Brasileira é premiada nos EUA por lutar contra a exploração de trabalhadores

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Pureza Lopes Loyola é a única brasileira a receber o prêmio ‘Heróis no combate ao tráfico de pessoas’. No Brasil, o número de resgatados em trabalho semelhante à escravidão é o maior em 12 anos para um primeiro semestre. Brasileira é premiada nos EUA por lutar contra a exploração de trabalhadores
De janeiro a junho de 2023, o número de pessoas resgatadas de trabalho semelhante à escravidão no Brasil foi o maior em doze anos para um primeiro semestre. E uma brasileira que se tornou símbolo no combate à exploração de trabalhadores recebeu nesta quinta-feira (15) mais um reconhecimento internacional.
Pureza Lopes Loyola recebeu o prêmio das mãos do secretário de Estado americano Antony Blinken. Ela é a única brasileira a receber o prêmio “Heróis no combate ao tráfico de pessoas” desde a sua criação, em 2004.
Pureza se tornou referência mundial depois que seu filho Abel desapareceu. A história foi contada em filme protagonizado por Dira Paes. Abel foi trabalhar no garimpo, mas em 1993 passou meses sem mandar notícias para a mãe. Foi aí que Pureza resolveu sair do Maranhão e ir procurá-lo. Saiu com a roupa do corpo e uma informação: Abel tinha ido para o Pará.
No caminho, visitou grandes fazendas. Foi lá que descobriu a história dos trabalhadores que derrubavam a floresta para transformar em pastagem. Os empregadores confiscavam os documentos de identidade e os tornavam dependentes do trabalho para conseguir comer – vínculos análogos à escravidão. Pureza ouviu relatos dramáticos de pessoas que poderiam ser mortas se tentassem se rebelar ou fugir.
Ela entrou em contato com o Ministério do Trabalho e começou uma campanha que rendeu o prêmio desta quinta-feira (15).
Nas palavras de Cindy Dyer, responsável pelo combate ao tráfico de pessoas do departamento de Estado, Pureza recebeu o prêmio por ter defendido, ela mesma, seu filho e outros que sofreram trabalho forçado; por ter conseguido documentação, evidências e testemunhos para mostrar a gravidade das condições de exploração do Brasil rural; e por ter iniciado um movimento nacional que levou o governo brasileiro a tomar atitude e estabelecer unidades móveis de inspeções para aumentar a identificação das vítimas.
Na tarde desta quinta (15), depois da premiação, Pureza, ainda cansada da viagem, topou conversar com o Jornal Nacional.
“Eu estou viva. Eu não uso faca, eu não uso ferro nenhum. E venci toda essa batalha no meio de tanta gente ruim. O que eu desejo é que Deus olhe para o Brasil, porque no Brasil é só o Brasil mesmo porque é bom, é maravilhoso nosso país, tem tudo que precisamos. É uma delícia”, diz Pureza Lopes Loyola.

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