Festival DFB reuniu nomes da moda autoral em quatro dias de desfiles e coleções, em Fortaleza

Em quatro dias de programação, o evento reuniu mais de 40 mil pessoas, com programação gratuita. Festival DFB contou com 33 desfiles de moda autoral em Fortaleza.
Roberta Braga/Divulgação
Considerado o maior evento de cultura criativa e moda autoral da América Latina, o DFB Festival encerrou a 24ª edição neste fim de semana. O evento aconteceu entre 31 de maio e 3 de junho e contou com uma megaestrutura em dois pavimentos do Centro de Eventos do Estado do Ceará para comportar 33 desfiles, 23 shows com cantores e Djs, restaurantes, talk shows, palestras e expositores com apresentação de marcas locais.
Em quatro dias de programação, o evento reuniu mais de 40 mil pessoas, com programação gratuita, plural e aberta a todos. Sozinho, o DFB Festival gerou 3,6 mil postos de trabalho, diretos e indiretos. Três vezes mais que a edição anterior. No segmento moda, 33 desfiles embalaram a maior sala da categoria em todo o Brasil. Na cultura, o evento apresentou 23 shows gratuitos, de artistas locais e nacionais.
Incentivando o empreendedorismo e a economia criativa, o Mercado Criativo DFB Festival reuniu 40 expositores, sendo micros e pequenos empreendedores das áreas de moda e design.
Claudio Silveira, organizador do evento, afirma que o DFB é o maior circuito autoral do país que acontece no local certo, na Cidade Mundial do Design. Título concedido a Fortaleza pela UNESCO. E ressalta que tudo que faz parte do evento é uma forma de valorização local.
“Vamos contar com uma baita gastronomia. Todos têm que ter os insumos cearenses, até as bandas cearenses centrais. (…) Quem faz o Dragão são as pessoas, não sou eu. O dragão não é meu dragão. É das pessoas que realmente amam moda, que amam a moda autoral, que amam ser original.”
O Organizador conclui que o evento permanece há 24 anos sem sair do foco, sem deixar de ser autoral e sem fazer releituras de desfiles internacionais. Reacendendo anualmente o espírito da moda local trazendo o movimento necessário para reafirmar o poder das tendências nordestinas.
Envolvimento com o festival
Gomes Ávilla participa do DFB, festival de moda autoral, desde 2009, em Fortaleza.
Acervo pessoal
Gomes Ávilla, designer e comunicador nato, conheceu o evento ainda criança, em 2009, e até hoje não perdeu uma edição, fazendo coleção dos convites dos desfiles.
“A partir de 2013, eu comecei a ter mais contato interno no Dragão, vendo um pouco mais os bastidores, acompanhando com alguns colegas de imprensa. Aí passei a acompanhar desde 2014, oficialmente como imprensa, e o meu contato foi sempre com amigos que desfilavam, amizades que eu fazia com jornalistas, comunicadores. Então foi meio uma coisa de fora pra dentro. Comecei isso como público, depois foi com parceiros, depois foi com outros colegas de imprensa e agora, ultimamente, nesses últimos três a quatro anos, eu estou participando de uma outra faceta, porque o DFB ele permite que a gente tenha muitas facetas dentro. Estou aqui me dividindo, cobrindo o evento, fazendo a cobertura oficial, como eu faço desde 2009, muito antes da blogosfera explodir nas redes sociais, como também eu me permiti desempenhar outros papéis e assessorando estilistas, assessorando projetos, dando aquele toque especial e dando aquela força, aquela parceria.”
O sábado de DFB Festival também contou com a final do “Concurso dos Novos”, desfiles idealizados por alunos de instituições brasileiras de ensino superior e técnico de estilismo e moda, que este ano trouxe estudantes do UniAteneu (CE), IFRN (RN), UFC (CE), UFMG (MG), UNAMA (PA), Unifor (CE), UDESC (SC) e UFCA (CE).
Em primeiro lugar, os vencedores da Universidade Federal do Cariri (UFCA) levaram um prêmio em R$ 10.000,00 mil reais. Intitulada de ‘Autofagia’, a coleção é inspirada pela força transformadora das águas encantadas do Cariri. Suas formas fluidas e cores vibrantes são uma representação da diversidade e da interconexão entre todos os seres vivos.
