Cooperativas se unem para investir em tecnologia e conquistar mercado: entenda o que é a intercooperação

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Há sete anos, Frísia, Capal e Castrolanda criaram a Unium, marca institucional que soma o trabalho das cooperativas dos Campos Gerais do Paraná. Farinha de trigo está entre produtos que são comercializados em conjunto pela Unium
Castrolanda/Reprodução
Cooperativas agrícolas com sede nos Campos Gerias do Paraná se uniram em um modelo de negócio chamado intercooperação.
O intuito é que elas tenham mais força de investimento, mais acesso ao conhecimento técnico, mais capacidade de conquista de mercado e ainda mais condição de enfrentar problemas que sozinhas elas não conseguiriam ultrapassar.
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O Paraná é o segundo maior produtor agrícola do Brasil, perdendo apenas para o Mato Grosso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos exemplos de intercooperação do estado uniu, em 2017, produtores vinculados às cooperativas Frísia, Capal e Castrolanda. O resultado do trabalho gerou a marca institucional Unium.
Para as cooperativas, investir no modelo garantiu maior valor agregado à produção dos cooperados e viabilizou mais investimentos, como em tecnologia e competitividade.
“O que percebemos é que nossos índices de produtividade agrícola são maiores que as médias de mercado, e as cooperativas da Unium têm uma das maiores médias de produção de leite do Brasil por animal”, destaca Auke Dijkstra Neto, gerente executivo de Estratégia e Inovação da Frísia.
Além disso, juntas as cooperativas não concorrem entre si.
“A união de vários produtores de diferentes tamanhos é o que faz a cooperativa ser forte […] [Essa união] dá escala, acesso a novos mercados, capacidade de investimento e poder de negociação”, explica Auke.
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Produtores aprovam o modelo
Silvio Luiz e Mara Regina citam qualificação, assistência técnica e negociação entre os benefícios oferecidos pelas cooperativas
Arquivo pessoal
Entre os cooperados da Capal, que integra a Unium, está o casal Silvio Luiz e Mara Regina. Eles têm uma pequena propriedade de agricultura e pecuária leiteira.
Silvio conta que decidiu se tornar um cooperado em busca de um acompanhamento confiável e profissional de assistência técnica para desenvolver sua atividade no campo.
“A questão da assistência técnica agrícola e pecuária foi fundamental para eu ter mais produtividade. Nesse campo é onde eu tinha muitas dificuldades, quando plantar, quais insumos utilizar, então fizemos um planejamento e seguimos ele.”
Para Silvio, outro ponto positivo de ser um associado é o auxílio que os produtores recebem para a entrada no mercado.
“A cooperativa também facilita a negociação com o mercado, então outro motivo decisivo para me tornar um cooperado foi a comercialização do que eu produzo, porque essa parte é muito difícil e arriscado de fazer sozinho.”
Na avaliação do presidente executivo da Capal, Adilson Roberto Fuga, as cooperativas desempenham um papel fundamental na promoção da assistência técnica, na melhoria da produtividade e na introdução de novas tecnologias no campo.
“As cooperativas proporcionam oportunidades de negociação em escala que beneficiam tanto os pequenos quanto os grandes produtores. No caso dos pequenos produtores e agricultores familiares, as cooperativas oferecem condições favoráveis, permitindo que eles se beneficiem do volume movimentado pelos grandes produtores e alcancem preços superiores aos praticados individualmente”, diz.
Cooperativas
O medo de negócio de uma cooperativa consiste em unir aqueles que têm interesses em comum para trabalharem juntos e, desta forma, gerarem vantagens para lidar com as adversidades que não conseguiriam superar isoladamente.
Por trás deste modelo estão mais oportunidades para os cooperados.
O cooperativismo permite, por exemplo, ampliação da produção, divisão do trabalho e por consequência melhor negociação em todo o processo produtivo.
Nas cooperativas não há um chefe; os cooperados decidem os rumos do negócio.
Juntas, as cooperativas que criaram a Unium somam mais de cinco mil cooperados. Separadamente, elas possuem:
Frísia (Carambeí): 1.046 cooperados (Paraná e Tocantins);
Capal (Arapoti): 3,7 mil cooperados (Paraná e São Paulo);
Castrolanda (Castro): 1,2 mil cooperados.
As três cooperativas ainda não divulgaram o balanço de quanto movimentaram de recursos no estado em 2023, porém, em 2022, os faturamentos foram:
Frísia: R$ 7,058 bilhões;
Capal: R$ 4,3 bilhões;
Castrolanda: R$ 7,26 bilhões.
Cooperação também movimenta economia do Paraná
Também nos Campos Gerais, uma outra intercooperação resultou na criação da Maltaria Campos Gerais, em Ponta Grossa. Para o trabalho, se uniram as cooperativas Agrária (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Capal, Castrolanda, Coopagrícola (Ponta Grossa) e Frísia.
Segundo o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), 62 cooperativas agropecuárias paranaenses vinculadas ao sistema abrangem 215 mil produtores cooperados e 117 mil funcionários.
Elas recebem o equivalente a 64% da produção de grãos e 45% da proteína animal no estado.
“As cooperativas agropecuárias paranaenses encerraram o ano de 2023 com um faturamento estimado de R$ 169 bilhões, um crescimento de 8,47%”, destacou Alexandre Amorim Monteiro, analista de desenvolvimento técnico do Sistema Ocepar.
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