PF investiga se militar do Exército vendeu informações a garimpeiros na Amazônia

Os agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão em três estados. Em Ponta Grossa, no Paraná, apreenderam relógios e joias. O Jornal Nacional apurou que os objetos pertencem a Abimael Alves Pinto e a mulher dele. PF investiga se militar do Exército vendeu informações a garimpeiros na Amazônia
Jornal Nacional/ Reprodução
A Polícia Federal realizou nesta terça-feira (27) uma operação contra o garimpo ilegal na Amazônia. Um dos alvos foi um tenente-coronel do Exército.
Os agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão em três estados. Em Ponta Grossa, no Paraná, apreenderam relógios e joias.
O Jornal Nacional apurou que os objetos pertencem a Abimael Alves Pinto e a mulher dele. Abimael é tenente-coronel do Exército e investigado por vender informações sigilosas para garimpeiros sobre operações da polícia na Amazônia.
Ele começou recebendo em torno de R$ 20 mil por mês. Em um comprovante, o valor chega a R$ 100 mil. O dinheiro era repassado à empresa da mulher do militar, que respondia pela organização. O dono da empresa, suspeito de financiar o garimpo ilegal, foi preso nesta terça-feira (27), em Rondônia, durante a operação.
O militar serviu em Manaus de janeiro de 2020 a julho de 2021 no subcomando do Batalhão de Selva do Exército e continuou a vender informações mesmo depois de transferido para o Paraná. Ao menos três operações da PF foram prejudicadas pelo vazamento de informações.
O Jornal Nacional também teve acesso a áudios da investigação. Em um deles, o tenente-coronel avisa sobre uma operação na tríplice fronteira: Brasil -Colômbia -Venezuela.
“Eu acabei de falar aqui com o meu camarada e a missão da Segunda Brigada, que é do pessoal de São Gabriel da Cachoeira, realmente está subindo o rio naquela direção. Seria bom ele sair de lá por enquanto, tá? E aí quando ele puder voltar, eu aviso”, diz Abimael Alves Pinto.
A PF está investigando se outros agentes públicos e militares também participaram do esquema. Os suspeitos devem responder a crimes como usurpação do patrimônio da União, danos ambientais, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
“É uma prática extremamente prejudicial. Visto que a região de Japurá é de difícil fiscalização por questões geográficas. E quando a gente consegue realizar, organizar operações que são extremamente caras para aquela região, ainda acontece a venda dessas informações e acabam prejudicando e ainda colocando em risco as equipes que estão no local”, lamenta Adriano Sombra, delegado da Polícia Federal.
A defesa do tenente-coronel declarou que o nome do militar foi injustamente envolvido por pessoas inescrupulosas; que o cliente não praticou qualquer ato ilícito; que ele jamais recebeu valores de criminosos para dar informações privilegiadas; e que a esposa dele não tem qualquer participação nos fatos investigados.
O Exército disse que não se pronunciará sobre as investigações.
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