Entenda o projeto que prevê TVs 4K, computadores e outros eletrônicos para escolas em presídios do RJ

Batizado como ‘Projeto Cultura Maker’, a proposta foi desenvolvida pela Secretaria de Educação para as escolas da rede estadual de educação, que incluem 19 unidades de ensino dentro de penitenciárias. Projeto do governo prevê TVs 4K, óculos de realidade virtual, e computadores para internos do Complexo de Bangu
Os deputados do Rio de Janeiro estão debatendo nesta quinta-feira (1) o ‘Projeto Cultura Maker’, que prevê a compra de TVs 4K, óculos de realidade virtual, computadores e outros eletrônicos para escolas do estado. A iniciativa desenvolvida pela Secretaria de Educação contempla também 19 unidades de ensino dentro de penitenciárias.
Câmeras fotográficas profissionais e até videogames de última geração chegaram a ser aprovadas no mesmo projeto, mas a lista foi revista e alguns itens foram vetados. Mesmo assim, a proposta criou polemica.
Programa lançado em 2021
A Secretaria de Estado de Educação do Rio começou a anunciar a chegada do Projeto Cultura Maker em outubro de 2021, quando lançou em suas redes algumas fotos de como seriam as salas contempladas pelo programa.
Propaganda do ‘Projeto Cultura Maker’, que prevê a compra de TVs 4K, óculos de realidade virtual, computadores e outros eletrônicos para escolas do estado.
Reprodução redes sociais
Segundo a secretaria, todas as escolas da rede estadual seriam atendidas. A ideia é equipar as escolas com espaços pedagógicos e recursos inovadores – chamados de “Espaços Maker” ou “Salas Maker”, onde os alunos têm contato com tecnologia, fotografia e produção audiovisual.
“Trata-se de um ambiente de aprendizado que vai permitir aos estudantes a possibilidade de criar, experimentar e compartilhar soluções”, escreveu a secretaria em uma de suas redes.
Durante a elaboração do projeto, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) resolveu aderir e fez uma lista com os produtos eletrônicos que poderiam ser enviados para as 19 escolas em unidades prisionais. Algumas dessas unidades abrigam chefes das principais facções criminosas do Rio.
Entre os itens da lista estavam:
TVs 4k de até 60 polegadas;
laptops;
Câmeras fotográficas de última geração;
Caneta 3d;
Impressora multifuncional laser com wi fi;
computadores;
Óculos de realidade virtual e seus respectivos jogos;
Monitor gamer;
kit teclado e mouse gamer;
Kit chroma key;
Kit de iluminação;
Microfones – lapela e direcional;
Videogame Playstation 5, com jogo Fifa 23.
No dia 30 de agosto de 2022, durante uma reunião sobre o tema, a secretária de administração penitenciária Maria Rosa, solicitou à sua equipe um tratamento diferenciado para aqueles internos matriculados nas escolas. O objetivo seria “assegurar o cumprimento da carga horária estabelecida pela lei n°13.415/2017 que prevê a implantação do Novo Ensino Médio”.
Contudo, para receber as salas especiais e os novos equipamentos, a secretaria solicitou a ampliação de duas unidades de ensino em presídios, o Centro Educacional José Lewgoy, na Penitenciária Moniz Sodré, e o Centro Educacional Theodoro Sampaio, no Presídio Carlos Tinoco da Fonseca. Esse último, inclusive, não oferecia aos alunos presos a modalidade do Ensino do Médio.
Em um documento assinado por Alexander de Carvalho Maia, subsecretário de administração do estado, no dia 2 de fevereiro desse ano, ele descreveu o projeto como um salto de qualidade das escolas nas cadeias.
“Trata-se de um salto de qualidade, que tornará as escolas das unidades prisionais mais atrativas e dinâmicas, e, logo, terão maiores condições de conquistar a atenção dos privados de liberdade, nas atividades pedagógicas aplicadas”, dizia parte do documento.
Risco por acesso à internet
Pouco tempo depois, diretores da Seap alertaram sobre o risco da entrada de equipamentos possibilitam acesso a rede de internet e redes sociais e que poderiam causar transtornos à segurança penitenciaria.
Em um primeiro momento, o superintendente de tecnologia da informação da Seap, Rodrigo Octavio de Brito, se opôs. Contudo, o subsecretário de administração Alexander de Carvalho Maia, insistiu na liberação dos equipamentos.
Depois disso, Rodrigo Octavio mudou de opinião e o subsecretário de gestão operacional da Seap, Rogeri Ferreira da Rocha, deu o aval final para a entrada dos materiais nos presídios.
Após a aprovação, agentes da Seap tiveram acesso à lista de equipamentos que foram autorizados a entrar nas escolas dos presídios e a liberação de alguns itens causou espanto.
Ainda em maio desse ano, meses depois das trocas de mensagens na Seap sobre a liberação dos materiais para o projeto, houve uma retificação na lista.
E o próprio subsecretário de gestão operacional voltou atrás se opondo ao ingresso de “equipamentos que possibilitam captação de imagens e acesso a rede de internet e consequentemente as redes sociais.”
Mais de 50 itens foram retirados da listagem, como por exemplo, câmeras fotográficas profissionais, canetas digitais, notebooks e os videogames.
Contudo, itens como Smart TV de 60 polegadas, óculos de realidade virtual e computadores novos, seguiram na lista.

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