São Paulo: 470 anos de histórias pelas janelas da maior metrópole do Brasil

Um desafio secular para a capital, que faz aniversário nesta quinta-feira (25), é encurtar as distâncias entre os mais ricos e mais pobres. São Paulo: 470 anos de histórias pelas janelas da maior metrópole do Brasil
São Paulo completa, nesta quinta (25), 470 anos.
Para quem vem passageiro, é tanta São Paulo que não cabe no para-brisa. Grande na geografia, desigual, segundo a economia, e diversa pela própria natureza. Essa é uma cidade difícil de enquadrar.
Da varanda do apartamento, o arquiteto vê o mundo.
“São Paulo, sim, sempre foi uma janela para o mundo, sempre foi uma cidade aonde o Brasil se integrou com fluxo econômicos, sociais, políticos e culturais. Uma pessoa de uma certa idade já viu a cidade se reconstruir duas ou três vezes da sua janela”, atesta Renato Cymbalista, professor de História do Urbanismo da Fau-USP.
O jurista Carlos Franklin se diz o ” último advogado da República”.
“Quando eu vim tinha muitos advogados. Então, a gente se encontrava no café, se encontrava no almoço, nos restaurantes. Isso diminuiu muito porque muitos foram para Faria Lima e para Avenida Paulista. Então, isso eu sinto saudade”, conta.
As janelas, varandas, sacadas no Centro são testemunhas da história.
“Ali morou o Di Cavalcanti. Esse prédio é do Ramos de Azevedo – mesmo que projetou o Theatro Municipal de São Paulo e aquele prédio é do Niemeyer. Quando ficou pronto, Niemeyer negou que fosse dele. Ele não gostou que mexeram no projeto. Precisaram provar com documentação”, revela Franklin.
Algumas frestas são traumas. E ainda ontem, as venezianas dos hospitais guardavam as cenas da maior de todas as crises sanitárias. Sobrevivemos nas nossas vidraças.
De lá pra cá, se multiplicaram cidadãos em situação de rua. Sem eira, beira… Que dirá janela. Para a arquitetura, janelas são símbolo de troca entre o fora e o dentro, o público e o privado. Se é assim, quem estuda a cidade diz que São Paulo está mais aberta com a democratização de alguns espaços urbanos e mais fechada com a possibilidade de profissionais qualificados trabalharem de casa, deixando a rua para a parcela mais vulnerável da população. Está aí um desafio secular para a capital nos 470 anos: encurtar as distâncias entre os mais ricos e mais pobres.
Mas nesse cenário, no vai e vem de longos trajetos, no emaranhado de esquinas e cruzamentos, tem sempre o contratempo, a brecha, a bicicleta que quebra, desanda a rotina e leva ao encontro.
“Com aquela desconfiança inicial dos 10 segundos, mas depois a gente acaba acolhendo. Vem tomar um café com a gente, comer um pãozinho francês, quentinho da padaria. A nossa prosa é grande também. Vocês estão aqui na minha casa. Então, tá super… Eu sou bem receptiva e acredito que os outros paulistanos também são”, diz a analista de recursos humanos Thuany Soares Batista.
A Thuany começa a carreira enxergando longe.
“Aqui na Avenida Paulista, a gente tem diversidade de empresas de segmentos diferentes. Eu vim para trabalhar, porque de fato a gente tem muita oportunidade aqui dentro”, afirma.
São Paulo é cidade com vista pro futuro.
“Talvez a gente esteja em um dos momentos mais democráticos mesmo da existência da cidade, dos espaços públicos, das redes de transporte. Tenho visto uma cidade que aponta pra diferentes sentidos aqui desta janela”, diz Renato Cymbalista, professor de História do Urbanismo.
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