Relógio do Juízo Final mantém mundo a 90 segundos do apocalipse

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Guerras na Ucrânia e em Gaza, rearmamento nuclear e aquecimento global foram mencionados como principais ameaças. Marca é a mesma do ano passado e a pior desde a criação da ferramenta, em 1947.A humanidade segue neste ano no ponto mais próximo da sua autoaniquilação, segundo o Relógio do Juízo Final – uma ferramenta criada por cientistas para aferir e alertar a sociedade sobre o risco do apocalipse, representada pela meia-noite.

Como ocorre uma vez por ano, o relógio foi atualizado nesta terça-feira (23/01), e os ponteiros marcam 90 segundos para a meia-noite, exatamente a mesma marca que no ano passado, e a pior da história do relógio.

O relógio foi desenvolvido pelo Boletim dos Cientistas Atômicos logo após o final da Segunda Guerra Mundial, e é uma “metáfora de quão perto a humanidade está da autoaniquilação”. Durante os três anos da pandemia de covid-19, ele permaneceu estável em 100 segundos para a meia-noite.

No anúncio desta terça-feira, o Boletim dos Cientistas Atômicos mencionou como principais riscos a continuidade da guerra na Ucrânia, o ataque do Hamas contra Israel e a guerra em Gaza, o fato de países com armas nucleares estarem modernizando seus arsenais e arriscando uma nova corrida armamentista, o aquecimento global e falta de ação para combatê-lo e riscos da inteligência artificial.

O que é o Relógio do Juízo Final?

Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e outros cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan – o programa ultrassecreto de armas nucleares que resultou no lançamento de duas bombas atômicas pelos EUA no Japão – fundaram o Boletim em 1945 em Chicago.

Dois anos depois, eles inventaram o Relógio do Juízo Final. Naquela época, as armas nucleares eram consideradas a maior ameaça à humanidade.

Originalmente fixado em sete minutos para a meia-noite, o mais distante que o relógio esteve do apocalipse foi a 17 minutos para a meia-noite, após o fim da Guerra Fria em 1991.

O Conselho de Ciência e Segurança do Boletim analisa diversos dados para formar uma percepção da gravidade das ameaças globais atuais e decidir o quão perto estamos do fim.

Apesar de ele ter sido criado para alertar sobre a ameaça representada pelas armas nucleares, desde o início dos anos 2000 ele também leva em conta os riscos que as mudanças climáticas e tecnologias disruptivas, como a inteligência artificial, representam para a sociedade.

O Conselho de Ciência e Segurança do Boletim, composto por 17 membros, diz que leva em conta, por exemplo, “o número e os tipos de armas nucleares no mundo, as partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera, o grau de acidez em nossos oceanos e a taxa de aumento do nível do mar”.

O colegiado também considera o quanto os líderes, cidadãos e instituições estão trabalhando para combater essas ameaças.

Qual é o objetivo do relógio?

Os cientistas por trás do Relógio do Juízo Final querem incentivar as pessoas e instituições a agir e mantê-las informadas sobre o mundo em que vivem.

Quando, em agosto de 1945, os EUA lançaram bombas nucleares sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, matando cerca de 100 mil pessoas, deu-se início ao que os cientistas chamam de era nuclear.

Considera-se que os cientistas perceberam ali que haviam criado uma arma de destruição em massa, e que o relógio foi uma tentativa de aumentar a conscientização sobre os perigos de deixar as tecnologias sem controle – talvez porque eles se sentissem responsáveis pelo perigo que eles mesmos haviam criado.

Quase 80 anos após sua criação, os cientistas do Boletim dizem que o objetivo do relógio não é assustar as pessoas, mas mantê-las conscientes.

O Conselho de Ciência e Segurança do Boletim afirma que, embora possa parecer que as ações de um indivíduo são inúteis diante da catástrofe sugerida pelo relógio, há coisas que cada pessoa pode fazer para ajudar a retardá-la.

O colegiado incentiva os cidadãos a “estarem cientes” sobre as “tecnologias poderosas que podem destruir nosso modo de vida”. Também afirma que as pessoas devem compartilhar o conhecimento que têm sobre essas tecnologias e ameaças, e incentiva a população a escrever cartas condenando o gasto de dinheiro público em tecnologias de combustíveis fósseis e armas nucleares.

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