Mãe de adolescente escalpelada após cabelo se enrolar em motor de kart fala sobre luta da filha nos quase 50 dias em hospital: ‘Altos e baixos’

Segundo a mãe, recuperação da adolescente com os tratamentos tem evoluído de forma gradual. Parte emocional, no entanto, ainda é delicada. Heloísa Heliodoro abraça a mãe durante tratamento, em Brasília
Arquivo pessoal/Elizabeth Heliodoro
O dia 10 de dezembro de 2023 mudou para sempre a vida da adolescente goiana Heloísa Heliodoro, de 17 anos. A garota foi escalpelada e perdeu 80% do couro cabeludo após o cabelo dela ficar preso no motor de um kart, no Distrito Federal. Segundo a família, são 43 dias internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, para tratamento e muitos altos e baixos.
“Esse período no hospital tem sido de altos e baixos emocionalmente falando. Heloísa é forte e corajosa, está aguentando firme tudo isso, mas é normal que ela tenha dias de desânimo”, relata ao g1 a mãe da adolescente, Elizabeth Heliodoro.
A familiar explica que ainda não há previsão de alta para Heloísa, pois ela continua em fase de recuperação do tecido da região do crânio. Amigos, familiares e até pessoas desconhecidas, que se comoveram com a história da adolescente, enviam flores, presentes e mensagens de carinho para incentivar a jovem.
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“Ela sente muita falta de casa, dos irmãos, dos amigos, da família”, diz a mãe.
Tratamentos
Segundo Elizabeth, a adolescente já passou por vários procedimentos cirúrgicos para recuperar o tecido da região do crânio, pois ele ficou exposto por conta do acidente. Na última quinta-feira (18), Heloísa foi submetida a um enxerto.
Fotos mostram a adolescente Heloísa Heliodoro, de 17 anos, antes e depois do acidente com kart
Reprodução/Redes Sociais e Arquivo pessoal
“Além da dor, a região doadora é grande e isso trará mais uma cicatriz para o resto da vida dela, então ela fica bem abalada. Estamos torcendo para não haver rejeição da área, mas ela tem consciência do estado dela”, diz a mãe.
Além de procedimentos tradicionais, Heloísa também tem sido submetida a um tratamento alternativo, chamado matriz de fibrina, que auxilia no processo de regeneração da região afetada.
A enfermeira pós-graduada em dermatologia Priscilla Sckarlat de Souza diz que o caso de Heloísa é um dos primeiros a ser tratado dessa forma em Brasília e, possivelmente, até no Brasil. A recuperação da adolescente tem sido positiva, surpreendendo toda a equipe médica.
Segundo a especialista, o tratamento funciona como um arcabouço biológico, em que uma membrana tridimensional, composta por plaquetas e células de defesa, liberam várias proteínas que ajudam no processo de regeneração da região aplicada. Entenda como funciona o tratamento.
Apesar disso, não há expectativa médica de que o cabelo de Heloísa volte a crescer. Sckarlat explica que em casos de ferimentos na pele, em que os folículos capilares são arrancados, não há chances de que o fio volte a crescer mais naquele local.
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Relembre o acidente
O acidente foi no dia 10 de dezembro, em uma pista de corridas de kart na região do Paranoá (DF). Heloísa acompanhava o namorado na celebração do aniversário dele, em que o rapaz realizaria o sonho de dirigir um kart. Era a primeira vez dos dois.
“Era um sonho meu, eu sempre gostei muito de carro, de esporte. E era meu aniversário, ela foi comigo, queria participar também”, diz o namorado. Breno Aires.
Heloísa Heliodoro, de 17 anos, foi escalpelada após o cabelo dela ficar preso no motor de um kart
Reprodução/Redes Sociais
Eles receberam uma roupa e capacete, além de orientações básicas sobre como dirigir o automóvel. Mas nada sobre o risco do cabelo da jovem ser puxado, por exemplo. Aos familiares, Heloísa contou que sentiu uma dor muito forte durante a corrida e que tentou parar o carro.
“Ela disse que sentiu apenas uma coisa puxando a cabeça dela, tentou parar o carro e sentiu uma dor muito forte, com a cabeça para trás. Estava só, não conseguiu se levantar. Ela não sabe falar quanto tempo ficou sem ajuda lá, até que uma menina que estava também participando da corrida a viu e correu pra ajudar”, narra a mãe.
Ao g1, os responsáveis pelo Brasília Kart disseram que Heloísa usava os equipamentos de segurança e que a empresa está dando “todo apoio à família”. Elizabeth confirmou que os donos do kart enviam mensagens para saber se a adolescente está bem. Fora isso, também foram ao hospital quando tudo aconteceu, mas não ajudaram com nenhum custo.
A mãe da adolescente também diz que, quando todos no local ficaram sabendo do acidente, ligaram para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas que a ambulância demorou cerca de 30 minutos para chegar e a adolescente ficou muito tempo sangrando.
“Ela disse para mim: ‘Mãe eu preferia ter desmaiado para não ter visto o que vi’. Além de toda a dor, ela viu o que realmente aconteceu”, lamenta a mãe.
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