Vizinhos e familiares de mortos em temporal no RJ cavaram com as próprias mãos para tentar achar vítimas


Duas das vítimas do temporal moravam em Japeri. A terceira é uma idosa que morreu em um deslizamento de terra em Barra do Piraí. Vizinho conta que chegou a cavar área de deslizamento de terra para encontrar vítima
Familiares e vizinhos tentaram salvar as vítimas do temporal que atingiu o Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (21). Eles relataram que chegaram a cavar com as mãos os locais dos deslizamentos de terra. Pelo menos 3 pessoas morreram. Duas das vítimas moravam em Japeri. A terceira vítima é uma idosa que morreu em um deslizamento de terra em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
Ana Carolina Sodré, de 24 anos, morreu soterrada no bairro Chacrinha após a queda de um barranco. Os vizinhos chegaram a abrir um buraco na parede em busca dela e do marido. Ela tinha cinco filhos.
“Uns amigos vieram, quebramos a parede para salvar as crianças. Nós os entregamos para os vizinhos, porque primeiro as crianças. Aí voltamos e eles estavam soterrados. Foi uma tragédia, muito rápido”, contou um vizinho.
Ana Carolina chegou a ser retirada com vida, mas não resistiu aos ferimentos.
“A gente tentou tirar. Cavamos com as mãos e com a enxada. Infelizmente, não deu”, disse o vizinho.
Ana Carolina Sodré, de 24 anos, morreu soterrada em deslizamento em Japeri
Reprodução/ TV Globo
Mãe tentou resgatar filhos
Em outro ponto de Japeri, os irmãos Jade e Caleb Jefferson Costa foram soterrados. O menino morreu. A mãe dele contou que tentou resgatá-lo da chuva.
“Estava tudo alagado e eu os coloquei no alto. Para sair dali era difícil, que eu sou baixinha. Eu pedi ao meu esposo, que é alto. Eu coloquei a menina, que é maiorzinha, no colo dele. E ele, eu peguei no meu colinho e viemos e botei aqui. Fui ajudar a outra família, que a casa dela também tinha caído. Eu cheguei aqui e tinha tudo caído”, disse Cristiane Veloso, mãe de Caleb.
Ela contou que, após a casa da família alagar, as crianças foram levadas para a casa onde mora um parente. Quando o casal saiu para socorrer a mãe de Cristiane, um deslizamento atingiu o imóvel.
Calebe Jefferson Veloso Costa
Reprodução/TV Globo
Emocionado, o avô do menino disse que a tragédia poderia ser pior.
“Muito abalado, porque são anos nessa luta, foram diversas enchentes. Eu tenho muito a agradecer a Deus. Porque, antes de cair aqui, caiu a parede da minha casa. Eu reuni a família toda para vir para cá, seriam dez pessoas aqui dentro. Quando chegamos aqui, o fato tinha acontecido, o povo já estava na unha, arrancando na unha. Com muita luta conseguimos tirar a menina, mas o menino demorou mais”, afirmou José Carlos Amorim, avô de Caleb.
Quatro deslizamentos de encostas e oito desabamentos de imóveis foram confirmados até o fim da manhã desta quinta pela Defesa Civil de Japeri. Quatro rios transbordaram.
Avô de menino morto em Japeri fala sobre o resgate
Resgate
O auxiliar de logística Marcos Vinícius de Souza Vasconcelos reencontrou nesta quinta-feira (22) a mulher que ele resgatou de uma enxurrada em Nova Iguaçu, durante o temporal que castigou a Baixada Fluminense e o Sul do RJ, na noite de quarta (21).
Berlandia Mendes dirigia o carro com as 2 filhas atrás quando, na Rua Ministro Lafaiete de Andrade, foi surpreendida pela força da água.
O veículo estava prestes a ser engolido pela correnteza quando Marcos, dentro de um ônibus, interveio. Com uma perna, segurou o automóvel pela roda, para então pegar e passar as crianças pela janela para os demais passageiros e, depois, ajudar Berlandia a sair.
Com as 3 a salvo, o carro foi levado pela enchente.
“Esse é o meu anjo, que salvou a minha vida. Deus enviou ele para salvar a minha vida e a vida das minhas filhas”, contou a mulher.
Rapaz reencontra família que ele resgatou de enchente em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense

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