o assassinato.
“A gente fica imaginando o tanto que ele sofreu na mão desse cara. Ele queria roubar, por que que não roubou e foi embora? Pra que tirar a vida de uma pessoa daquela forma?”, desabafou.
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Apesar de não conversarem detalhadamente sobre algumas intimidades, a amiga disse que não sabia do envolvimento de Roberto com o assassino.
“Ele frequentava lugares bons, podia arrumar um companheiro, uma pessoa pra ele ficar pro resto da vida, tinha uma situação financeira controlada, inteligente… Infelizmente, o mundo tá muito perverso, tá muito cruel, então aconteceu essa fatalidade”, falou Márcia.
Dinâmica do crime
Câmeras de segurança registraram a entrada e saída do garoto de programa do local (assista acima). Aos policiais, ele confessou ter enforcado a vítima até a morte.
Vídeo mostra quando garoto de programa suspeito de matar arquiteto deixa prédio da vítima
Transferências bancárias
Segundo a polícia, depois do homicídio, José Henrique diz que tentou fazer transferências bancárias de mais de R$ 60 mil da conta da vítima para a dele, via PIX. Para isso, ergueu a cabeça do arquiteto já morto para tentar fazer o reconhecimento facial do aplicativo no banco. Porém, não conseguiu.
Segundo o delegado Daniel José de Oliveira, responsável pelas apurações, foram essas tentativas de reconhecimento facial que chamaram a atenção da equipe de segurança do banco. Pelas fotos era possível ver o braço de uma pessoa erguendo a cabeça da vítima e, por isso, denunciaram a situação.
Sem sucesso com as transferências, o rapaz, então, furtou os cartões de crédito da vítima.
Alteração da cena do crime
Após o furto, José Henrique confessou ter modificado a cena do crime. O objetivo dele era passar a ideia de que o arquiteto havia tentado contra a própria vida.
Segundo o delegado, a vítima foi encontrada morta no banheiro, com um crucifixo na mão e uma corda em volta do pescoço.
Selfie no espelho
José Henrique, preso por suspeita de homicídio, em Goiânia, Goiás
Divulgação/Polícia Civil
Antes de abandonar o apartamento do arquiteto, após o crime, José Henrique tirou fotos na casa da vítima e publicou nas redes sociais.
Uma das imagens compartilhadas pela polícia mostra o rapaz sem camisa, posando em frente ao espelho.
Na visão do delegado, o rapaz agiu como se nada tivesse acontecido, demonstrando não sentir nenhum remorso pelo que havia acabado de fazer.
“Ele demonstra frieza, já que fez postagens tirando foto na casa da vítima, como se fosse um dia normal”, afirma o delegado.
Compras em camelódromo
Levando consigo o cartão de crédito do arquiteto e uma mala, José Henrique conta que saiu do apartamento ao amanhecer e foi até um camelódromo no Setor Campinas. Lá, gastou cerca de R$ 4 mil.
Depois das compras, voltou para a própria residência, no Jardim Esmeralda, onde deixou os itens adquiridos.
Itens apreendidos com José Henrique, suspeito de homicídio, em Goiânia, Goiás
Divulgação/PC
Prisão
José Henrique foi preso por volta de 13h45, na calçada do prédio da vítima. Em depoimento, ele explicou que pretendia voltar ao local simular o encontro do cadáver e acionar a polícia sobre o suposto suicídio.
O plano do garoto de programa não foi concluído porque a polícia o abordou antes da simulação. De acordo com o delegado, inicialmente, ele mentiu sobre sua identidade, porém os policiais descobriram seu verdadeiro nome.
Além disso, logo os policiais constataram que José Henrique já havia sido denunciado em outras ocasiões por crimes como furto e estelionato, o que só aumentou as suspeitas.
José Henrique, preso suspeito por suspeita de homicídio, e o momento em que ele negocia relógios em comercio de Goiânia, Goiás
Reprodução/Redes Sociais e Reprodução/Câmeras de segurança
Encontro do corpo e confissão
Acompanhados de uma zeladora do prédio e do suspeito, os policiais civis subiram até o apartamento da vítima, encontrando as chaves dentro da caixa de instalações elétricas do andar.
Dentro do apartamento, os policiais precisaram arrombar a porta da suíte, que estava trancada. Lá, encontraram o corpo da vítima com o crucifixo na mão e toda a simulação de suicídio.
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