CPI dos Atos Antidemocráticos: PM responsável por plano de segurança em 8 de janeiro apresenta atestado e depoimento é cancelado; veja calendário

Coronel Paulo José Ferreira iria depor às 15h de segunda-feira (5). Com mudança, único depoimento do dia será do coronel Marcelo Casimiro; ao todo, mês de junho tem cinco oitivas. Policiais em confronto com golpistas em 8 de janeiro, em Brasília, em imagem de arquivo
Reuters via BBC
A presença do coronel da Polícia Militar Paulo José Ferreira, responsável pelo plano de segurança durante atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília, foi cancelada. O depoimento estava marcado para segunda-feira (2), às 15h.
Com a mudança, o único depoimento do dia, às 14h, será o de Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, coronel da PMDF.
O motivo do cancelamento é que o coronel Paulo José apresentou um atestado psiquiátrico para o presidente da comissão, deputado Chico Vigilante (PT). Em nota, a defesa do militar solicitou a remarcação do depoimento, em data a ser definida pela CPI.
Ao g1, o advogado Cristiano de Oliveira Souza afirmou que o coronel Paulo José “está passando por uma forte crise de ansiedade”. “Estima-se que em 15 dias estará à disposição da Comissão Parlamentar”, disse.
O militar ocupava o posto de chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF no dia em que bolsonaristas radicais invadiram as sedes dos Três Poderes. Segundo relatório da Polícia Federal, houve falta de planejamento da Polícia Militar para os atos.
Já o coronel Marcelo Casimiro, que será ouvido na segunda, era comandante do 1° Comando de Policiamento Regional da PM no dia 8 de janeiro. Ele foi nomeado pelo ex-secretário de segurança Anderson Torres e exonerado pelo ex-interventor federal Ricardo Cappelli.
Calendário
O primeiro depoimento do mês de junho foi o do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao todo, quatro outros depoimentos estão previstos para o mês:
5 de junho, às 14h: Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal
15 de junho, às 10h: general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI;
22 de junho, às 10h: Alan Diego dos Santos, preso por tentar explodir um caminhão-tanque perto do Aeroporto de Brasília
29 de junho, às 10h: comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves.
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Veja quem já prestou depoimento e o que disseram:
Fernando Souza Oliveira, ex-secretário executivo de Segurança do DF
Marília Ferreira Alencar, ex-subsecretária de inteligência da Secretaria de Segurança do DF
Jorge Eduardo Naime, coronel da Polícia Militar e chefe do Departamento Operacional da Corporação
Júlio Danilo, ex-secretário executivo de Segurança do DF
Jorge Henrique da Silva Pinto, coronel da Polícia Militar e ex-membro da inteligência da Secretaria de Segurança do DF
Joveci Xavier de Andrade, empresário suspeito de financiar acampamento no QG do Exército, em Brasília
Adauto Lúcio de Mesquita, empresário suspeito de financiar acampamento no QG do Exército
Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PM;
General Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto;
General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Fernando Souza Oliveira
Fernando de Souza Oliveira presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, em Brasília
TV Globo/Reprodução
O delegado Fernando Souza Oliveira prestou depoimento em 2 de março. Ele chefiava a Secretaria de Segurança quando as sedes dos três poderes da República foram invadidas.
Aos deputados distritais, ele afirmou que o plano de segurança elaborado para o dia 8 de janeiro não foi executado pela Polícia Militar do Distrito Federal. Segundo ele, existia um plano de ação integrado, que havia sido discutido e aprovado por todas as forças de segurança e, inclusive, pelo ex-secretário de Segurança Anderson Torres.
No entanto, não houve execução. Ao ser questionado sobre o motivo das ordens não terem sido cumpridas, o delegado disse que não sabia dizer e que ainda não ocupava oficialmente o cargo de secretário de Segurança Pública do DF.
Marília Ferreira Alencar
Ex-subsecretária de inteligência da pasta Marília Ferreira Alencar, na CPI dos Atos Antidemocráticos
Câmara Legislativa/Reprodução
A ex-subsecretária de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal Marília Ferreira Alencar foi a segunda a ser ouvida pelos deputados distritais, no dia 9 de março. Aos parlamentares, ela afirmou que as forças de segurança da capital foram informadas sobre a intenção dos bolsonaristas radicais de invadirem prédios públicos no dia 8 de janeiro.
De acordo com Marília, que é delegada da Polícia Federal e atuou na pasta durante a gestão do ex-secretário Anderson Torres, a inteligência da secretaria identificou “falas adversas” dos bolsonaristas, como sobre a invasão de prédios públicos.
No entanto, ela afirmou que as falas “não tinham coordenação”. Apesar disso, Marília Ferreira Alencar disse que todo material foi repassado às forças de segurança da capital.
Jorge Eduardo Naime
Coronel da Polícia Militar Jorge Eduardo Naime, na CPI dos Atos Antidemocráticos
TV Câmara Distrital/Reprodução
O coronel da Polícia Militar Jorge Eduardo Naime foi ouvido pelos parlamentares no dia 16 de março. Em depoimento, o militar que chefiava o Departamento Operacional da corporação durante os ataques terroristas disse que o Exército dificultou a prisão dos bolsonaristas radicais.
