‘O espírito da minha filha vai viver’, diz mãe de jovem que teve órgãos doados após morrer em acidente de moto em Florianópolis

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Mãe de Ana Clara Mendes trabalhou em hospital e falou com filhos sobre o assunto. Jovem teve morte confirmada quatro dias após acidente a um quilômetro de casa. Família de Ana Clara Mendes doou órgãos da jovem após ela falecer por causa de um acidente de moto
Reprodução/Redes sociais
A doação de órgãos já havia sido assunto entre Clarice Aparecida Cabral e os filhos. Ela, que é técnica de enfermagem, já trabalhou no hospital e viu o sofrimento dos pacientes que aguardavam na fila.
Quando Ana Clara Mendes, 19 anos, teve a morte confirmada, na quinta-feira (15), quatro dias após um grave acidente de moto, não houve dúvidas: todos os órgãos dela seriam doados.
“Ela [Ana Clara] disse assim: ‘mãe, quero doar tudo’”, contou Clarice, sobre um dos diálogos entre mãe e filha que levou à decisão.
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Ana Clara caiu da motocicleta a um quilômetro de casa, em Florianópolis, ao voltar da praia, local que adorava. Ela chegou a ser hospitalizada, mas teve a morte confirmada às 18h30 de quinta-feira (15), quatro dias após o acidente.
A mãe, Clarice, e Ana Clara são espíritas. Ela contou como foi o diálogo em que ambas deixaram explícito, uma para a outra, sobre o desejo de doar os órgãos.
“Eu conversava muito com os meus filhos porque, quando eu trabalhava no hospital, tinha uma fila de pessoas sofrendo com hemodiálise, coração, pulmão. Ela [Ana Clara] disse assim: ‘mãe, eu também, eu também quero doar tudo’”, contou Clarice.
Ana Clara Mendes
Redes sociais/ Reprodução
Segundo a mãe, Ana Clara explicou a decisão.
“‘Meu coração vai bater em outra pessoa. Então essa pessoa não gosta de mar? A pessoa começa a gostar de mar. Essas minhas córneas vão para outra pessoa, que começa a enxergar a vida como eu enxergo, que a vida é só gratidão, porque Deus deu uma coisa tão linda para nós, e a gente pode ajudar tanta gente quando a gente morrer, né?’”, contou a mãe sobre o relato da filha.
“Ela adorava o mar, adorava viver. Minha filha era luz, era tudo”, resumiu Clarice.
Branco
A mãe declarou que a conversa foi além da doação de órgãos. “‘Acho que o dia que eu morrer eu quero tudo branco, porque a cor preta, o sofrimento, a negatividade, a pessoa de preto, rezando aquela Ave Maria’”, relatou Clarice sobre os desejos de Ana Clara.
Ana Clara Mendes
Redes sociais/Divulgação
Essa parte também será respeitada na homenagem que a família fará para a jovem no domingo (18). Na mesma conversa, Ana Clara disse que queria ser cremada.
Doação
“A gente fez as vontades dela. A gente doou tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo”, destacou a mãe. “Dessa vida a gente não leva nada. O que a gente leva é o que ela deixou. Amigos, uma palavra de amigo para todos os amigos”, completou.
“Ela era uma menina alegre, não reclamava de nada. Se chovia, ela agradecia. Se estava frio, ela agradecia. Ela era luz, ela foi luz, ela é luz na minha vida. É um anjo assim que não tem explicação”, disse Clarice sobre a filha.
“Às vezes tem pessoas que desencarnam jovens e a pessoa diz ‘eu vou enterrar com tudo porque é tudo dela’. Não é nada dela. Nada é dela. Pessoas, às vezes, famílias são tão egoístas que querem que a pessoa morra com o coração, com as córneas, com tudo. Se puder doar, a gente não vai precisar nada. Em outra dimensão, em outro lugar, o espírito que vive, o espírito da minha filha vai viver”.
As cinzas de Ana Clara serão jogadas no mar. “Ela sempre dizia, olhe para o mar, olhe para a chuva, olhe para a cachoeira, olhe para o mato, que lá eu estarei”.
“O espírito da minha filha vai viver em várias pessoas. Eu não vou conhecer as pessoas porque a lei não permite. Mas ela vai estar vivendo, respirando, batendo o coração, enxergando. Vai estar o rim dela funcionando em muita, muita gente. Isso que me dá a felicidade e a vontade de viver por ela”, resumiu Clarice.
Acidente
Segundo uma amiga da jovem, que não quis ser identificada, a vítima bateu a cabeça no chão durante a queda, enquanto voltava da praia, no domingo (11). Ela trafegava em uma rótula no bairro Açores.
Conforme o Hospital Celso Ramos, onde ela esteve internava, a vítima foi inicialmente atendida por uma equipe aérea dos bombeiros, que a levou até o Centro da capital. De lá, foi conduzida à unidade hospitalar por uma ambulância.
A Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de Santa Catarina (Aacrimesc) emitiu uma nota de pesar por causa da morte de Ana Clara, que era filha de Valdir Mendes, ex-presidente do grupo.
“À estimada família, a Aacrimesc deseja toda força e fé nesse momento de dor e saudade”, escreveu a associação na nota.
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