Marrocos-Espanha: Corrida armamentista e relações futuras

O Marrocos, a 14 quilômetros da Espanha entre o mar Medirerraneo, separa os enclaves de Millela e Saulta, ainda sob ocupação, e protetorado francês-espanhol, entre 1912 e 1956.

Considera-se um período da história, no qual hoje Espanha ostenta seus efeitos, no norte de Marrocos, para manter seus interesses em relação aos enclaves, Millela, Saulta, ou na Ilha, Leila, territórios usurpados, ou ainda no seu do Marrocos, onde Argélia se posiciona face aos interesses da integração do saara marroquino, via um grupo armado e financiado, separatistas de polisario, localizados nos campos de Tindouf, sudeste da Argélia, desde 1975.

Esta situação leva Marrocos a procurar assegurar a sua integridade territorial, seus limites geográficos e marítimos, bem como contra qualquer contágio no sentido de uma corrida armamentista entre Marrocos e Argélia, o que estende ao Mediterrâneo.

Tal ação faz com que Madrid interessa-se  a compra de mísseis americanos “HIMARS”, para “frear” qualquer desequilíbrio de poder com Rabat.

A plataforma espanhola “Defensa” referiu-se que Madrid  “aproveitou a exposição de uma das principais companhias ‘FEINDEF’,  indústrias militares do mundo, para negociar as mísseis americanos Himars, que Marrocos tem ultimamente adquirido”.

A Espanha, por meio de seu programa de armamento, coloca os mísseis Himars, na vanguarda SILAM, a título de compras militares, além do sistema de lançamento de mísseis brasileiros ‘Astros Avibras’, e o letal lançador de mísseis israelense PLUS”.

Tal situação reflete os ventos de uma nova guerra armamentista entre Marrocos e Espanha, cujo título é a corrida às armas americanas, a administração Biden começou a incentivar a fornecer aos seus parceiros estratégicos, desde o início da guerra na Ucrânia, numa lógica de fortalecer as capacidades dos aliados.

Diante disso, a direita espanhola não esconde a sua preocupação para com o exército marroquino que procura modernizar o seu sistema defensivo e ofensivo, obtendo armas avançadas da América e Israel.

O partido espanhol direitista “Vox” apresentou uma proposta de lei, em 2020 , chamando para incrementar o orçamento de defesa, fazer face à campanha armamentista liderada por Rabat, mas tal proposta não foi adiante e, sem resposta por parte do governo Sánchez.

Hoje, dadas as repercussões internacionais e as crises regionais, provocações do regime militar argelino e suas ligações, fazendo com que o governo socialista levante o dossiê da competição militar com Rabat.

Doutrina de Franco

Os acordos de armamento que o Reino de Marrocos pretendeu, em termos de armas muito avançadas e para os exércitos de forma profissional, isso preocupou a classe militar do vizinho espanhol, vinculado a uma corrida armamentista inexistente.

Tais preocupações  de Madrid são ligadas a situação de segurança em torno das cidades ocupadas,  Ceuta e Melilha, objeto da instalação de uma base militar marroquina, o que Madrid procura assegurar de forma a não ter nenhum desequilíbrio militar com Rabat.

A elite militar espanhol difere da classe política, a primeira continua presa  a uma ideologia franquista, comportamento agressiva contra os interesses do Marrocos, como adversário e concorrente, apontando o militar de Marrocos, um verdadeiro perigo, enquanto a classe política, apesar da diferença, detém uma visão  progressista e ideológica.

Assim as crises entre Marrocos e Espanha muitas vezes são de ordem militar; uma vez que as negociações e debates políticos sempre acabam s dissolvendo o dilema, graças as relações diplomáticas, um meio transitório, para as crises militares, caso da crise da Ilha Leila, 2002.

Hoje os esforços da Espanha são engajados, para reduzir e minimizar a lacuna militar com Rabat, sobre os mísseis Himars.

Os Estados Unidos da América, por sua vez, consideram o Marrocos um aliado de primeiro plano na região, levando Washington a posicionar diante de qualquer fornecimento de mísseis HIMARS a Madrid.

Corrida armamentista inexistente

A questão que volta é: por que  Madrid e Rabat  devem recorrer a uma corrida armamentista?

Os dois países, Marrocos e Espanha, compartilham além de tudo, pontos positivos que negativos, a infraestrutura de segurança e defesa militar ou ainda exército são motivos da resguarda da soberania e integridade territorial, e não de provocação ou qualquer crise de envenenamento das relações entre os vizinhos,  dada questão de capacitação e fortalecimento da defesa e segurança nacional, em resposta aos desafios regionais.

Finalmente, esta aquisição de mísseis HIMARS pelo Marrocos explica os motivos técnicos do que políticos, sem visar qualquer país da região, a não ser àqueles, separatistas, desequilibradores ou guerreando milícias para a agressão das terras do sul do Reino.

 Assim, as relações entre Madrid e Rabat constituem uma dimensão estratégica, de múltiplos níveis, descartando, portanto, qualquer caráter de corrida armamentista ou de ordem agressiva e conflictual, desalinhado o reforço da consolidação, de amizade e cooperação entre os dois países, em coerência com a última cimeira bilateral, 2022.

 Autor:

Lahcen EL MOUTAQI. Professor universitário-Marrocos

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