Jovem embaixadora da ONU é influenciadora da campanha do EPTV na Escola 2023

Projeto deste ano conta com parceria do Terra da Gente, que disponibiliza conteúdo especial para incentivar os alunos. Graduada em Relações Internacionais, Amanda começou a se envolver com o meio ambiente durante um projeto de iniciação científica.
Johnny Miller
O tema do EPTV na Escola deste ano traz à tona o debate sobre a importância de se reconectar com a natureza e compreendermos que fazemos parte dela. Pela primeira vez o projeto conta com a parceria do Terra da Gente, que prepara uma série de reportagens especial para setembro abordando conceitos como “déficit de natureza” na visão de especialistas, além de estudos recentes que comprovam os benefícios de se estar conectado com a natureza e histórias de crianças e adolescentes que comprovam tudo isso.
Neste ano, a campanha do projeto conta com a presença da ativista climática e jovem embaixadora da ONU, Amanda Costa, de 26 anos, que se conecta com a juventude por meio de uma linguagem engajadora sobre temáticas ambientais. Nascida na Brasilândia, zona norte de São Paulo, Amanda é filha de pais funcionários públicos e tem uma irmã mais velha de 32 anos.
Graduada em Relações Internacionais, Amanda começou a se envolver com o meio ambiente durante um projeto de iniciação científica que desenvolvia na universidade em 2017. Dois anos depois ela fundou o Perifa Sustentável, uma organização sem fins lucrativos que promove ações sustentáveis educativas em periferias de São Paulo. De lá para cá, ela já participou de várias campanhas e eventos para discutir as mudanças climáticas e seus impactos. Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas já foram quatro participações: COP23 na Alemanha em 2017, COP24 na Polônia em 2018, COP26 na Escócia 2021 e COP27 no Egito em 2022.
Amanda já participou de quatro Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Arquivo Pessoal
“Além do Perifa Sustentável, faço parte do Engajamundo, uma rede de jovens comprometidos com o futuro do planeta, e produzo conteúdo para a campanha ‘Amazônia de pé’, que é um projeto de lei de iniciativa popular que visa destinar as terras públicas da Amazônia para proteção dos povos indígenas, comunidades quilombolas e unidades de conservação”, conta Amanda, que está na lista Forbes Under 30.
Sobre o projeto EPTV na Escola de 2023, a ativista climática explica que o tema é um convite para que docentes e estudantes reflitam criticamente o momento atual que vivemos e encontrem intersecções para questionar o modelo vigente, de modo a contribuirmos para um mundo mais sustentável. “É importante frisar que quando falamos em restabelecer contato com a natureza não estamos pensando de forma separada, nós fazemos parte da natureza, somos a natureza. Por isso é fundamental restabelecer a conexão com o lugar onde a gente faz parte. Já foi comprovado por pesquisadores que quando ficamos muito tempo longe da natureza nós sofremos com depressão, ansiedade, crise de pânico”, diz.
BRAZIL CLIMATE SUMMIT
A jovem já participou de várias campanhas e eventos para discutir as mudanças climáticas e seus impactos.
Arquivo Pessoal
Em setembro deste ano, Amanda Costa participa do Brazil Climate Summit, em Nova Iorque, ao lado de lideranças do mundo inteiro para discutir as oportunidades e responsabilidades do Brasil em um mundo onde os impactos ambientais e sociais estão cada vez mais frequentes. O evento recebe líderes empresariais, empreendedores, acadêmicos, especialistas, formuladores de polícias ONGs e organizações multilaterais.
Organizado pela Columbia Business School, o fórum busca compreender o papel do Brasil como hub de soluções para o mundo, gerar desenvolvimento econômico sustentável para a população, debater como o Brasil pode atrair capital mais verde e o papel do setor privado no cumprimento da Agenda 2023.
Amanda participa do painel ‘COP30: Leading discussions for 2025 in Brazil’ ao lado de governador do Pará, Helder Barbalho, de André Correa do Lago, da Secretaria de Clima e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, de Ilona Szabo, presidente e co-fundador do Instituto Igarapé, e do jornalista Michael Stott do Financial Times. A COP30 acontecerá em novembro de 2025, em Belém (PA).
“Espero que a gente consiga discutir temas relevantes para a sociedade brasileira e para o mundo, e contribuir de alguma forma com debates que vão guiar as próximas políticas públicas, seja de governos municipais, estaduais ou federais. Sinto que estamos em um momento encruzilhado onde o Brasil pode se posicionar como potência. Nós temos a Amazônia aqui, um bioma riquíssimo, cheio de biodiversidade. Aqui temos 12% de toda a água doce disponível para consumo no planeta. Nós podemos ser referência para o mundo em combate à questão climática, justiça ambiental”, aponta Amanda.
PRÓXIMA GERAÇÃO
Sobre o projeto EPTV na Escola de 2023, Amanda explica que o tema é um convite para que docentes e estudantes reflitam criticamente o momento atual que vivemos.
Arquivo Pessoal
Amanda reforça que é preciso levar diferentes mensagens para a próxima geração porque a juventude é submetida a diversas visões de mundo, muitas vezes propagadas pelas redes sociais e sustentadas em uma lógica de consumo. “Precisamos despertar neles agora o senso de urgência para outras causas para que eles sejam jovens engajados no futuro, para que eles questionem os lugares que foram deixados para eles e construam novas possibilidades. Eu sempre costumo usar a frase ‘não somos o futuro, somos o agora’, da Hamangai Pataxo, uma jovem indígena. A geração futura falhou com a nova geração, se olharmos para o cenário global só vemos guerras. É crise climática, crise da democracia, doenças pandêmicas se alastrando”, critica.
De acordo com ela, para se conectar com a juventude é necessário primeiro entender o que essa juventude fala. “Não podemos generalizar, porque não temos uma juventude, temos juventudes, no plural. Esses jovens são diversos, do sul, sudeste, norte, nordeste, centro-oeste, cada um pensa de uma forma. Por isso digo que para nos conectarmos precisamos fazer parte do grupo, adaptar a linguagem, o jeito, a comunicação. Não posso querer ditar as minhas regras e verdade. É importante saber o que eles consideram enquanto realidade. E aí a partir desse momento vai ser mais fácil criar linhas de conexão e, posteriormente, de engajamento”, explica.
Para finalizar, Amanda Costa deixa um recado importante para a sociedade em geral e que tem muita relação com o legado que o EPTV na Escola quer deixar. “É preciso se religar com a natureza, porque só assim vamos encontrar uma nova forma de existir e resistir nesse mundo. É um ato de coragem, ousadia e extrema necessidade. Se queremos continuar a nossa vida enquanto seres humanos moradores do planeta Terra, precisamos enxergá-la não só como um bem, um produto a ser explorado, mas como parte do nosso modo de existência. As pessoas precisam mudar essa perspectiva capitalista fundamentava na exploração, na disputa e no ego”, conclui.
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