O que funciona e o que não funciona para deixar de roncar? Veja soluções e o que evitar

O g1 ouviu especialistas e listou os principais métodos geralmente eficazes contra o problema, aqueles que só atrapalham e alguns cuja eficácia depende do quadro do paciente. Se você ronca ou vive com alguém que ronca, sabe como é desconfortável a situação. A boa notícia é que existem soluções para acabar com o problema, até mesmo para os quadros mais graves.
Abaixo, clique nas ilustrações para ver o que funciona ou não para parar de roncar. Depois, leia a reportagem a seguir para entender melhor cada ponto.
Esta reportagem é parte de uma série do g1 sobre o ronco, que explica o que causa o ruído; como é feito o “exame do sono, a polissonografia”; quantos brasileiros esperam na fila pelo procedimento; o que são os aparelhos CPAPs e BiPAPs; e quando procurar ajuda médica.
O que pode ajudar?
Tentar perder peso:
Funciona SOMENTE se você estiver acima do peso ou se for obeso e se o seu ronco estiver associado a esses quadros, já que, de modo geral, a gordura acumulada nas vias aéreas dificulta a passagem de ar. Em obesos mórbidos, por exemplo, a incidência da apneia do sono ultrapassa 50%.
A apneia é a causa mais grave do ronco. Ela ocorre quando as nossas vias aéreas se estreitam ao ponto em que chegam a ficar bloqueadas, interrompendo a respiração por alguns segundos.
Por esse motivo, o NHS, o serviço de saúde britânico, recomenda que você leve em consideração praticar exercícios para manter um peso saudável caso identifique sinais de ronco e o seu IMC esteja acima de 25 (sobrepeso).
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Alguns estudos demonstraram inclusive que perder cerca 10% do seu peso corporal pode resultar em uma melhora de 50% nos sintomas da apneia em pessoas com grau moderado de obesidade.
Mesmo assim, por ser uma questão comportamental – e muitas vezes difícil de resolver – Sandra Doria, otorrinolaringologista com especialização em Medicina do Sono e pesquisadora do Instituto do Sono, explica que é preciso levar em consideração o quadro de cada paciente e combinar a perda de peso numa avaliação mais completa.
Não dá para colocar só como tratamento a perda de peso, porque isso pode demorar um tempo para acontecer. A gente sempre precisa pensar em tratamentos em paralelo num paciente obeso que tenha ronco e apneia do sono.
Evitar o consumo de álcool:
Por ser uma droga depressora (que diminui certas funções ou sensações), o álcool causa o relaxamento dos músculos da garganta. Ou seja, a passagem de ar fica mais obstruída por causa da substância.
Por isso, evitar tomar bebidas alcoólicas, principalmente em torno de 4 horas antes de se deitar, pode ser uma boa estratégia.
Evitar fumar:
Fumar aumenta o risco de roncar já que o hábito irrita a garganta, causando seu inchaço. Em função disso, quantos cigarros mais você fumar ao longo do dia, mais propenso ficará a um quadro grave de apneia.
O cigarro inflama o tecido das vias aéreas. De acordo com a Associação Britânica de Ronco, até mesmo o fumo passivo pode causar essa inflamação, aumentando assim o risco de ronco;
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CPAP e aparelhos similares:
São fundamentais para tratar a apneia obstrutiva do sono (AOS) e outros problemas respiratórios mais graves.
O que não funciona?
Dilatadores nasais:
Não solucionam o problema e podem causar outros distúrbios.
João Gallinaro, psiquiatra com especialização em Medicina do Sono pelo Hospital das Clínicas da USP, explica que os equipamentos apenas facilitam a entrada de ar na abertura do nariz, mas não resolvem o problema onde ele está localizado, que é na base da musculatura da garganta.
Por isso, é importante buscar soluções efetivas e não confiar apenas no aparelho.
“Você pode até roncar menos por conta do dilatador, mas vai ter uma série de problemas que ficarão mascarados”, diz Gallinaro.
Sprays de garganta:
Ineficazes contra o ronco, não têm nenhuma comprovação científica.
Alguns produtos no mercado prometem até mesmo acabar com o problema por meio da aplicação de um jato gelado na cavidade nasal, o que também não tem base científica já que o ronco não é influenciado por diferenças nesses padrões de temperatura.
Fita adesiva na boca:
Além de ser uma ideia esdrúxula, não melhora em nada o ronco e ainda traz riscos à respiração, pois interrompe o fluxo natural de ar durante o sono.
O que depende do quadro do paciente?
Evitar tomar remédios para dormir:
Alguns remédios do tipo relaxam os músculos da garganta, piorando o ronco. Converse com seu médico sobre isso para entender o que fazer.
Como explica Alan Luiz Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono na FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), é importante o paciente discutir com um especialista e colocar na balança o que é mais importante nessas situações caso o médico realmente identifique algum tipo de associação do quadro de ronco com o uso dos remédios.
Dormir de lado:
Funciona em alguns casos, mas é uma solução temporária. Em pessoas com sobrepeso, por exemplo, dormir de lado pode não fazer muita diferença.
Muitos roncadores, porém, só roncam quando dormem de barriga para cima, posição que favorece o estreitamento das vias aéreas.
Se esse for o seu caso, tente dormir de lado e use travesseiros para manter essa posição.
Aparelhos orais:
Também são chamados de dispositivos intraorais para a apneia do sono ou ronco.
De acordo com Eckeli, eles são bastante úteis para evitar o ronco leve e em casos moderados de apneia. Apesar disso, precisam ser moldados especificamente para o paciente por um especialista em odontologia do sono.
Isso é importante porque os modelos precisam ser ajustados à arcada dentária, para, assim, evitar problemas de deslocação dos dentes e da mandíbula.
Em alguns casos, eles também podem ser contraindicados.
A cirurgia é indicada somente em alguns casos para desobstrução das vias aéreas superiores.
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Cirurgia:
É indicada somente em alguns casos específicos para desobstrução das vias aéreas superiores, quando o médico especialista em medicina do sono identifica alterações anatômicas que são suscetíveis ao procedimento.
Segundo Eckeli, a uvulopalatofaringoplastia, que envolve a remoção ou remodelação dos tecidos da garganta, era um dos procedimentos cirúrgicos do tipo mais utilizados. Contudo, nos últimos anos, a realização da cirurgia vem sendo cada vez menos comum.
Hoje, embora existam diversas outras técnicas, é preciso lembrar que o paciente deve consultar um especialista para ver se possui indicação ao procedimento, como um médico otorrinolaringologista.
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