Polícia Civil investiga ofensa de vereador contra servidora durante sessão da Câmara de Canguçu: ‘neguinha’

Francisco Vilela (Progressistas) foi contatado, mas até a publicação desta reportagem não havia se manifestado. Vereador de Canguçu, no Sul do RS, ofende servidora na Câmara Municipal
A Polícia Civil de Canguçu, no Sul do RS, instaurou um inquérito, nesta quarta-feira (7), para investigar a fala de um vereador durante uma sessão na Câmara Municipal da cidade, em que, referindo-se a uma servidora do município, a chama de “negrinha, puta”. (Veja o vídeo acima)
O vereador Francisco Romeu da Silva Vilela (Progressistas), conhecido como Xico Vilela, não teria percebido que o microfone da sessão estava ligado. A fala ocorreu após uma votação, em que a servidora estava presente. Segundo o delegado Lauro Marcelo Lonardi de Souza, será investigada a suspeita de injúria racial que, neste ano, foi equiparada ao crime de racismo na lei brasileira.
O g1 entrou em contato com o vereador, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
A sessão ocorreu na última segunda (5). Os vereadores haviam votado um projeto que troca a nomenclatura do cargo de auxiliar de enfermagem para técnico na esfera municipal. Cerca de 20 profissionais da prefeitura acompanhavam a sessão, na plateia.
Vereador Xico Vilela (PP) falou as expressões em intervalo de sessão de segunda-feira (5)
TV Câmara Canguçu / Reprodução
A servidora, que prefere não ser identificada, afirma não ter percebido o xingamento no dia da sessão. “No outro dia de manhã de novo, o meu telefone não parou de tocar. As pessoas dizendo ‘escuta direito, porque ele fala o nome de alguém”, diz.
Depois disso, ao ouvir o trecho do vídeo, que foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Câmara, a servidora afirma ter escutado o vereador falar “essa negrinha é puta, puta”. Logo em seguida, ele menciona o nome do pai da servidora. “Aí me dei conta de que era de mim que ele tava falando”.
A servidora relata que não havia discutido com o vereador durante a sessão. “Foi gratuito, porque eu não dirigi a palavra pra ele. Até agora não entendo”. A vereadora Iasmin Roloff (PT), que também presenciou a sessão, usou a tribuna no dia seguinte para repudiar a fala do colega. Em 2021, Iasmin renunciou a um cargo na mesa diretora da Câmara após os colegas vereadores votarem nela para “embelezar” a mesa.
A investigação foi instaurada na Delegacia de Canguçu, após registro de boletim de ocorrência pela servidora. Segundo o delegado, a partir da próxima segunda-feira o vereador e testemunhas serão chamados a depor.
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