‘Estava apertando cada vez mais meu pescoço; estava faltando ar’, diz ambulante que levou ‘mata-leão’ de seguranças, no DF

Abordagem foi gravada por testemunhas, nesta terça-feira (9). Metrô disse que ação de seguranças foi necessária porque homem resistiu. Seguranças do Metrô dão ‘mata-leão’ em homem que tentava vender produtos em trem, no DF
O ambulante que foi imobilizado com um “mata-leão” de seguranças da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), na terça-feira (9), conta que tentou entregar as mercadorias que carregava na mochila, mas, mesmo assim, sofreu a abordagem.
“Quando o trem saiu, ele já [disse]: ‘bota a mochila no chão aí, bota a mão na cabeça e cara na parede’. Estava apertando cada vez mais meu pescoço, estava faltando ar. Foi a hora que eu comecei a pedir socorro”, disse.
Testemunhas registraram o momento da abordagem, na estação Praça do Relógio, em Taguatinga (veja vídeo acima). É possível ver quando os seguranças imobilizaram o homem, de 24 anos, contra a parede e, em seguida, deram um “mata-leão” com o homem no chão. Ele gritava por socorro.
Em nota, o Metrô-DF disse que foi “necessário o uso de força escalonada” devido à resistência do homem durante a abordagem. Ainda segundo a companhia, “a orientação [aos seguranças] e o recurso de imobilização é o último a ser usado”.
Denúncia
Seguranças imobilizam homem pelo pescoço no metrô do DF
Reprodução
Ao ambulante, que preferiu não se identificar, os seguranças disseram que haviam feito uma denúncia sobre a venda de mercadorias no trem. No entanto, ele nega que vendia as trufas, que garantem seu sustento, no dia da abordagem.
“Eu tinha acabado de embarcar e estava no meu primeiro trem”, conta o homem. Ele afirma que estava indo para Águas Claras, onde venderia os produtos na rua.
Após ser abordado, o ambulante conta que foi levado para uma sala na estação do Metrô, onde entregou as 96 trufas que estavam na mochila. Nesta quarta-feira (10), ele não trabalhou por receio de ser abordado novamente.
“Eu fiquei mais envergonhado pela situação, todo mundo olhando, a exposição. Fique mais envergonhado do que com medo”, conta.
De acordo com a Polícia Civil, o homem foi preso por desacato, desobediência e ameaça. Ele foi levado para 12ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga, onde assinou um termo circunstanciado e foi liberado.
Abordagem
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF (CLDF) pediu explicações à direção do Metrô sobre o possível excesso de força durante a abordagem. O documento também foi enviado à Secretaria de Segurança e ao Ministério Público do DF.
Para a Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), a abordagem foi abusiva.
“Precisa ser analisado dentro de suas peculiaridades, já que se trata de uma área de segurança regulada por legislação própria. Os excessos que o vídeo mostra precisam ser investigados e eventualmente os seguranças responsabilizados”, afirma Paulo Maurício, secretário-geral da OAB-DF.
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O que diz o Metrô-DF
“A Companhia do Metropolitano do Distrito Federal informa que, por volta das 17h30, houve uma solicitação ao Corpo de Segurança Operacional por meio de denúncia para verificação de prática de comércio irregular no interior do trem. Após identificação, o Corpo de Segurança solicitou que o envolvido se retirasse do trem para concluir a ocorrência e fazer o registro do comércio irregular. Em seguida, foi solicitado que mostrasse a mochila. Ele se recusou, ofereceu resistência, desacatou e ameaçou os empregados, sendo necessário o uso de força escalonada para sua imobilização. O envolvido foi encaminhado para a 12ª Delegacia de Polícia para registro do flagrante.
O CSO trabalha primordialmente com orientação e o recurso de imobilização é o último a ser usado.
Importante salientar que, em casos de resistência, naturalmente o envolvido tende a forçar para sair da imobilização. Por isso, a utilização de técnicas para evitar desdobramentos, pois houve ameaça. Todos os empregados do Corpo de Segurança Operacional são treinados para atuar com técnicas de defesa e imobilização para proteção própria e de terceiros, utilizando o gradiente de força para vencer a resistência do envolvido para posterior encaminhamento e providências da autoridade competente.”
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