Após depoimento de mais de 8 horas, Silvinei diz que falou a verdade à CPI; para relatora, ele pode depor de novo

Ex-diretor da PRF é suspeito de ter usado estrutura da corporação para prejudicar eleitores de Lula. Silvinei foi o primeiro a ser ouvido pela CPI. Relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), em entrevista à imprensa nesta terça-feira (20).
Reprodução/TV Senado
Após prestar um depoimento de mais de 8 horas e meia à CPI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques disse que falou a verdade à comissão.
Por outro lado, a relatora da CPI, Eliziane Gama (PSD-MA), concluiu que Silvinei mentiu e que, embora tenha ido embora para casa, pode ser chamado a prestar um novo depoimento à comissão.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Silvinei é suspeito de ter usado a estrutura da PRF para prejudicar a ida de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação do segundo turno de 2022.
Levantamento divulgado pelo Ministério da Justiça sobre as ações da PRF na data mostra, segundo o ministro Flávio Dino, uma “atipicidade” na fiscalização de ônibus.
O relatório aponta que o Nordeste concentrou as fiscalizações da PRF. Na região, Lula apresentava maior intenção de votos em relação a Bolsonaro.
“Saio muito feliz. Cansativo, quase 15 horas de depoimento. A gente conseguiu responder a todas as perguntas, sem exceção. A gente trouxe a verdade e trouxemos informações para senadores e deputados da oposição, do governo. Acredito que a partir de hoje eles terão uma visão diferente do que aconteceu”, declarou Silvinei a jornalistas ao deixar a CPI.
Questionada sobre como avaliou o depoimento, Eliziane afirmou que Silvinei poderá voltar a depor, caso a comissão ache necessário.
“Eu acho que é um prejuízo que temos ao receber alguém que é convocado e ao mesmo tempo não estamos com todos os elementos. Mas, enfim, faz parte do processo. CPI tem prazo e por conta dessas datas você tem que correr. […] Ele fez um depoimento hoje, […] mas poderá voltar aos trabalhos da CPMI se julgarmos, de fato, necessário”, disse.
Entre outros pontos, Silvinei Vasques disse que:
se errou, vai ‘pagar’, mas que está com a consciência ‘tranquila’;
ação pós-eleitoral;
relação com Bolsonaro;
pedido de voto a Bolsonaro;
e suposta agressão em abordagem em SC.
Divergência sobre mentira
Para a relatora da CPI, Silvinei Vasques mentiu durante o depoimento.
“O depoimento de hoje foi muito importante. A gente viu ao longo de todo o processo ele tergiversando, mentindo e tentando desviar o foco principal da pergunta. Às vezes se fundamentando em palavras muito pequenas para não tentar responder no objeto específico de fato das nossas perguntas”, disse a senadora.
Indagado sobre o assunto, o presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), afirmou que, para ele, não houve mentira por parte de Silvinei.
“Claro que não mentiu. Claro que não mentiu. A senadora Eliziane fez uma pergunta, é uma questão semântica. Na resposta que foi dada, eu entendi que não houve mentira”, declarou.
Arthur Maia acrescentou ainda que não usará o poder de presidente da CPI para mandar prender as pessoas “por qualquer motivo”.
Se uma pessoa promete dizer a verdade à CPI, e o presidente da comissão conclui que ela mentiu, pode determinar a prisão – a exemplo do que aconteceu na CPI da Covid, quando o presidente Omar Aziz determinou a prisão de um ex-diretor do Ministério da Saúde.

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