O coronel afirmou aos deputados distritais que estava de licença no dia dos ataques, mas que foi convocado para participar da remoção dos golpistas da Esplanada dos Ministérios. No entanto, de acordo com ele, militares do Exército dificultaram a ação da PM e chegaram a tentar impedir a corporação de entrar nos prédios invadidos.
Naime afirmou também que, após a contenção dos terroristas, ele seguiu para o acampamento em frente ao Quartel General, mas que foi impedido pelos militares do Exército de prender os suspeitos.
O coronel está preso desde o dia 7 de fevereiro, após ser alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), que investiga a omissão de militares no enfrentamento aos vândalos e a suspeita de colaboração com os atos de terrorismo na Esplanada dos Ministérios.
Júlio Danilo
Ex-secretário Júlio Danilo, na CPI dos Atos Antidemocráticos
TV Câmara Distrital/Reprodução
O ex-secretário de Segurança Pública Júlio Danilo prestou depoimento no dia 23 de março. Ele estava à frente da pasta durante os atos de vandalismo em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2022.
Aos parlamentares, ele disse que as forças de segurança da capital fizeram tentivas para desmobilizar o acampamento bolsonarista localizado em frente ao Quartel-General do Exército. No entanto, ele disse que as ações foram frustradas pelo Comando Militar do Planalto.
Jorge Henrique da Silva Pinto
Tenente-coronel da Polícia Militar Jorge Henrique da Silva Pinto, na CPI
TV Câmara Distrital/Reprodução
O coronel da Polícia Militar Jorge Henrique da Silva Pinto foi ouvido na CPI no dia 30 de março. O oficial trabalhava na inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) quando ocorreram os ataques do dia 8 de janeiro.
Aos parlamentares, o coronel afirmou que a pasta recebeu informações sobre possíveis atos na Esplanada dos Ministérios. De acordo com ele, no dia 5 de janeiro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública enviou um documento à SSP sobre um grupo de CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) que planejava a “tomada de poder”.
De acordo com Jorge Henrique da Silva Pinto, em um primeiro momento, os atos convocados pelas redes sociais não foram considerados com “grandes eventos”. A informação, segundo ele, teria sido repassada para o então secretário executivo Fernando de Souza Oliveira, que estava no lugar de Anderson Torres.
Joveci Xavier de Andrade
Empresário Joveci Andrade, durante CPI dos Atos Antidemocráticos
André Duarte/Divulgação
O empresário Joveci Xavier de Andrade, um dos donos da rede Melhor Atacadista, foi ouvido pelos parlamentares no dia 13 de abril. Ele negou ter participado dos ataques às sedes dos Três Poderes, mas entrou em contradição ao ser confrontado com uma foto onde aparece junto a bolsonaristas radicais.
Joveci é suspeito de financiar o acampamento bolsonarista que ficava em frente ao Quartel-General do Exército Brasileiro, além de fornecer transporte para radicais que cometeram os ataques. Após ser confrontado com uma foto dele, onde segura um cartaz contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário voltou atrás e admitiu ter ido ao local.
Adauto Lúcio de Mesquita
Empresário Adauto Lúcio de Mesquita, na CPI dos Atos Antidemocráticos
CLDF/Reprodução
O empresário Adauto Lúcio de Mesquita afirmou que fez três doações “pequenas” para os bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Ele admitiu ainda ter doado R$ 10 mil diretamente para a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a campanha presidencial do ano passado. O empresário negou que tenha sido um dos coordenadores da arrecadação de doações para o acampamento.
Fábio Augusto Vieira
Comandante-geral da Polícia Militar do Distrito, coronel Fábio Augusto Vieira
Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília
O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira foi preso após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele era o responsável pela PMDF quando ocorreram os ataques terroristas aos três poderes e é suspeito de omissão na contenção dos atos.
O militar culpou a falta de planejamento operacional pelos ataques terroristas em Brasília. Quando chegou à praça dos Três Poderes, o ex-comandante-geral afirma que notou diversas falhas de planejamento.
Aos parlamentares, o coronel Fábio Augusto Vieira também disse que, no dia 8 de janeiro, o coronel Jorge Eduardo Naime recebeu uma ligação pedindo para que se retirasse do local.
General Gustavo Henrique Dutra de Menezes
General Dutra, na CPI dos Atos Antidemocráticos
TV Câmara Distrital/Reprodução
O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), afirmou que o Exército tinha uma “estratégia indireta” de desmotivar a presença dos bolsonaristas no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
Ele também afirmou que o Ministério Público Federal e o Militar não deram ordem judicial para desmontar o acampamento.
General Augusto Heleno
General Augusto Heleno, ex-ministro de Bolsonaro
CLDF/Reprodução
O general Augusto Heleno foi confrontado com um áudio sobre uma fala em que ele diz que precisava tomar calmente para evitar que o ex-presidente Jair Bolsonaro tomasse “medidas mais drásticas” contra o STF.
Aos distritais, o general afirmou que a frase foi retirada de contexto e que não passava de “uma brincadeira”.
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