Mercedes-Benz confirma terceirização de operação em Campinas até 2024; medida afeta 500 funcionários

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Mudanças terão início em dezembro de 2023 e têm como objetivo trazer ‘maior eficiência, competitividade e agilidade no atendimento’, diz montadora. Sindicato e federação de metalúrgicos são contrários à decisão. Funcionários da Mercedes-Benz em Campinas (SP)
FEM-CUT/SP/Divulgação
A Mercedes-Benz anunciou a terceirização da distribuição de peças de reposição e remanufatura na unidade de Campinas (SP) até o fim de 2024. A medida, que afeta cerca de 500 trabalhadores, foi confirmada pela montadora ao g1 nesta segunda-feira (26).
Segundo a empresa, as mudanças terão início em dezembro de 2023 e têm como objetivo trazer “maior eficiência, competitividade e agilidade no atendimento” aos clientes. Serão afetados, portanto, os seguintes setores:
Central de distribuição de peças de reposição: atividades passarão a ser realizadas por empresa terceirizada em Itupeva (SP). A transição deste processo acontecerá de dezembro de 2023 a março de 2024.
Atividades de pós-vendas e outras funções administrativas: serão transferidas para São Bernardo do Campo (SP) no primeiro semestre de 2024.
Linha de remanufatura de peças: será terceirizada até o final de 2024.
Em nota, a empresa ressaltou que busca solução para “minimizar os impactos da decisão” em relação aos colaboradores e que pretende iniciar as negociações com o sindicato para a construção de “alternativas e condições satisfatórias que nos levem ao melhor resultado possível para todas as partes envolvidas”.
“Esclarecemos que todas as mudanças estruturais da Mercedes-Benz não deverão impactar o atendimento aos nossos clientes de caminhões e ônibus em todo o Brasil. Pelo contrário, vão nos ajudar a melhorar a performance de nossos times e seguiremos dedicados a entregar os nossos melhores produtos e soluções em serviços”, diz o texto.
O que diz o sindicato?
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Sidalino Orsi Júnior, uma assembleia foi realizada com os trabalhadores nesta segunda-feira (26) e há uma rodada de negociação com a empresa agendada para quarta (28).
“A terceirização é a precarização mais acentuada sobre os trabalhadores, porque deixa o setor patronal com uma situação mais favorável para ampliar seus lucros, pagando menos salários e dando menos direito. Esses companheiros de empresas terceirizadas infelizmente sofrem com o descaso das políticas de saúde e segurança das empresas”, afirma.
Segundo Orsi, os dois setores afetados pelas mudanças – de logística e venda de peças e remanufatura de câmbios, motores e periféricos – são essenciais para as atividades e lucro da empresa. Com a terceirização, a estimativa do sindicato é de que a montadora tenha uma economia de 70% com o pagamento de salários.
“Para nós, é uma reestruturação usando o falso argumento de crise econômica para querer demitir todo mundo e se livrar dos estáveis. […] Os trabalhadores estão preparados para, se tiver que fazer greve, fazer greve; se tiver que fazer passeata, fazer passeata. Estamos denunciando e pedindo urgência para que os governos municipal, estadual e federal atuem nisso”, destaca.
Nota de repúdio
A diretoria da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) emitiu, na sexta-feira (23), uma nota em que afirma repudiar a “decisão unilateral e a postura da direção da fábrica, que optou primeiro por comunicar a decisão aos trabalhadores e, só após isto, procurar o Sindicato para negociar”.
“A direção da Mercedes não demonstra nenhuma sensibilidade ou responsabilidade com os trabalhadores, pais e mães de família que tiram o seu sustento do trabalho e são os grandes responsáveis pela produção da empresa”, prossegue o texto.
A nota afirma que as entidades sindicais filiadas à FEM-CUT/SP “sempre buscaram alternativas para os momentos de crise e para as mudanças no mercado”, e que tanto a federação, quanto os 13 sindicatos filiados no estado de São Paulo estão à disposição para apoiar no processo.
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