‘Maníaco da moto’: relembre caso em que borracheiro ficou preso por engano durante 5 anos por estupros, tema do Linha Direta


Nove mulheres foram estupradas em 2014 em Fortaleza. Um borracheiro foi preso e condenado pelos crimes. No entanto, quase cinco anos depois, ele foi inocentando após novo julgamento. Homem rendia mulheres com faca e abusava delas em ruas com pouca movimentação de Fortaleza
Reprodução
Uma série de estupros foi registrada em Fortaleza em 2014. Nove mulheres, de 11 a 24 anos, foram abusadas nos bairros Parangaba, Maraponga e Vila Peri — todos na periferia da capital. O suspeito usava uma motocicleta e uma faca na abordagem às vítimas, por isso, o caso ficou conhecido como “Maníaco da Moto”.
Um borracheiro, identificado como Antônio Cláudio Barbosa de Castro, à época com 30 anos, foi preso e condenado pelos estupros. No entanto, ele foi inocentado em 2019 em novo julgamento, após passar quase cinco anos preso. O caso foi tema do Linha Direta desta quinta-feira (27).
Homem preso no lugar de estuprador deixa presídio após cinco anos
O que aconteceu?
Nove mulheres denunciaram terem sido estupradas em Fortaleza. O modo como os estupros aconteceram levavam a crer que o suspeito era o mesmo. Um homem chegava em uma motocicleta, abordava a vítima e usava uma faca e força física para abusar sexualmente dela. Ele levava as vítimas para um local ermo ou praticava o abuso sexual em ruas pouco movimentadas.
Por que Antônio Claudio foi preso?
Sete vítimas chegaram a reconhecer Antônio Claudio como o abusador. Ele era dono de uma borracharia no bairro Mondubim, que fica próximo aos bairros onde os estupros aconteceram.
Vítimas desistiram de denúncia
A Defensoria Pública do Ceará e o Innocence Project Brasil coletaram novas provas sobre o caso e pediram a revisão criminal.
O pedido de revisão criminal, obtido pelo g1, mostrou que sete das oito mulheres desistiram de acusar Antônio Cláudio. Quatro casos não chegaram a tornar processo criminal. No único que resultou em condenação, a vítima tinha 11 anos na época. Ela teria sido a primeira pessoa a reconhecer o dono de borracharia como criminoso.
Casos continuaram mesmo após prisão
A Defensoria Pública e o Innocence Project acrescentaram, no pedido de revisão criminal, que os ataques do “maníaco da moto” continuaram, mesmo com Antônio Cláudio preso. Uma mulher foi estuprada em abril de 2015; e uma outra, em janeiro de 2016, em Fortaleza.
Outro homem foi capturado pelos crimes e ainda teria sido reconhecido por duas vítimas, que antes haviam apontado Antônio como autor dos abusos.
Inclusive, duas policiais civis que investigaram o caso do “maníaco da moto” se convenceram de que o homem condenado não era o criminoso e atuaram como testemunhas de defesa no processo.
Como foi provada a inocência?
Antônio Cláudio foi preso durante cinco no lugar de homem que estuprou oito mulheres em Fortaleza
Natinho Rodrigues/G1
A liberdade veio para Antônio Carlos após uma ex-namorada do borracheiro procurar ajuda da Defensoria Pública e dos Advogados do Innocence Project Brasil, iniciativa de profissionais que atuam na defesa de condenados erroneamente pelo poder judiciário.
Entre as evidências apontadas pela defesa no novo julgamento, os advogados alegam que o autor do crime tem cerca de 1,80 metro, com base em vídeos que registram o homem cometendo os atos. A altura de Antônio Cláudio, condenado por engano, é 1,59 metro.
A advogada Flávia Rahal, integrante do projeto, afirma que “a única coisa que sustentou a condenação foi o reconhecimento feito pela vítima” – não houve exame de DNA, por exemplo.
O reconhecimento foi feito por uma criança de 11 anos, vítima de estupro. Conforme Rahal, a criança se equivocou ao se convencer de que o borracheiro foi o autor do crime.
Além disso, a defesa afirmou ter provas documentais que de que Antônio Cláudio não possuía uma motocicleta de cor vermelha no período em que os crimes foram cometidos.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

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