‘Não dá pra confiar nesse macaco’: mulher de apostador usa ofensa racista contra jogador do Santos que não cumpriu acordo em esquema de manipulação

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Em troca de mensagens por aplicativo de mensagens, companheira de Romarinho, apostador que se tornou réu na Justiça, se refere a Eduardo Bauermann, então nos Santos, como ‘macaco’ e ‘vacilão’. Jogador, afastado do time, também é acusado de envolvimento no esquema de manipulação de jogos de futebol. Em ofensa racista, companheira de apostador se refere a jogador como ‘macaco’, depois de ele não cumprir parte do acordo e ser expulso de partida.
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A mulher de um apostador chamou o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, de “macaco” após ele não ter cumprido um acordo no esquema de manipulação de apostas esportivas.
A informação está em uma troca de mensagens obtida pelo g1 e que faz parte da investigação contra um grupo acusado de manipular resultados de jogos.
Identificada como “Beatriz” no Whatsapp, ela é mulher de Romário Hugo dos Santos, o Romarinho, jogador e apostador flagrado em conversas tratando do esquema. Romarinho se refere a Bauermann como “o preto” do Santos.
Tanto Romarinho quanto Bauermann se tornaram réus no âmbito da operação que investiga o esquema. Além deles, outras 14 pessoas foram acusadas de envolvimento na manipulação de jogos de futebol. Bauermann foi afastado do time.
Na troca de mensagens obtida pelo g1, “Beatriz” consola Romarinho, que perdeu milhares de reais depois de Bauermann não cumprir com o acordo de receber cartão vermelho em uma partida.
Em determinado momento da conversa, Romarinho diz a mulher que nunca “esteve tão perto de ficar rico”.
Ela responde: “não dá pra confiar nesse macaco mesmo”. “Vacilão demais”.
“Macaco” é uma forma racista de se referir a pessoas negras. Quando diretamente direcionada ao interlocutor, a ofensa pode ser caracterizada como injúria racial — um crime no Brasil, de acordo com a legislação.
Em outro trecho da conversa com a mulher, o apostador conhecido como Romarinho se refere ao jogador como ‘preto dos Santos’.
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Nas mensagens, Romarinho diz ainda que Bauermann pagaria por não ter cumprido o acordo. “Com certeza”, responde a mulher.
Segundo a denúncia, o zagueiro do Santos teria aceito o pagamento de R$ 50 mil para ser punido com um cartão amarelo na partida entre Santos x Avaí, em novembro, da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022.
Sem sucesso, o jogador teria aceitado ser expulso da partida entre Botafogo x Santos, da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022. Bauermann recebeu o cartão vermelho após o apito final do jogo — o que não vale para muitos sites de apostas.
Até a última atualização desta reportagem, o g1 não havia conseguido contato com a defesa de Romarinho.
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Como a operação começou
A Operação Penalidade Máxima já fez buscas e apreensões nos endereços dos envolvidos. Os casos investigados envolvem pagamentos em dinheiro para os jogadores fraudarem situações de jogo. Entre elas, punições com cartões amarelo ou vermelho e a marcação de pênaltis.
As investigações começaram no final de 2022, quando o volante Romário, do Vila Nova-GO, aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti no jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Romário recebeu um sinal de R$ 10 mil e só teria os outros R$ 140 mil após a partida, com o pênalti cometido. À época, o presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar, investigou o caso e entregou as provas ao MP-GO.
Segundo o Ministério Público, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos — como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time.
Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.

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