Chico César fala sobre parceria em novo clipe com Salif Keita: ‘para mim é uma aula, uma lição’

Neste sábado (10), foi lançado o clipe de ‘SobreHumano’, de Chico César e Salif Keita. Ponte musical entre Catolé do Rocha e Mali começou a ser construída antes de ‘À Primeira Vista’, de 1995. Salif Keita e Chico César no clipe de ‘SobreHumano’
Reprodução/YouTube
Chico César lançou, neste sábado (10), o clipe de ‘SobreHumano’, com participação de Salif Keita e gravado em Paris. O cantor e compositor paraibano falou sobre a relação com o malês e a ponte musical entre Catolé do Rocha e Mali, que começou a ser construída antes de ‘À Primeira Vista’, de 1995, quando citou Salif Keita em um verso.
A música ‘SobreHumano’ faz parte álbum mais recente de chico César, o ‘Vestido de Amor’. Para o paraibano, lançar uma canção e um clipe com Salif Keita, é de grande aprendizado, levando em conta a inspiração que o malês é para o paraibano.
“É uma aula, é uma lição como Salif faz essa equação entre uma origem nitidamente rural de aldeia para um som tão potente do ponto de vista do pop, do ambiente das metrópole”, disse Chico.
O cantor e compositor paraibano relata que possui uma relação com Salif Keita há muito tempo e que os dois sempre costumam conversar sobre assuntos relativos aos seus países de origem e a importância da música na crítica social.
“Nós falamos de música, ele me pergunta como está o Brasil, eu pergunto como está o Mali, ou seja, falamos de política, de geopolítica, de colonialismo, de imperialismo, da necessidade de fazer uma música como a nossa, de um modo fora de uma coisa eurocêntrica, que passa por ali, mas traz os assuntos dos lugares de onde a gente vem, traz a nossa crítica à construção colonial do capitalismo”.
Influência de Salif Keita na obra de Chico César
“Quando chegou carta, abri
Quando ouvi Salif Keita, dancei
Quando o olho brilhou, entendi”.
Chico César conta que quando lançou ‘À Primeira Vista’, Salif Keita ficou interessado em saber quem era aquele brasileiro que citava seu nome em uma canção, ao lado de Prince. O músico de Mali chegou a assistir a vários shows do paraibano e os dois dividiram palco em São Paulo.
A influência de Keita sobre Chico vem de antes de 1995. O paraibano relata que a inspiração foi à primeira vista, ou à primeira escuta, e montou sua primeira banda inspirado no malês.
“Quando eu escrevi esses versos [À Primeira Vista], eu já conhecia a sua música seus primeiros discos, a potência da sua música falar para o mundo como afro-diaspórico e já era bastante influenciado por ele no sentido de que quando formei a minha primeira banda com teclado, guitarra, bateria e baixo eu montei porque escutei esses instrumentos na música dele e senti que era possível vindo de um lugar pequeno, de um ambiente rural, fazer um som potente e cosmopolita”.
Assim como Chico César saiu de Catolé do Rocha, no Sertão da Paraíba, Salif Keita enfrentou alguns processos migratórios que estão presentes em sua criação.
“Ele fez vários processos de migração, de sair da aldeia para a capital, aí trabalhou com bandas de baile, bandas de festa, acho que isso já começou a moldar a personalidade que veio a se tornar Salif Keita. E penso que essa ponte que ele faz e que outros africanos também fazem entre a tradição e a contemporaneidade e a modernidade, o acústico e o elétrico, nos ensina muito, acho que é uma bela escola para que nós brasileiros possamos aprender também”.
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