Justiça marca júri popular de acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, vítima de rojão durante protesto em 2014

Dois réus, Fabio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, respondem pelo crime de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe e também pelo crime de explosão. Quase 10 anos depois, primeira sessão do tribunal de júri está prevista para o fim do ano, no dia 12 de dezembro. Quase dez anos depois, Justiça do RJ marca júri popular de réus pela morte de cinegrafista
Quase dez anos depois da morte do cinegrafista Santiago Andrade, atingido por um rojão numa manifestação no Rio, a Justiça marcou o júri popular que irá julgar os dois réus denunciados por homicídio.
As fotos de um colega de profissão registraram o momento em que os protestos violentos que marcaram os anos de 2013 e 2014 terminaram em morte. O cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, de 49 anos, acompanhava a manifestação no Centro do Rio, quando foi atingido na cabeça por um rojão no 6 de fevereiro de 2014.
A morte cerebral foi constatada quatro dias depois.
Colega de profissão registrou o momento em que os protestos de 2013 e 2014 terminaram em morte
Agência Ruptly
Quase 10 anos se passaram, a Justiça enfim marcou uma data para o júri popular dos dois acusados pela morte de Santiago. A primeira sessão do julgamento está prevista para o fim do ano, no dia 12 de dezembro.
Fabio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza foram denunciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima, e emprego de explosivo – e também pelo crime de explosão.
Eles foram flagrados manuseando o rojão antes da explosão. Ficaram presos por um ano, e depois foram soltos por habeas corpus.
O cinegrafista Santiago Andrade teve morte cerebral decretada após passar quatro dias internado
Arquivo Pessoal
Um dos motivos da demora no andamento do processo foi a espera pelo envio dos laudos sobre o conteúdos dos computadores e celulares apreendidos com os réus na época das investigações.
A juíza do caso ainda aguarda a entrega do material pela Polícia Civil.
Santiago Andrade ganhou dois prêmios por reportagem sobre transportes no Rio de Janeiro, e participou de grandes coberturas como a tragédia da Região Serrana do Rio, em 2011.
A filha, Vanessa Andrade, e a viúva, Arlita Andrade, esperavam pelo anúncio do julgamento há muito tempo.
“Eu fiquei muito feliz em ver que agora tem uma data. Agora que essa data seja cumprida porque esses rapazes não mataram só meu marido, eles mataram a nossa família também”, desabafa Arlita.
“Que eles tenham uma pena merecida pelo crime que cometeram como réus e acusados. A gente está até agora preso, acorrentado, num sofrimento que carregamos há 10 anos, esperando por justiça”, desabafa a filha do cinegrafista.
Outro lado
A defesa de Caio Silva de Souza disse que vê com naturalidade a marcação do júri, e que confia na decisão dos jurados.
A defesa de Fábio Raposo Barbosa informou que não concorda com a marcação do júri, porque há provas ainda não incluídas no processo, e que vai estudar as medidas judiciais cabíveis.
A Secretaria de Polícia Civil do Rio afirmou que os procedimentos de perícia solicitados já foram realizados e estão disponíveis para consulta.
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