Talentos da moda
Tema de desfile de Lindemberg Fernandes teve como proposta rever os conceitos de “padrão”, no festival DFB, em Fortaleza.
Renata Braga/Divulgação
Junto com o evento também surgiram grandes nomes. Lindemberg Fernandes vive a moda há 25 anos e participa do DFB há 22 anos. O artista foi descoberto no concurso de novos talentos, organizado pelo festival para que as faculdades apresentem o talento dos seus estudantes. Lili, como é conhecido e reconhecido como nome de peso na moda local, sempre traz em seus desfiles críticas e reflexões vestidas em tendências de moda desfilando um olhar de luta por espaço. Segundo o artista, ele usa a moda para falar de tudo o que foi reprimido na infância, na adolescência, tudo o que eu não pude falar, tudo que não pôde fazer.
“Eu vou falar sobre essa coisa do padrão, que as pessoas têm essa preocupação em ter um padrão para agradar os outros ou para fazer parte de um meio, de um ciclo social. A gente vê muito essa questão nas redes sociais e também nos aplicativos de relacionamentos, né? Porque ali você vê como se fosse um leque de ofertas para você, mas que todos são iguais. Então tem que ter a mesma boca, ter o mesmo dente branco. São todas de academia fitness. E a gente que não é essa cabeça, onde é que eu fico nisso? Quem, não é? A gente acaba se sentindo um lixo, né? Vai tudo para lixo ali, a sua autoestima, seu amor próprio.”
O estilista Vitor Cunha apresentou a coleção “Entre-laços” no festival DFB, em Fortaleza.
Renata Braga/Divulgação
Outro nome, Vitor Cunha, que aprendeu a arte da costura admirando sua avó, também reafirmou sua paixão por moda que já vinha desde a infância quando assistiu os desfiles no evento em 2015. Três anos depois participou da edição do DFB de 2018 como um dos voluntários, até se tornar um dos nomes a desfilar nesta edição em horário nobre com a coleção “Entre-laços”.
“A coleção é uma caminhada marcada por erros e acertos, desventuras e conquistas, mas principalmente por inúmeras conexões em cada processo e em cada passo dado. Na lenda chinesa do ‘Fio vermelho do destino’, conta-se que, no momento em que nascemos, os deuses amarram uma corda vermelha invisível nos tornozelos daqueles que estão predestinados a se encontrar, tornando-os ali, ‘almas gêmeas’. Essa lenda se fixa em nossas mentes e nos faz recordar de todos os laços criados durante nossa caminhada de marca, muitos que se deram de maneira completamente inesperada e despretensiosa, e quase sempre vindos como um sopro de vida para nossa alma”.
Novos talentos
Desfile do professor e designer gráfico Sanderson, estreando no festival DFB, em Fortaleza.
Renata Braga/Divulgação
O professor e designer gráfico Sanderson é apaixonado e autodidata quando se fala de moda. O artista, que estreou nesse ano, acredita que moda é comportamento, cultura, é uma troca mútua de indivíduo e sociedade que deve impactar da melhor forma. Ele participou da seletiva para desfilar com sua coleção na edição deste ano.
“Minha coleção vai mostrar as belezas e as nuances de cada dia. Brinca com elementos da estamparia manual e contemporânea, misturando o tradicional e o novo, resultando num desfile com a cara de um povo que ferve por Fortalezear.”
Shows
DJ KVSH se apresentou no festival DFB, em Fortaleza.
Roni Vasconcelos/Divulgação
A programação de shows do DFB Festival 2023 foi integrada ao espaço de restaurantes e bares e na programação musical, KVSH, DJ reconhecido nacionalmente, encerrou o evento. Em conversa exclusiva, ele contou ao g1 que acredita que a música eletrônica é muito ampla, não só um ritmo de balada. Que é um ritmo democrático e que existe em qualquer lugar. Na periferia, na elite e fica feliz em estar trazendo-o em um dos maiores eventos de moda da América Latina.
“Eu comecei a me apaixonar por moda recentemente. Eu sempre fui meio tímido, muito nerd só usando as roupas básicas, lisa, e a gente como artista tem que se expressar de várias formas. Quando a gente fala de democratizar música eletrônica a gente tem que participar de tudo. Onde tem a moda, onde tem o skate, onde tem a arte”, diz.
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