Comunicóloga de Volta Redonda cria perfil nas redes sociais para dar dicas a celíacos de onde se alimentar de forma segura

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Thayra Azevedo teve a ideia em 2020, quatro anos depois de ser diagnosticada como celíaca, após sentir falta de informações sobre o que comer. No Dia Mundial de Conscientização da Doença Celíaca, o g1 te explica o que é essa doença e como ela se manifesta. Thayra Azevedo, de 34 anos
Reprodução/Arquivo pessoal
Uma comunicóloga de Volta Redonda (RJ) criou um perfil no Instagram para dar dicas às pessoas celíacas de onde se alimentar na cidade e em municípios próximos de forma segura.
Nesta terça-feira (16), quando é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Doença Celíaca, o g1 conversou com a Thayra Azevedo Fernandes de Oliveira, de 33 anos, também diagnosticada com a doença, uma condição autoimune em que o sistema imunológico reage ao glúten (saiba mais abaixo).
Série “Celíacos: Uma vida sem glúten’
Conheça a história da Cristiane, também de Volta Redonda
Thayra é dona do perfil @semglutenvrebm, criado em junho de 2020, quatro anos após receber o diagnóstico de celíaca. O motivo que a levou criar a conta? Falta de informações e de dicas para comer com segurança na cidade em que mora.
“Meu objetivo foi justamente trazer informações sobre esse universo, falar de saúde e da importância dela e dos cuidados e dar dicas e informações sobre o que comer e locais na região que façam comida segura para celíacos e alimentação para pessoas alérgicas”, explicou ela.
É a própria Thayra que procura pelos estabelecimentos ou alimentos sem glúten, mas ela também recebe uma ajudinha de seus seguidores.
Conta criada por Thayra no Instagram
Reprodução/Instagram
“A pessoa fala: ‘ah, Thayra, você já viu esse aqui?’ Aí, eu entro em contato com a pessoa ou no Instagram”, disse ela.
Além de produtos encontrados em diferentes estabelecimentos comerciais, a comunicóloga usa o perfil para divulgar receitas de alimentos feitos em casa com segurança, como bolos e panquecas – comidas que, em quase todas as receitas, são preparadas com ingredientes que têm glúten.
“O Instagram, hoje, funciona como um grande canal de informação. [Quando eu quero] indicação de alguma coisa, eu normalmente procuro no Instagram primeiro. Se eu não achar no Instagram, eu procuro em outros meios”, afirmou Thayra.
Como é celíaca, a comunicóloga também utiliza o perfil como fonte de informação para ajudar outras pessoas que foram diagnosticadas recentemente e estão “perdidas”. Além de relatos pessoais, ela também posta conteúdos retirados de artigos científicos e de publicações feitas por médicos confiáveis.
Embora ajude as pessoas com que tem de conhecimento, Thayra reforça a importância de procurar um médico caso tenha sintomas da doença celíaca. Ela ressalta ainda que não se deve retirar o glúten da alimentação sem que haja indicação médica, pois pode comprometer o diagnóstico.
Somente os exames indicados pelo profissional vão dizer se o paciente é ou não celíaco. Com o resultado positivo, o acompanhamento com um nutricionista também é fundamental para que seja preparado um cardápio seguro para o paciente.
Sobre o diagnóstico
A saga do diagnóstico começou em 2010, quando Thayra tinha problemas intestinais e dores pelo corpo e resolveu procurar um médico. Na ocasião, ela foi diagnosticada com uma “retite inespecífica” que, se não tratada, poderia se tornar um câncer.
“Foi uma situação bem delicada. Eu tratei por dois anos, três, se não me engano, com remédios, com corticoides, tratamentos de imunoterapia e continuei consumindo glúten”, relembrou ela.
Como não houve a retirada do glúten, até porque não havia o diagnóstico de doença celíaca, Thayra engordou e chegou aos 90kg.
“Tenho estrutura larga, mas não justifica o estado em que estava. Enxaquecas diárias, dores constantes, crises alérgicas, dermatites, urticárias, rinites, sistema digestivo em péssimo funcionamento, imunidade despencada. Um belo dia eu disse: basta!”, recordou.
Ela, então, decidiu fazer uma dieta low carb, ou seja, reduziu o consumo de carboidrato e, consequentemente, o de glúten. “Foi o início de uma libertação”, disse.
A descoberta que era celíaca aconteceu em 2016, seis anos depois do diagnóstico inespecífico, após procurar um gastroenterologista. A confirmação se deu através de um exame de sangue.
“Já desconfiava de sensibilidade, mas eu não tinha certeza que eu era celíaca”, afirmou Thayra.
Vida sem glúten
Thayra antes e depois de retirar o glúten
Reprodução/Arquivo pessoal
A partir do diagnóstico, Thayra deixou de ingerir glúten, emagreceu e teve a vida renovada. A doença celíaca não tem cura, mas tem como ser controlada.
“Hoje, é libertador ser glúten free. Exames melhoraram, desempenho, concentração, emoções e, consequentemente, a saúde física e mental. Meu estilo de vida é outro. Meu repertório de vida é outro. Sou um novo ser humano a cada dia”, disse a comunicóloga.
Thayra afirmou que precisou trocar alguns utensílios para que não ocorresse a contaminação cruzada, ou seja, a presença do glúten em algum objeto que tenha sido utilizado na preparação de outros alimentos com a proteína.
E, caso ocorra a contaminação cruzada, Thayra recorre à tripla lavagem dos utensílios, que são lavados por três vezes com trocas de esponjas.
Doença celíaca
De acordo com a gastroenterologista, Mônica Regina Borges Dagfal, a doença celíaca “é uma condição autoimune em que o sistema imunológico reage ao glúten, causando danos ao revestimento do intestino delgado e interferindo na absorção de nutrientes”.
O glúten é uma proteína encontrada no trigo, no centeio e na cevada – cereais presentes em grande parte dos alimentos que consumimos.
QUIZ: Você sabe o que é a doença celíaca?
Dagfal diz ainda que o problema é mais comum em pessoas com ascendência europeia, principalmente em mulheres, e naquelas que possuem outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e tireoide de Hashimoto.
Segundo a também gastroenterologista Lílian Nobre, os sintomas da doença celíaca podem ser vários, como diarreia, distensão abdominal, perda ou ganho de peso, falta de apetite, vômito, anemia, entre outros.
“A falta de informação sobre a doença e dificuldade de acesso aos meios diagnósticos reduzem as possibilidades de tratamento adequado e consequente melhora clínica”, disse Lílian.
No Brasil, não há um quantitativo de pessoas celíacas. Em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1% da população possua a doença.
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